Nos ambientes naturais, quando um grupo de organismos coloniza uma nova área em que não há competição e os recursos são abundantes, espera-se que esta população cresça rapidamente. Com o passar do tempo, no entanto, uma série de fatores irão reduzir a taxa de crescimento desta população até que ela atinja um patamar de equilíbrio em que o número total de indivíduos varie pouco ao longo do tempo. Quando observamos esta estabilização, dizemos que tal população atingiu a capacidade de suporte (conhecida, em ecologia, pela letra K) de uma determinada área ou habitat.
A capacidade de suporte (K) é descrita como o número de indivíduos que um local consegue tolerar de acordo com seus requerimentos em espaço e quantidade de alimento. Em (K), a taxa de natalidade é muito similar à de mortalidade, resultando em um crescimento líquido ao longo do tempo próximo a zero.
Embora o ambiente exerça um papel fundamental no controle de populações naturais, existem muitos outros fatores que agem de forma isolada ou combinadamente e causam a redução na densidade de organismos. Um deles é a pressão de predação exercida por consumidores secundários, terciários ou de topo de cadeia. Um longo estudo com ratos de tundra observou que as flutuações na densidade populacional que ocorriam ao longo do tempo eram totalmente dependentes da pressão de predação exercida por corujas e raposas-da-neve. Quando a população de ratos crescia para densidades muito elevadas, a taxa de predação aumentava, limitando o crescimento descontrolado destes roedores. Isso causava um aumento na população de furões, os principais competidores dos ratos. Com a redução da população de ratos, os predadores passavam a caçar preferencialmente furões, removendo a pressão de predação sob a população de ratos que rapidamente voltava a crescer.
Outro fator que limita o crescimento das populações é o adensamento. Isto significa que uma grande quantidade de indivíduos presentes ao mesmo tempo em uma mesma área reduz a disponibilidade de recursos para a população como um todo, aumentando a taxa de mortalidade e reduzindo o sucesso reprodutivo. Isto foi observado em populações de esquilos-vermelhos na Europa. Nesta espécie, a fêmea é muito territorial, ocupando e defendendo a área adjacente onde ela estabelece seu ninho. Em altas densidades, fêmeas mais fracas ou menores são expulsas para regiões marginais da floresta em que os habitats são sub ótimos (possuem menos recursos alimentares e constituem abrigos menos seguros contra predação). Estas fêmeas têm baixo sucesso reprodutivo, o que causa uma diminuição na população na geração seguinte. Quando não ocorre adensamento, praticamente todas as fêmeas conseguem ocupar locais com alta qualidade de recursos.
Finalmente, podemos descrever os estresses ambientais como um conjunto de fatores que limitam o crescimento populacional. Distúrbios naturais ou antropogênicos (causados por ação humana) podem aumentar a mortalidade de indivíduos. Outros exemplos são a temperatura, ciclo de chuvas e a quantidade de nutrientes. Muitos estudos descrevem que a baixa concentração de fósforo e nitrogênio no ambiente aquático é o fator chave que limita o crescimento do fitoplâncton, reduzindo a taxa fotossintética e a produção primária, afetando a disponibilidade de recursos para todas as demais populações de consumidores que compõem as teias tróficas aquáticas.
Referências:
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Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/fatores-que-limitam-o-crescimento-populacional/