Em ecologia, a autossustentabilidade é entendida como a exploração de recursos naturais de maneira não predatória, diminuindo os danos causados aos ecossistemas e à biodiversidade, dando tempo para que a natureza recomponha seus recursos renováveis e oferecendo um retorno suficiente para sustentar as pessoas envolvidas, sem que haja necessidade de explorar desenfreadamente o meio ambiente ou a mão de obra utilizada. Um projeto que possui essas características pode ser considerado autossustentável. Este tipo de projeto deve ter a capacidade de atender suas próprias necessidades através da produção e reciclagem de seus próprios recursos.
Um exemplo da aplicação da autossustentabilidade é na agricultura. Uma agricultura autossustentável deve estar focalizada na conservação dos recursos (água, solo, biodiversidade). Nesse sentido, a preservação da terra e de sua fertilidade é fundamental, pois as gerações futuras também utilizarão esta terra. Neste tipo de agricultura o uso de produtos químicos é eliminado ou reduzido, sendo substituído pelo uso de medidas preventivas, pelo manejo ecológico de pragas e uso de adubo orgânico, garantindo uma melhor alimentação e diminuindo a compra de insumos agrícolas.
No desenvolvimento de uma agricultura autossustentável o uso de tecnologias não precisa ser totalmente eliminado, a ideia é utilizar tecnologias adequadas ao local, que contribuam para o aumento da produtividade sem causar danos ao meio ambiente. O objetivo final é que estes sistemas sejam rentáveis e produtivos ao longo do tempo, para que as pessoas envolvidas dependam cada vez menos do ambiente externo e de fontes de energias não renováveis.
A autossustentabilidade também pode ser aplicada no setor da construção civil. A construção de uma casa autossustentável, por exemplo, deve priorizar o uso de materiais não tóxicos, materiais reutilizáveis ou recicláveis e que foram produzidos a partir do uso eficiente dos recursos naturais. Esta casa precisa ser projetada para receber iluminação e ventilação natural adequada e deve possuir um sistema de captação e armazenamento de água da chuva para reaproveitamento em atividades que não necessitam de água potável (descargas de sanitários, irrigação de jardim, etc.) e reutilização de águas cinzas (provenientes das atividades domésticas). Além disso, vários locais da casa podem se transformar em espaços produtivos, utilizados para a produção de alimentos (horta, árvores frutíferas, viveiro para mudas).
Diante da atual situação de degradação, poluição e uso desenfreado de recursos naturais do planeta, projetos que tenham como princípio a autossustentabilidade são fundamentais, pois contribuem para a preservação ambiental e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Referências:
Kohler, R. et al., Proposta de uma construção auto-sustentável: laboratório de educação alimentar infantil. Encontro Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis, 2007, Campo Grande.
Flores, M. X. et al., Pesquisa para Agricultura Auto-Sustentável: Perspectivas de Política e Organização na Embrapa. Revista de Economia e Sociologia Rural, BRASÍLIA DF, 29 (1), p. 1-21, 1991.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/autossustentabilidade/