A tireoide lingual trata-se de um tipo de tireoide ectópica, na qual há a migração total ou incompleta da tireoide para a linha média da base da língua. Dois terços dos pacientes que apresentam esta condição não possuem tecido tireoidiano na região cervical.
Não se sabe ao certo, até o momento, sua patogênese. Contudo, há relatos de que anticorpos anti-tireoidianos maternos dificultariam a migração da glândula durante a embriogênese para o seu local anatômico normal.
Sua incidência não é muito bem conhecida. Estima-se que esta condição afete de 1 em cada 100.000 mil indivíduos, predominando no gênero feminino (7:1). Possui picos etários, sendo que o primeiro é por volta dos 12 anos de idade e, posteriormente, aos 50 anos de idade. Contudo, pode afetar indivíduos de todas as idades.
Os pacientes geralmente são assintomáticos, podendo manifestar sintomas somente relacionados á disfunção glândulas, como o hipotireoidismo (33% dos pacientes) e, raramente, o hipertireoidismo. Quando os pacientes manifestam sintomas ligados à presença anormal da tireoide na língua, pode ser observada disfagia, disfonia, sangramento dor e sensação de nó na garganta.
O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, como radiografias e exames cintilográficos, juntamente com testes laboratoriais. Outros exames podem auxiliar no fechamento do diagnóstico, como a ultrassonografia e a tomografia computadorizada. O exame histopatológico confirma o diagnóstico, embora a biópsia deva ser considerada com cautela, devido ao potencial de infecção, hemorragia ou a liberação de grandes quantidades de hormônio para o sistema vascular.
A escassez de informações na literatura médica impossibilita concluir com relação a um método terapêutico de eleição. Nos casos sintomáticos, a supressão da tireotrofina, por meio do uso de levotiroxina, é uma opção, bem como para pacientes assintomáticos a fim de prevenir o hipotireoidismo, que poderá ser desenvolvido posteriormente. Quando o tratamento cirúrgico é necessário, em casos de obstrução ou hemorragia causada pela glândula ectópica, ou ainda, quando há a suspeita de malignidade, deve ser verificado se há a presença de tecido tireoidiano em outra região do corpo, pois, após a remoção dessa glândula, o paciente apresenta profundo hipotireoidismo. Existe a opção de remoção do tecido tireoidiano da base lingual e subsequente reimplantação nos músculos da região cervical. Outra opção de tratamento é uso do laser de CO2, utilizado por via endoscópica.
Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-31802004000200007
http://sbccp.netpoint.com.br/ojs/index.php/revistabrasccp/article/viewFile/321/293
http://radiopaedia.org/articles/lingual-thyroid