A poluição na Amazônia altera as características da região, como o ritmo de crescimento das árvores mesmo essas estando em lugares remotos da floresta. Espécies de árvores de menor porte estão tendo suas populações diminuídas em detrimento das árvores mais altas. Esta mudança na estrutura de comunidades pode estar relacionada com o aumento de gás carbônico na atmosfera. A longo prazo, a floresta pode perder biodiversidade em decorrência deste fato. A predominância de árvores jovens pode significar a redução da capacidade da floresta de retirar dióxido de carbono da atmosfera. A causa mais provável para todas estas coisas a concentração elevada de gás carbônico na atmosfera que em excesso aumenta a competição por luz, água e nutrientes no solo, o que beneficia o ritmo de crescimento acelerado.
A poluição de rios de pequeno e médio porte passam a exibir trechos com alterações expressivas. A condutividade elétrica utilizada para inferir a quantidade geral de matéria orgânica dissolvida na água, tem indicado, em estudos realizados na bacia do Ji-Paraná, altos índices de poluição, igualmente ao dos cursos d’água poluídos da região sudeste, no estado de São Paulo. A poluição nos rios desta bacia é uma realidade em muitos pontos. O carbono e outros nutrientes como, nitrogênio e fósforo, atingem os rios carreados pela água da chuva não absorvida pelo solo. Em altas concentrações estes compostos acabam poluindo os rios por longas distâncias. A poluição dos rios da bacia do Ji-Paraná, localizada no estado de Rondônia são do mesmo escopo de poluição dos rios Atibaia, afluente do Piracicaba, no estado de São Paulo.
Na Amazônia brasileira, a exploração de petróleo é relativamente recente mas alguns derramamentos já aconteceram nos rios do entorno das áreas de exploração. Um poliduto de Urucú para Coari foi completado em 1998. Com isto, o petróleo, trazido de Coari para Manaus atravessa o rio de barcaça. Em 1999, um oleoduto quebrou entre o porto e a refinaria em Manaus, o que resultou em um derramamento de petróleo no igarapé de Cururú em 2001. Vazamentos de petróleo das barcaças entre Coarí e Manaus e dos transportes fluviais em geral, têm causado uma sucessão de pequenos eventos de poluição de óleo. A poluição por óleo seria especialmente danosa se afetar as florestas de várzea, onde muitas espécies de peixe da região procriam.
Os solos amazônicos contém altas concentrações de mercúrio oriundo de fontes naturais. Os solos da Amazônia são antigos, tem milhões de anos de idade e têm acumulado mercúrio de forma gradual por meio de deposição da chuva de poeira oriunda de erupções vulcânicas e de outras fontes ao redor do mundo.
A entrada de mercúrio na cadeia alimentícia que conduz aos humanos é o ambiente apropriado para conversão de mercúrio elementar em sua forma tóxica (metil mercúrio). Isto pode acontecer sob condições naturais em rios onde as características químicas da água são apropriadas, especialmente nos rios de água preta do estado do Amazonas. As concentrações de mercúrio nos peixes e nos residentes humanos ribeirinhos nestas áreas são mais altas do que as concentrações permitidas pelos padrões internacionais.
Uma grande fonte de poluição de mercúrio são os solos inundados por represas hidrelétricas. A condição anóxica no fundo de um reservatório fornece o ambiente necessário para a metilação do mercúrio, aumentando a concentração por uma fator de aproximadamente dez em cada elo na cadeia alimentar desde o plâncton para pescado até as pessoas que comem o peixe. Foram encontradas altas concentrações de mercúrio nos cabelos de residentes na beira do lago na represa de Tucuruí.
Em Balbina, mudanças na concentração de mercúrio nos cabelos de mulheres foram datadas através de amostras de fios de cabelo de mulheres com cabelos compridos. Os residentes locais foram obrigados a comer frango, peixe criado em piscicultura e carne bovina, no lugar de peixe do reservatório da Hidrelétrica de Balbina, no Amazonas.
A poluição do ar pela queima de biomassa é um problema constante e regular durante a estação seca na região norte do pais. Os altos níveis de poluição causados pelo monóxido de carbono são os responsáveis por problemas respiratórios, além de prejudicar a atividade rotineira dos aeroportos que são frequentemente fechados devido a fumaça.
Leia também:
Referências bibliográficas:
Philip M. Fearnside. A floresta amazônica nas mudanças globais. Manaus: INPA, 2003.
Ciência e Ambiente. Pesquisa FAPESPE, abril de 2002.
https://www.oeco.org.br/noticias/pesquisadores-descrevem-fenomeno-que-escureceu-sp-e-sua-relacao-com-as-queimadas-na-amazonia/ acessado em 27/01/2020
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49453037 acessado em 27/01/2020
https://www.mma.gov.br/informma/item/1782-poluicao-altera-as-caracteristicas-da-amazonia.html acessado em 07/01/2020
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ecologia/poluicao-na-amazonia/