A grande maioria das espécies de abelhas conhecidas é de vida solitária, representado 85% das espécies. Caracterizadas por espécies na qual uma única fêmea coleta seu alimento, constrói e defende seu próprio ninho e oviposita sem a ajuda de outras abelhas. Depois de cumpridas todas estas tarefas ela morre, sem que haja contato com as outras gerações.
Segundo diversos autores, a fêmea fundadora dos ninhos de algumas espécies, tem controle sobre o sexo das suas crias, e sua escolha esta relacionada com a disponibilidade de recursos florais, no qual meses de maior disponibilidade de recursos fará com que probabilidade de emergirem fêmeas seja maior.
As Abelhas Solitárias têm papel importante na biologia reprodutiva de muitas espécies vegetais da região neotropical, agindo como vetores de pólen de plantas de várias espécies vegetais. Machos da tribo Euglissini coletam compostos aromáticos de diversas flores e de outras fontes extraflorais; estes compostos são aparentemente importantes no processo reprodutivo dessas abelhas, atuando na demarcação de territórios e atração das fêmeas.
No Brasil, o uso de abelhas solitárias na polinização de culturas agrícolas é pequeno. Os primeiros trabalhos realizados apontam a eficiência de algumas espécies de abelhas solitárias para polinização de plantas de interesse econômico, como acerola, caju e maracujá. Além desta aplicabilidade do conhecimento acumulado sobre as abelhas solitárias, estes estudos podem representar um passo importante para sua conservação, especialmente daquelas espécies ocorrentes em ecossistemas ameaçados, como a Mata Atlântica Brasileira.
Essas abelhas podem ser estudadas por métodos de coleta ativa com redes entomológicas, iscas atrativas e com utilização de ninhos-armadilha. Estas técnicas podem resultar em diversos trabalhos, onde será possível conhecer um pouco mais sobre diversidade, abundância e biologia das espécies estudadas, avaliando também suas relações com as alterações do ambiente e seu nível de conservação, além de conhecer os possíveis efeitos da fragmentação.
A comunidade de Abelhas Solitárias pode sofrer influências negativas das ações antrópicas, como a remoção da flora nativa e atividades de ornamentação, como podas e capinas em áreas de vegetação cultivada, e a criação de praças, parques e jardins, contribuindo para a diminuição da ocorrência de abelhas nessas áreas ou favorecendo espécies generalistas que utilizem recursos de plantas cultivadas como as Apis melíferas. De modo geral, áreas com maior quantidade de cobertura de vegetação possuem maior abundância e diversidade de Abelhas Solitárias (Euglossina). Por isso, essas abelhas são consideradas bioindicadoras do estado de conservação de áreas.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/abelhas-solitarias-e-o-ecossistema/