A teoria da biogeografia de ilhas (ou insular) foi proposta na década de 1960 pelos ecólogos Robert MacArthur e Edward O. Wilson para explicar a riqueza de espécies em ilhas.
Atualmente a teoria é aplicada não apenas para ilhas oceânicas, mas também em referência a qualquer habitat que esteja isolado por um ambiente inadequado às espécies presentes na “ilha”, como por exemplo lagos isolados por terra, picos de montanhas isolados por planícies, fragmentos florestais isolados por áreas desmatadas, clareiras em uma floresta isoladas por árvores etc.
Esta teoria propõe, basicamente, que a riqueza de espécies em uma ilha é mantida em um equilíbrio entre migrações e extinções — com espécies continuamente sendo substituídas —, que por sua vez dependem de dois fatores: o tamanho da ilha e seu grau de isolamento.
A teoria da biogeografia de ilhas pode ser ilustrada pelo seguinte gráfico:
Com relação ao grau de isolamento, as taxas de imigração tendem a ser maior em ilhas mais próximas do que em ilhas mais distantes, pois quanto maior a proximidade, maiores as chances de espécies colonizadoras alcançarem a ilha. Ainda, as taxas de imigração tendem a crescer de acordo com o tamanho da ilha, uma vez que ilhas maiores acomodam maior diversidade de habitats e, consequentemente, mais oportunidades para colonização. À medida em que o número de espécies residentes aumenta numa ilha, a taxa de colonização vai decaindo, pois são maiores as chance de que um indivíduo novo que chegue à ilha pertença a uma espécie que já ocorre no local.
As taxas de extinção, por sua vez, tendem a aumentar quanto maior for o número de espécies residentes na ilha, provavelmente pelo aumento da exclusão competitiva. A extinção também tende a ser maior em ilhas pequenas, possivelmente também em razão da exclusão competitiva ou do tamanho reduzidos das populações (populações menores têm maior risco de serem extintas).
O equilíbrio dinâmico para cada tipo de ilha (próxima e grande, próxima e pequena, distante e grande e distante e pequena) são representados pelos pontos S no gráfico, onde a extinção é igual à migração. Acima deste ponto a extinção se sobrepõe a imigração (liberando nichos ecológicos) e abaixo a imigração se sobrepõe a extinção, deixando a comunidade saturada.
A teoria da biogeografia de ilhas tem sido muito aplicada para estudar o efeito da fragmentação de habitats e, assim, embasar as decisões sobre a necessidade de implantação de corredores ecológicos, por exemplo.
Referências:
Townsend, C. et al. Fundamentos em Ecologia. 2ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.