Por Ana Lucia Santana
Um número cada vez maior de pacientes percorre os consultórios médicos das mais variadas especialidades sem encontrar respostas para o que sente, submetendo-se a exames os mais diversos, sem descobrir qual, afinal, é o problema que o aflige. Muitas vezes estas pessoas acreditam até mesmo estar enlouquecendo, ou são convencidas por parentes e amigos de que na verdade estão apenas estressados ou, pior, de que desejam somente chamar a atenção.
Elas estão, porém, com uma doença emocional preocupante, conhecida como Transtorno do Pânico, ou Síndrome do Pânico. Embora seja conseqüência de uma crise de ansiedade, ele diferencia-se de outros tipos de inquietações espirituais por sua intensidade e pelos sintomas que desencadeia. Aparentemente, as crises parecem surgir repentinamente, sem causas imediatas. Mas elas estão provavelmente enraizadas em traumas sofridos no passado ou em pressões mais recentes. Infelizmente, a dificuldade de diagnosticar esta e outras perturbações mentais conduz aproximadamente três quartos dos acometidos por esses problemas às mãos dos cardiologistas, neurologistas ou outros especialistas, ao invés de guiá-los ao necessário tratamento psicológico ou psiquiátrico.
O que caracteriza o Transtorno de Pânico?
O pânico é uma reação normal do organismo em situações de perigo – uma descarga de adrenalina percorre o corpo, o coração dispara, a respiração acelera, enfim, é acionado um alarme corporal que mobiliza todos os mecanismos de defesa com que nossa estrutura física conta, valendo assim como um recurso natural de autopreservação. No caso do Transtorno, todo esse processo ocorre sem que haja um motivo para isso, e geralmente a pessoa cria medos irracionais a partir dessas crises e desenvolve uma agorafobia, o medo de se encontrar em locais públicos, principalmente em lugares repletos de gente ou com saídas difíceis de localizar. É comum o paciente evitar as situações nas quais ele se encontrava quando teve as crises, por exemplo, dirigir, estar em uma loja cheia ou até mesmo na frente de um espelho na sua própria casa.
Como se pode perceber, esses ataques podem ter uma influência preocupante no cotidiano de alguém com esse problema de saúde, pois a ausência de um tratamento eficiente, a incompreensão e desinformação dos que cercam o paciente e a intensidade das crises pode levar a pessoa a um isolamento total, muitas vezes ela se torna incapaz de deixar o próprio quarto. Mas estas perturbações – que duram geralmente menos de uma hora - podem não ser tão freqüentes, principalmente se o paciente tiver um acompanhamento profissional adequado, muitas vezes aliado a uma psicanálise ou a um tratamento com florais, reiki, yoga, e outras terapias complementares.
Sintomas
As crises vêm acompanhadas, normalmente, de sintomas como palpitações, respiração acelerada, tensão muscular, vertigens acompanhadas de náuseas, transpiração disseminada ou localizada nas mãos ou nos pés, boca seca, calafrios ou sensação de calor, percepção distorcida do real, impressão de que algo terrível vai acontecer, confusão mental, medo de um possível descontrole, receio de morrer, sensação de fraqueza, despersonalização – a pessoa tem a impressão de estar fora de seu corpo, observando a si mesma – e desrealização – impressão de estar fora do mundo à sua volta, envolta em uma atmosfera onírica. Os transtornos de pânico não precisam estar necessariamente acompanhados de todos estes sintomas e, com certeza, eles não determinam, isoladamente, uma crise de pânico. Quando o paciente tem crises repetidas, passa a ser assediado pelo medo angustiante de ter outros ataques – esse quadro caracteriza o Transtorno do Pânico.
Estes indícios sintomáticos preparam o corpo para a ocorrência de um perigo terrível, e a conseqüência natural é despertar em si os mecanismos de fuga existentes em cada ser vivo. Diante disso, o organismo aumenta a irrigação de sangue no cérebro e nos membros que se utiliza para uma fuga. É então que aparecem os sintomas descritos, porém em um contexto no qual o perigo está ausente. O cérebro humano produz os neurotransmissores, que comandam toda a comunicação entre os neurônios – células do sistema nervoso -, gerando mensagens que determinam a cada órgão a execução das suas respectivas atividades físicas e mentais. Um desarranjo na elaboração dessas substâncias pode levar partes do cérebro a emitir informações e ordens incorretas. É exatamente o que acontece em uma crise de pânico.
Atualmente o Transtorno do Pânico é avaliado como um problema sério, 2 a 4% da população do planeta encontra-se acometida por este problema. Ele atinge proporcionalmente mais as mulheres que os homens. O tratamento objetiva resgatar o equilíbrio bioquímico do cérebro, mas esta é apenas a primeira fase. A segunda prepara o paciente para viver com qualidade de vida, enfrentar seus limites e vencer todos os desafios do caminho de uma forma mais tranqüila, menos estressante. Mas para isso o paciente deve se engajar no próprio tratamento e procurar encontrar uma nova forma de ver a vida, um equilíbrio renovado. Disso depende o êxito do tratamento.