Uma pesquisa vasta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016 comparou os poluentes no ar de 1100 cidades do mundo. Das 15 cidades mais poluídas do Brasil, 14 delas ficam na região sudeste, sendo 9 do estado de São Paulo. Este ranqueamento foi feito baseado em medições diárias e médias anuais de uma série de poluentes, dentre eles o material particulado que é liberado por veículos, processos industriais e de queima. Além desses materiais, são monitorados quatro gases: ozônio, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono.
A qualidade do ar é um dos principais fatores determinantes da poluição de uma cidade, uma vez que ela está diretamente relacionada à ocorrência de doenças respiratórias na população, como infecções agudas, síndromes crônicas (como a asma e a bronquite), câncer de pulmão e até mesmo doenças cardiovasculares. Combater a poluição do ar no ambiente urbano significa evitar grandes perdas econômicas e de vidas humanas e deve ser uma prioridade do poder público.
Segundo a listagem da OMS, as 5 cidades mais poluídas do Brasil são:
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1. Rio de Janeiro (média de 64 microgramas de poluentes por metro cúbico)
A capital carioca possui uma grande frota de veículos (responsável por 75% das emissões de poluentes da cidade) e, devido a sua localização geográfica, rodeada por serras e morros, ela pode dificultar a dissipação e dispersão dos poluentes atmosféricos. A continua ocupação de zonas que anteriormente possuíam vegetação nativa, nas encostas dos morros, e o aumento do desmatamento também agravam este cenário.
2. Cubatão (média de 48 µg/m3)
Recebendo intensos investimentos do governo federal, Cubatão se tornou uma das cidades mais industrializadas do Brasil na década de 1960. As empresas instaladas eram dos ramos siderúrgico, fertilizantes, refinaria e produtos químicos. Naquela época, a preocupação com o meio ambiente e processos limpos era mínima, o que contribuiu para a liberação de concentrações enormes de poluentes (cerca de 30 mil toneladas de poluentes por mês). Adicionalmente, para construir mais de 15 diferentes parques industriais, o município desmatou muitos hectares de Mata Atlântica.
Essas ações fizeram com que Cubatão recebesse o título de “Vale da Morte” e se tornasse a cidade mais poluída do mundo entre 1980 e 1982. Com o desaparecimento de aves e fauna nativa, elevado índice de mortalidade infantil e recordes em problemas respiratórios, o governo estadual desenvolveu um extenso projeto de recuperação ambiental centrado no controle das emissões de poluentes e tratamento dos resíduos industriais. Apesar de ser considerada uma cidade muito mais limpa do que seu histórico, Cubatão ainda aparece no topo da lista de cidades poluídas por manter intensa atividade industrial em uma localização geográfica que limita a dispersão dos poluentes (similar ao que ocorre no Rio de Janeiro).
3. Campinas (média de 39 µg/m3)
Uma das maiores cidades do estado de São Paulo, com uma população urbana que supera 1 milhão de habitantes, Campinas possui uma enorme frota de veículos que contabilizam cerca de 70% de todas as emissões de poluentes atmosféricos. Um grande plano de enfrentamento da poluição foi aprovado pelo governo municipal no ano de 2020, visando ações que reduzirão as emissões, tais como: expansão do sistema de ciclovias da cidade, reflorestamento e aumento da frota de ônibus elétricos.
4. São Paulo (média de 38 µg/m3)
A poluição atmosférica de São Paulo, assim como no Rio e em Campinas, está diretamente ligada a imensa frota de veículos que circula pela maior metrópole das Américas. Os dados demonstrados pelo poder público da cidade têm sido muito questionados por ONGs e políticos de oposição, que apontam a ocorrência constante de smogs (névoa associada a poluição) como um dos indícios de que o quadro de poluição da cidade seria pior do que o divulgado. Ainda assim, a legislação da cidade é uma das mais avançadas no combate as emissões. A maior dificuldade para São Paulo tem sido administrar os quase 9 milhões de carros, caminhões, ônibus e motos que circulam pela capital do estado.
5. Curitiba (média de 29 µg/m3)
Causada principalmente pelas emissões veiculares e pela urbanização mal planejada, a poluição em Curitiba é consideravelmente menor que a das demais cidades discutidas anteriormente. Apesar de ser a quinta cidade com nível de poluição atmosférica mais alta no Brasil, Curitiba tem se destacado no combate a poluição. Desde 2013 o governo local vem investindo no uso de biocombustíveis no transporte público e instituiu uma eficiente rede de fiscalização das emissões industriais.
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Referências:
Alonso, C.D. and Godinho, R., 1992. A evolução da qualidade do ar em Cubatão. Química Nova, 15(2), pp.126-136.
https://www.who.int/gho/phe/outdoor_air_pollution/exposure/en/
Pires, D.O., 2005. Inventário de emissões atmosféricas de fontes estacionárias e sua contribuição para a poluição do ar na região metropolitana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/cidades-mais-poluidas-do-brasil/