A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), de natureza infectocontagiosa, podendo ser adquirida em qualquer fase da vida. O agente etiológico é uma bactéria chamada Treponema pallidum. Na sífilis congênita, a bactéria é transmitida ao feto pela via placentária em gestantes que não tiveram a doença diagnosticada ou naquelas em que o tratamento adequando não ocorreu. A transmissão se dá em qualquer fase da doença e em qualquer período da gestação. A incubação dura de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias. Desde 1986 é uma doença de notificação compulsória. A sorologia para sífilis faz parte da bateria de exames do Pré-Natal.
Vários fatores influenciam o quadro clínico da sífilis congênita: tempo de exposição fetal e virulência da bactéria, carga materna, o tratamento (ou não) da infecção na gestante e o fato da gestante ser portadora do HIV ou de outra causa de imunodeficiência. Dependendo desses fatores, pode ocorrer aborto espontâneo, o feto pode falecer dentro do útero materno (natimorto) e óbito perinatal.
A sífilis congênita se divide em duas fases distintas: sífilis congênita precoce e sífilis congênita tardia. Na sífilis congênita precoce, os sinais e sintomas podem surgir logo após o nascimento e até os primeiros dois anos de vida. Nesta fase, os principais sintomas são: prematuridade, hepatoesplenomegalia (aumento do baço e do fígado), baixo peso, rinite e obstrução nasal. Na sífilis congênita tardia, os sinais e sintomas aparecem a partir do segundo ano de vida e são caracterizados principalmente por: dentes deformados (dentes de Hutchinson), mandíbula curta, cegueira, surdez, dificuldade no aprendizado, hidrocefalia e retardo mental.
O período de infecção da doença é muito variável, e quando há o início do tratamento, a infecção é interrompida e a remissão da doença se dá em poucos dias. Mas as lesões cutâneas quando presentes, não regridem com o tratamento.
O diagnóstico é confirmado com a observação da bactéria em material recolhido de lesões. Quando isso não é possível, realiza-se um exame sorológico utilizando sangue, liquor ou plasma. É a chamada reação de VDRL (Veneral Disease Research Laboratory- Laboratório de Pesquisas de Doenças venéreas). É um teste muito utilizado para o acompanhamento do tratamento, pois o resultado é dado e titulações e com isso pode-se medir a diminuição dos títulos à medida que o tratamento avança. Porém, possui baixa especificidade e gera resultados falso-negativos e falso-positivos. Por este motivo, utiliza-se também o teste FTA-ABS (teste de absorção de anticorpos treponêmico fluorescente). Este teste detecta a presença de anticorpos que reagem à presença do Treponema pallidum. Possui alta sensibilidade e especificidade. Realizam-se também diagnóstico diferencial para outras infecções congênitas como citomegalovírus, toxoplasmose, herpes e rubéola.
Com relação ao tratamento, a droga de escolha é a penicilina porque ela atravessa a barreira placentária. O tratamento deve ser realizado na gestante e em seu parceiro, mesmo que este não possua sintomas aparentes. Durante o período de infecção e tratamento, é recomendado o uso de preservativos pelo casal. Caso haja interrupção do tratamento por qualquer motivo, o mesmo deve ser reiniciado.
Bibliografia:
Soares, JL. Programas de Saúde. Editora Scipione
Tortora, Gerard J. Microbiologia. 10. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2012.
Portaria MS no 542, de 22/12/1986
Secretaria do Estado de Saúde – SES/SP. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev Saúde Pública 2008;42(4):768-72
http://pt.healthline.com/health/exame-de-sangue-fta-abs#Overview1
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/sifilis-congenita/