Virulência refere-se à gravidade de uma doença ocasionada por um agente infeccioso. Os microrganismos patogênicos possuem e expressam genes que codificam fatores de virulência conferindo habilidade de provocar doença. Algumas cepas de microrganismos possuem estruturas, produtos ou estratégias que contribuem para aumentar sua capacidade em causar uma infecção, que são chamados de fatores de virulência. Virulência então é definida como a capacidade de um agente infeccioso produzir efeitos graves ou fatais e está relacionada às propriedades bioquímicas do agente, à produção de toxinas e a sua capacidade de multiplicação no organismo parasitado. Os fatores de virulência podem estar envolvidos com a colonização ou com aumento das lesões ao hospedeiro e depende da cepa/estirpe, da quantidade de agentes infecciosos e o local de entrada do patógeno.
Os fatores de predisposição do hospedeiro também estão envolvidos na virulência e incluem fatores nutricionais, estado imunológico, estresse, gravidez e idade.
A virulência pode ser classificada em baixa virulência, como por exemplo os vírus que causam os resfriados e a gripe comum, que apesar de apresentarem altas taxas de contaminação, em indivíduos saudáveis não costumam causar casos graves, e em alta virulência que indica uma grande proporção de casos graves ou fatais, como nos casos dos vírus Ebola, da raiva e do HIV, que causam graves doenças, com altos índices de mortalidade. Os fatores de virulência incluem mecanismos que contribuem para a instalação do patógeno no tecido hospedeiro, passando pelo sistema de defesa. Os genes que codificarão esses fatores podem estar em cromossomos, fagos ou plasmídeos.
Em relação aos fatores de virulência bacterianos, estão incluídos a via de entrada no hospedeiro e a quantidade de bactérias infectantes, além de estruturas como a parede celular bacteriana que protege a célula de diferenças de pressão osmótica, garante a sua forma, e exerce um papel importante no processo de divisão celular. Podemos dizer que entre os fatores de virulência bacterianos estão as adesinas, as invasinas e os fatores que inibem as defesas do hospedeiro.
Os fatores de virulência são necessários aos microrganismos patogênicos para invadir, colonizar, sobreviver, multiplicar no interior das células do hospedeiro e causar doença. A supressão de qualquer um deles pode resultar em redução na virulência ou na sua perda. Como citado anteriormente, estes fatores são codificados por genes de virulência que podem estar presentes em elementos genéticos móveis, como plasmídeos, assim como fazer parte de regiões especificas do cromossomo da bactéria, chamadas de ilhas de patogenicidade. Os genes de virulência nem sempre são originários de determinado patógeno, podendo ser adquiridos por meio de transferência horizontal, definida como troca de material genético entre células bacterianas. Os principais mecanismos que facilitam esta transferência são: transformação, conjugação e transdução.
Já no caso dos vírus, que são parasitas celulares obrigatórios, os fatores de replicação seguem os seguintes passos: adsorção, penetração, desnudamento, replicação, maturação e a liberação. A virulência depende do tipo e cepa do vírus, algumas variantes são mais virulentas que outras, da dose ou carga viral recebida pelo hospedeiro, da via de inoculação, da suscetibilidade do hospedeiro. Alguns vírus codificam proteínas especiais que suprimem a resposta imunológica.
Bibliografia:
TORTORA, G.J, FUNKE, B. R, CASE, C. L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.
HÁRSI, C.M. Patogênese Viral. Instituto de Ciências Biomédicas Departamento de Microbiologia. BMM-280 – 2009.