Síndrome de Tourette

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Por Débora Carvalho Meldau

A síndrome de Tourette, também conhecida como síndrome de la Tourette (SGT ou ST), é um distúrbio neuropsiquiátrico que caracteriza-se por múltiplos tiques, motores ou vocais, que perdura por mais de um ano e normalmente instala-se na infância.

Foi primeiramente descrita em 1825, pelo médico francês Jean Marc Gaspard Itard, responsável por diagnosticar a afecção na Marquesa de Diampierre. Contudo, foi apenas em 1884 que esta doença foi denominada síndrome de Gilles de la Tourette, quando o estudando de medicina Gilles de la Tourette publicou um relato da patologia.

O número de casos dessa doença tem sido crescente, sendo provavelmente em conseqüência da maior disponibilidade de informações e conhecimentos sobre a enfermidade, por parte das equipes de saúde responsáveis por diagnosticá-la.

Normalmente, a síndrome inicia-se durante a infância ou juventude de um indivíduo, ocasionalmente tornando-se crônica. No entanto, habitualmente durante a vida adulta, os sintomas tendem a amenizar.

Na grande maioria dos casos (80%), a manifestação clínica inicial da doença são os tiques motores. Estes englobam piscar, franzir a testa, contrair a musculatura da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos do abdômen ou outros grupos musculares, bem como outros movimentos mais elaborados, como tocar ou bater em objetos que se encontram próximos.

Também  existem os tiques vocais, que abrangem ruídos não articulados, como tossir, fungar ou limpar a garganta e emissão parcial ou total de palavras. Em menos da metade dos casos, observam-se a coprolalia e copropraxia, que é a utilização involuntária de palavras e gestos obscenos, respectivamente; a expressão de insultos, a repetição de um som, palavra ou frase referida por outra pessoa, que recebe o nome de ecolalia.

O diagnóstico é apenas clínico, sendo baseado nos seguintes critérios:

  • Presença de tiques motores múltiplos e um ou mais vocais durante a síndrome, não necessariamente simultaneamente;
  • Ocorrência de tiques diversas vezes ao dia, quase que diariamente, ou intermitentemente, por mais de um ano;
  • Com o passar do tempo, varia a localização anatômica, o número, a frequência, complexidade, tipo e gravidade do tiques;
  • Início na infância ou adolescência (antes dos 18 anos de idade);
  • Inexistência de outras condições médicas que esclareçam os movimentos involuntários e/ou as vocalizações;
  • Testemunho ou registro de tiques motores e/ou vocais.

Não existe cura para essa desordem, mas há controle. Pesquisas têm evidenciado a importância da utilização de uma forma de terapia comportamental cognitiva, chamada de tratamento de reversão de hábitos. Esta baseia-se no treinamento dos portadores da síndrome para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com o objetivo de revidar com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique.

Alguns fármacos antipsicóticos têm mostrado resultados positivos na diminuição da intensidade dos tiques, quando sua periodicidade se traduz em prejuízo para a autoestima e aceitação social. Em determinados casos, no qual os tiques são bem localizados, pode ser feito o uso da toxina botulínica.

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