A Toxocaríase é uma doença causada por cerca de 21 espécies do gênero Toxocara, que são do grupo de vermes (filo dos nematelmintos). Ataca principalmente animais domésticos, em especial cães e gatos. Duas espécies podem infectar os seres humanos através das fezes contaminadas pelos ovos do parasita que são eliminadas pelos animais, sendo classificada assim como uma zoonose.
Toxocara canis e a Toxocara cati são as espécies mais descritas na literatura pois elas infectam os seres humanos e tem como hospedeiro definitivo cães e gatos, respectivamente, ou seja, chega na fase adulta dentro desses animais, mais especificamente no lúmen do intestino delgado. A reprodução do verme ocorre principalmente em filhotes, que faz a barriga ficar inchada deixando o abdômen distendido, causando grande incômodo ao animal fazendo com que ele ande com as pernas afastadas. Também causa desnutrição e se a quantidade de vermes for muito alta o animal pode morrer por obstrução intestinal.
O parasita é disperso espontaneamente através das fezes, podendo liberar cerca de 200 mil ovos nas fezes do cão. Nessa etapa, os ovos ficam no ambiente sem risco de infectar até que este esteja em condições adequadas, como a temperatura de cerca de 15º a 35º C e umidade adequada, sem isso os ovos continuam não embrionados. As formas de contágios são variadas como a ingestão dos ovos, na própria forma larval quando presentes em alguns invertebrados; na forma transplacentária, quando a larva rompe a barreira placentária e passa da mãe para o feto e através da amamentação entre os caninos.
Em seres humanos é muito comum acometer crianças, em especial as pequenas que se encontram na fase oral, que gostam de colocar qualquer objeto na boca, em torno de 2 a 5 anos de idade. O ovo eclode no intestino do ser humano liberando a larva. Como os humanos não são hospedeiros definitivos do parasita, a larva penetra a parede do intestino e migra para várias partes do organismo. Dependendo da parte que é encontrada os sintomas podem variar. Órgãos como pulmão, fígado, massa encefálica, pele e olhos são afetados, podendo causar erupções na pele, aumento no tamanho do fígado, falta de apetite, inflamação nos pulmões e brônquios e febre. Muita das vezes a doença pode aparecer de forma oculta, pois em alguns casos pode ser confundido com bronquite ou uma crise de asma. A forma visceral da doença é chamada de Larva Migratória Visceral (LMV). Quando afeta os olhos a doença recebe o nome de Larva Migratória Ocular (LMO), no qual acomete na maior parte das vezes apenas um olho e em crianças entre 3 a 12 anos causando inflamação e infecção no olho, lesionando a retina, nervos e músculos óticos, deixando o olho avermelhado. Se não tradada pode evoluir para cegueira.
O diagnóstico geralmente é clínico, no qual o médico verifica os sintomas e o histórico do paciente, mas pode ser auxiliado por exames laboratoriais e pela tomográfica computadorizada, observando as lesões em formato de ovo que a larva causa.
A infecção costuma ser autolimitada, ou seja, o próprio organismo elimina o parasita e apresenta sintomas leves ou até mesmo assintomático, mas no caso de agravamento, anti-helmínticos são recomendados para eliminar as larvas e anti-histamínicos para combater a infeção.
Para prevenir a doença é recomendado a higiene adequada onde os animais evacuam, a lavagem das mãos após manipular seus excrementos, realizar a vermifugação constante dos cães. Se possível, acostumar o pet a evacuar em uma área isolada do restante da casa.
Referencias:
https://saude.abril.com.br/bem-estar/toxocariase-tire-suas-duvidas-sobre-esta-doenca/
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572011000200004
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/toxocariase/