A agricultura sustentável está inserida dentro de um conceito mais amplo, que é o desenvolvimento sustentável. O tema “sustentabilidade na agricultura” ganhou interesse de profissionais, pesquisadores e produtores a partir dos anos 70 e várias definições surgiram sobre esse tema. De maneira geral, podemos definir a agricultura sustentável como sendo um sistema produtivo de alimentos que prioriza: a manutenção dos recursos naturais e da produtividade em longo prazo, o mínimo de impactos negativos ao meio ambiente, o retorno adequado aos produtores, alimentos sadios que permitam o bem-estar humano, a produtividade do solo, da água e de outros recursos e o atendimento às necessidades das famílias e comunidades rurais.
Algumas das vertentes da agricultura sustentável são: agricultura orgânica ou biológica, agricultura biodinâmica, agricultura natural e permacultura. Cada uma apresenta suas especificidades, mas têm em comum principalmente o uso sustentável dos recursos naturais. Temos também outros conceitos relacionados, como “agroecologia”, “agroecológico” ou “agricultura agroecológica”. Considera-se que a agroecologia é o princípio do que hoje é chamado de agricultura sustentável.
No caso dos solos, o manejo inadequado provoca a degradação de sua estrutura, causando o seu empobrecimento e esterilização, entre outros impactos. Uma alternativa eficiente da agricultura sustentável para esse inconveniente é o plantio direto na palha, que consiste na semeadura diretamente na palha da cultura anterior. Assim evita-se o revolvimento excessivo do solo, reduzindo a erosão e melhorando a fertilidade do solo devido ao maior acúmulo de matéria orgânica.
A rotação de culturas também é uma prática recomendada para recuperar e preservar a qualidade do solo. Essa técnica consiste em alternar em uma mesma área culturas vegetais diferentes, considerando a importância econômica dessas culturas e os seus benefícios para o sistema de produção. Essa técnica, além de proteger o solo, também garante uma dieta alimentar mais nutritiva e diversificada. O uso de adubos orgânicos (composto, esterco, adubo verde) também é uma prática importante para conservar os solos, visto que o uso intensivo de adubos químicos causa a contaminação do solo, da água e dos alimentos.
As técnicas citadas acima, além de protegerem o solo, também contribuem para a conservação da água, pois diminuem a evaporação e o escoamento da água e favorecem sua infiltração no solo. Outras práticas que podem contribuir para o melhor aproveitamento da água em agriculturas irrigadas são a irrigação por gotejamento; irrigação por aspersão (técnica que simula uma chuva artificial, onde um aspersor expele água para o ar); uso de equipamentos que controlem a vazão de água conforme as necessidades do solo e das plantações e construção de reservatórios para armazenar água da chuva.
Na agricultura sustentável, o manejo de pragas, doenças e ervas daninhas deve ser feito de maneira preventiva. A diversificação no uso da terra, conservação do solo e da água, escolha adequada de culturas e nutrição equilibrada são formas de fazer esse manejo. O controle biológico natural, que consiste na regulação da quantidade de plantas e animais pelos chamados inimigos naturais, também é uma prática que merece destaque. Ao se esgotarem os meios preventivos, podem ser usadas medidas de controle através de produtos naturais como os extratos de plantas, inseticidas biológicos, iscas, armadilhas e caldas.
A mudança da agricultura convencional para uma agricultura mais sustentável traz alguns desafios, como: adotar sistemas de produção que minimizem as perdas e desperdícios e que apresentem produtividade compatível com os investimentos feitos; assegurar a competitividade do produto no mercado interno e externo; utilizar sistemas de produção que assegurem a geração de renda para o trabalhador rural; garantir a segurança alimentar e nutricional; integrar o sistema de produção com outras atividades rurais e desenvolver tecnologias eficientes, porém menos agressivas ao meio ambiente.
A agricultura brasileira tem evoluído nas últimas décadas rumo à sustentabilidade, através de alternativas como Agricultura Orgânica, a Produção Integrada Agropecuária, a Produção Agroflorestal e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Mas ainda é necessário avançar muito para ter uma agricultura verdadeiramente sustentável.
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Referências Bibliográficas:
Santos, N. C. S. & Silva, W. A. Desafios e Possibilidades da Sustentabilidade na Agricultura. Revista GeoSertões. Vol. 4, n. 7, 2019.
Kamiyama, A. Agricultura Sustentável. Cadernos de Educação Ambiental. Governo do estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente, Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais São Paulo – 2014.