A mineração é um conjunto de processos cujo o objetivo é explorar e extrair minerais encontrados na natureza. No Brasil, apesar dessa prática datar de aproximadamente 300 anos atrás, foi a Revolução Industrial que contribuiu para o aumento significativo da mineração. Assim, conforme a produção de minerais aumentou, principalmente o aço proveniente da exploração do ferro, tornou-se necessário elaborar medidas de descarte e controle dos rejeitos da mineração. Os resíduos da atividade mineradora podem ser separados em resíduos estéreis, ou resíduos sólidos de extração, que consistem normalmente em pilhas de minérios pobres, sem valor econômico, e também em rejeitos da mineração.
Os rejeitos da mineração são compostos por partículas finas derivadas da rocha explorada, e que não são aproveitados após o processo de beneficiamento. O beneficiamento é o processo responsável por extrair o mineral de interesse econômico dos demais materiais encontrados no processo de mineração. No caso do minério de ferro, o material de interesse econômico é a hematita. Através da mineração esse material é separado de outros minerais, como pro exemplo o Quartzo. Assim, o minério de ferro é moído em minúsculas partículas e separado, dando origem a rejeitos finos e facilmente dissolvidos na água, transformando-a em lama. Os rejeitos podem ser separados de acordo com a granulometria que pode ser fina (lama) ou grossa (rejeitos granulares).
Dessa forma foram criados reservatórios através de barragens ou diques de contenção, a fim de conter e armazenar os rejeitos da mineração. As barragens ou diques podem ser construídas naturalmente, ou até mesmo com material proveniente dos próprios rejeitos, e são o método de disposição de rejeitos mais utilizado atualmente. Por serem construídas ao longo do tempo, as barragens contribuem para a diluição dos custos para empresas mineradoras. Esse processo onde novas camadas são adicionadas conforme os rejeitos são produzidos é chamado alteamento.
Rompimentos de barragens de rejeitos de mineração
Atualmente dois grandes rompimentos de barragem acometeram Minas Gerais, no Brasil. O desastre de Mariana, também chamado pelos ativistas como desastre da Samarco, aconteceu em novembro de 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues. A barragem denominada “Fundão” era controlada pela Samarco Mineração S.A. (pertencente à Vale S.A. e BHP Billiton - empresa australiana), e era utilizada para armazenar os rejeitos da mineração do ferro na região. Ao se romper, a barragem liberou rejeitos que contaminaram o Rio Doce, e atingiram o oceano. Estima-se que dezenas de espécies de peixes tenha sido extintas, uma vez que eram endêmicas da região. Além disso a Reserva Biológica de Comboios, no litoral do Espírito Santo e único ponto regular de desova da tartaruga-de-couro, também foi atingida.
Em janeiro de 2019 outro grande desastre envolvendo o rompimento da Barragem I da mina do Córrego do Feijão controlada pela Vale S.A. acometeu o município de Brumadinho, em Minas Gerais. O desastre de Brumadinho, ou chamado por ativistas como desastre da Vale, soma 165 mortos e mais de 150 desparecidos, e liberou aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no Rio Paraopeba e em cursos d’água próximos. Assim somam-se impactos sociais como a morte de moradores e trabalhadores da região, e também impactos ambientais, como a extinção de dezenas de espécies animais e vegetais, e até mesmo a contaminação de Unidades de Conservação na região.
Referências Bibliográficas
[1] Gestão e Manejo de Rejeitos da Mineração. IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração. Disponível em: http://www.ibram.org.br/sites/1300/1382/00006222.pdf
[2] Rompimento de barragem em Mariana. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Mariana
[3] Rompimento de barragem em Brumadinho. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Brumadinho