Necrose Hipodérmica e Hematopoiética Infecciosa (IHHN)

Por Franciele Charro
Categorias: Doenças animais
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A necrose hipodérmica hematopoiética infecciosa (Infectious Hypodermal and Hematopoietic Necrosis – IHHN) é uma doença viral de notificação obrigatória para a OIE que atinge os camarões. Esta doença é caracterizada por deformidades no rostro e cutícula (por isto é também chamada de síndrome do rostro deformado). Ocasiona antenas enrugadas, coloração azulada e taxa de crescimento reduzido (nanismo). O agente causal é um DNA-vírus , da família Parvoviridae. Os principais hospedeiros são os camarões Peneídeos (Penaeus monodon, Litopenaeus vannamei, Litopenaeus stylirostris). Até hoje foram descritos 4 Genótipos: Tipo 1, encontrado na América e Ásia oriental (Filipinas); Tipo 2, encontrado no Sudeste da Ásia; Tipo 3A na Ásia oriental, Índia e Austrália; Tipo 3B no Oeste Índico-Pacífico. São vírus altamente resistentes.

Todos os estágios de vida (ovos, larvas, pós-larvas, jovens e adultos) são acometidos por esta doença e o vírus é encontrado em peneídeos selvagens, que são os hospedeiros selvagens. Este vírus tem tropismo por tecidos com origem embrionária ectodérmica e mesodérmica como: brânquias, epitélio cuticular, conjuntivo sub-cuticular, glândula antenal, órgão hematopoiético e órgão linfático. P. monodon é o menos acometido e sua manifestação clinica mais comum é a queda dos índices zootécnicos. L. vannamei normalmente apresenta de forma crônica da doença e o L. stylirostris é o camarão mais acometido, apresentando maior mortalidade.

O animal com necrose hipodérmica e hematopoiética infecciosa dissemina o vírus ao longo de toda sua vida e apresenta uma infecção persistente. Sua transmissão vertical está relacionada a camarões jovens com 35 dias. São essas três formas de transmissão: transovariana, canibalismo ou pela água A forma horizontal de transmissão depende do tamanho e da idade. Jovens são os mais acometidos. A manifestação clínica comum é a diminuição do consumo de alimentos. Uma alteração de comportamento é também observada: os camarões sobem lentamente à superfície do tanque e descem lentamente de ventre pra cima e repetem esses movimentos inúmeras vezes, mesmo chegando a fadiga. São observadas manchas brancas, alguns com coloração azulada e com abdome opaco.

O L. vannamei desenvolve principalmente a forma crônica chamada de “Runt‐Deformity Syndrome” – RDS. É a infecção da larva ou pós-larva, formando deformações de rostro pendendo para direita ou esquerda, deformações no 6° segmento abdominal, antenas enrugadas e cutícula áspera. Ocorre o aparecimento de camarões anões nos cultivos, em decorrência da danificação do tecido conjuntivo subcuticular do qual inibirá seu desenvolvimento.

A prevalência deste vírus é variável: nos locais onde ocorre a presença de animais selvagens ela varia de 26-46%. Em cultivos a prevalência é de 100%, porque a forma de disseminação é muito rápida. A distribuição geográfica é cosmopolita e há relatos na costa Americana do Pacífico (Peru a Norte do México), Ilhas do Pacífico, Leste e Sudeste da Ásia, Austrália, Oriente Médio. Somente a costa Americana no Atlântico é livre desta doença.

Existe uma relação inversa das condições de temperatura da água e índice de mortalidade, quanto mais fria for água maior será a mortalidade. A forma crônica da doença acomete as três espécies. L. stylirostris é caracterizado pela epizootia. Não há prevenção e controle como vacinas e drogas, mas existe seleção genética. Práticas de manejo adequadas como a pré-seleção de reprodutores selvagens ou de ovos por PCR. Uso de espécimes livre de patógeno específico (SPF) e utilizar água e sistemas biológicos seguros.

O diagnóstico pode ser feito por clínico-epidemiológico, microscopia, histopatologia e técnica moleculares como hibridização in situ (ISH), PCR e Dot-Blot. Os critérios de diagnóstico são feitos quando há suspeita de infecção como indicativos da necrose: baixa porcentagem de eclosão, baixa sobrevivência e rendimento de larva e pós-larvas. Observar se no plantel foi usado reprodutores selvagens ou de cultivo. Observar o aumento da mortalidade de L. stylirostris, crescimento desforme e discrepante, rostro pendente, cutículas deformadas e aparecimentos de corpos de inclusão na microscopia. Para confirmar a doença confirmar com PCR, Dot-Blot, hibridização in situ ou sequenciamento.

Bibliografia:
Lu YA, Nadala EC Jr, Brock JA, Loh PC. A new virus isolate from infectious hypodermal and hematopoietic necrosis virus (IHHNV)-infected penaeid shrimps. , 31(2-3):189-95, 1991.

Site: http://www.adab.ba.gov.br/wp-content/uploads/2012/12/artigo7.pdf

Revista de educação continuada em medicina veterinária e zootecnia. http://www.crmvsp.gov.br/arquivo_midia/mv&z_03.pdf

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