A síndrome da abstinência alcoólica (SAA) consiste em um grupo de sintomas que um indivíduo apresenta quando há uma interrupção abrupta da ingestão de bebida após o consumo em excesso da mesma por um longo período de tempo.
Esta síndrome é mediada por diferentes mecanismos. O equilíbrio neuroquímico cerebral é mantido pelos neurotransmissores excitatórios e inibitórios. O principal neurotransmissor inibitório é o GABA, que atua através do neurorreceptor GABA-A. Já o principal neurotransmissor excitatório é o glutamato, que tem como neurorreceptor o N-metil-D-aspartato (NMDA).
O álcool leva ao aumento do efeito do GABA no neurorreceptor GABA-A, ocasionando uma excitabilidade cerebral global diminuída. A constante exposição ao álcool (exposição crônica) resulta em uma diminuição compensatória da resposta do GABA no neurorreceptor GABA-A, percebida pelo aumento da tolerância dos efeitos do álcool.
As manifestações clínicas desta síndrome variam desde leve até muito grave, podendo levar à morte. Os sintomas costumam aparecer logo ao acordar, uma vez que há a diminuição da concentração de álcool na corrente sanguínea durante o sono. A severidade da sintomatologia também fica na dependência de fatores como idade, genética e, a mais importante, o grau de consumo de álcool e tempo de uso do mesmo.
Dentre as manifestações clínicas estão:
- Agitação,
- Alucinações;
- Anorexia;
- Ansiedade e ataques de pânico;
- Confusão;
- Catatonia;
- Tremores;
- Fraqueza;
- Depressão;
- Excessiva sudorese;
- Alterações de humor;
- Diarreia;
- Cefaleia;
- Hipertensão;
- Insônia;
- Náuseas e vômitos;
- Palpitações;
- Taquicardia;
- Convulsões e morte.
O diagnóstico da SAA é clínico, sendo feito quando há o surgimento de alguns dos sintomas citados acima, após o indivíduo suspender o uso de álcool, quando o mesmo consome esta substância em excesso por muito tempo. Não existe um exame específico para diagnosticar esta síndrome. Contudo, o médico deve solicitar alguns exames de sangue para verificar os danos causados pelo álcool ao fígado, coração, nervos dos pés, células sanguíneas e sistema gastrointestinal.
Para um diagnóstico correto é imprescindível que o paciente seja honesto com o médico quanto ao exacerbado consumo de álcool.
O tratamento pode ser feito com o uso de fármacos eficazes na gestão dos sintomas, bem como na prevenção de convulsões. Dentre os medicamentos utilizados estão os benzodiazepínicos, anticonvulsivantes, antipsicóticos, barbitúricos, dentre outros. Também se recomenda fazer a suplementação de nutrientes, como vitaminas e certos minerais, pois, comumente, os pacientes que consomem álcool em excesso apresentam deficiência em diversos nutrientes, fato que pode causar complicações graves durante a abstinência de álcool.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alcohol_withdrawal_syndrome
http://www.aafp.org/afp/2004/0315/p1443.html
http://www.2gse.cbmerj.rj.gov.br/documentos/Protocolo%20UPAs%2024h/Cap_6.pdf
http://alcoholism.about.com/cs/alerts/l/blnaa05.htm
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000200006
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/sindrome-da-abstinencia-alcoolica/