Bioacumulação

Por Monik da Silveira Suçuarana

Mestre em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (UFAC, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (UFAC, 2011)

Categorias: Ecologia
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A bioacumulação é o processo de assimilação e retenção de substâncias químicas provenientes do ambiente pelos organismos. A absorção pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são incorporadas ao organismo a partir do meio ambiente (água, solo, sedimento), ou de forma indireta, a partir da ingestão de alimentos que contenham tais substâncias. Geralmente as substâncias bioacumuladas não são biodegradáveis e devido a diversos motivos não são metabolizadas ou excretadas pelos organismos, ou são de maneira muito lenta, de modo que ao longo da vida de um organismo estas substâncias se tornam cada vez mais concentradas em seus tecidos.

A bioacumulação pode levar a um processo denominado biomagnificação ou magnificação trófica, que consiste na transferência de substâncias químicas bioacumuladas de um nível trófico para outro, sendo que a concentração destas substâncias aumenta à medida que percorre pela cadeia alimentar. Por exemplo, vegetais (produtores) contaminados por alguma substância são consumidos por animais (consumidores primários), e esses animais vão servir de alimento para outros animais (consumidores secundários), assim, a concentração de tal substância será muito maior no consumidor final do que nos organismos das posições inferiores da cadeia.

Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são substâncias que estão sujeitas aos processos de bioacumulação e biomagnificação. O inseticida DDT é um exemplo de POP, é altamente tóxico e foi muito utilizado durante as décadas de 1940 e 1950. Acumulava-se em predadores dos níveis tróficos mais altos, contribuindo para a quase extinção de algumas aves de rapina, como o falcão-peregrino.

É possível avaliar o grau de poluição ambiental de um determinado local através da bioacumulação. Este fenômeno tem sido objeto de muitos estudos que avaliam a concentração de metais pesados em ambientes aquáticos através de organismos utilizados como bioindicadores. Os ecossistemas aquáticos são ideais para esse tipo de avaliação porque são considerados os receptores finais de contaminantes liberados no ambiente. A deposição de metais pesados (zinco, chumbo, cádmio, mercúrio) nestes locais é proveniente principalmente de algumas atividades, como as industriais e agrícolas. Estes metais penetram nos organismos aquáticos (plantas e animais) através da superfície do corpo e das estruturas respiratórias e pela ingestão de material particulado e água.

Os peixes possuem alta capacidade de bioacumular estes elementos em seus vários órgãos do corpo, sendo que esta acumulação depende de fatores como o tamanho, hábito alimentar e estádio reprodutivo destes organismos. Outros fatores como o pH, oxigênio dissolvido, e temperatura da água também influenciam. A alta concentração dos metais nos peixes é tóxica, levando a alterações morfológicas, fisiológicas e comportamentais e na reprodução. A partir da ingestão de peixes contaminados, os metais pesados são transferidos para os humanos e podem causar sérios danos à saúde.

Referências:

Cain, M. L. Bowman, W. D. & Hacker, S. D. Ecologia. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

Gomes, M. V. T.; Sato, Y. Avaliação da contaminação por metais pesados em peixes do Rio São Francisco à jusante da represa de Três Marias, Minas Gerais, Brasil. Revista Saúde e Ambiente, v. 6, n. 1, p. 24-30, 2011.

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