Como o nome sugere, bioindicadores são indicadores biológicos da qualidade de um ambiente e de mudanças sofridas por ele ao longo do tempo, sejam elas antropogênicas ou naturais. Sua principal aplicação, no entanto, é medir os impactos das atividades humanas nos ecossistemas. Podem servir como bioindicadores processos que ocorrem dentro de um indivíduo, espécies individualmente ou até mesmo comunidades inteiras.
Diversos grupos taxonômicos podem servir como bioindicadores, entretanto, nem todos os processos biológicos, espécies ou comunidades são bons parâmetros da qualidade do ambiente. Em geral, espécies (ou assembleias de espécies) utilizadas como bioindicadoras são aquelas com tolerâncias ambientais moderadas, já que espécies muito sensíveis ou com tolerâncias muito amplas não são boas para refletir a resposta das outras espécies presentes no ambiente. Entretanto, isso não é uma regra: comunidades inteiras compostas de espécies com as mais variadas tolerâncias ambientais também podem ser usadas como indicadoras da qualidade ambiental.
De forma geral, bons bioindicadores devem possuir boa capacidade de fornecer resposta mensurável e que reflita a resposta geral da população, bem como de responder ao grau de perturbação de forma proporcional. Além disso, deve ser abundante e comum, além de bem estudado.
Vejamos abaixo alguns exemplos de organismos que podem ser utilizados como bioindicadores:
- Como mencionado acima, certas mudanças no ambiente podem afetar processos que ocorrem dentro dos indivíduos, que por sua vez podem servir como bioindicadores. Um exemplo são as trutas da espécie Oncorhynchus clarkii, que habitam riachos de águas frias nos Estados Unidos. Indivíduos dessa espécie toleram temperaturas máximas entre 20 e 25ºC. Acima dessa faixa, produzem uma proteína que tem como função proteger as funções vitais celulares do estresse térmico. A quantidade dessa proteína pode ser usada para medir quanto o ambiente foi alterado, já que o aumento da temperatura da água nesses riachos está relacionado a diversas atividades humanas, como pastoreio, queimadas e exploração madeireira.
- Macroinvertebrados bentônicos são bastante utilizados como bioindicadores de qualidade de água por serem de fácil amostragem (são geralmente sésseis ou de pouca mobilidade, além de serem grandes), possuírem ciclos de vida longos e serem extremamente sensíveis a diferentes concentrações de poluentes.
- Já os líquens são extremamente sensíveis à poluição atmosférica, sendo considerados bons indicadores da qualidade do ar.
- Mesmo a presença ou a abundância de determinadas espécies num ambiente podem ser um indicativos de sua qualidade. As chamadas aves cinegéticas, em geral das famílias Tinamidae, Cracidae, Columbidae e Anatidae, são um exemplo. Essas aves são comumente grandes, possuem voo limitado, e nidificam no chão, sendo portanto alvos fáceis para caçadores. Se essas aves são abundantes numa determinada área, é um bom indicativo de que a pressão de caça não é intensa na região. Outros grupos, como mamíferos, borboletas, plantas, etc., podem ser indicativos da qualidade de preservação de florestas.
Referências:
Holt, E & Miller, S. Bioindicators: Using Organisms to Measure Environmental Impacts. Nature Education Knowledge. 2010.
Martins, S et al. Liquens como bioindicadores da qualidade do ar numa área de termoelétrica, Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea. 2008.
Monitoramento in situ da biodiversidade: Proposta para um Sistema Brasileiro de Monitoramento da Biodiversidade. ICMBio. 2013.