Rios mais poluídos do Brasil

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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Uma pesquisa realizada pelo IBGE (2013) utilizando o índice de qualidade de água (IQA) determinou os rios mais poluídos do Brasil. No top 10, encontramos rios de oito estados brasileiros, que correm próximos a cidades populosas ou locais com grande atividade industrial.

Segundo a Agência Nacional de Águas, o IQA deve ser utilizado para avaliar os corpos hídricos de maneira quantitativa, sendo calculado com base em vários parâmetros, tais como a temperatura da água, o pH, o oxigênio dissolvido (OD), a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), os resíduos totais, os coliformes termotolerantes, a turbidez e o nitrogênio e fosforo totais. Cada um destes parâmetros possui um modo de coleta e determinação apropriados, além de possuir valores esperados com base nas características físico-químicas de cada bacia hidrográfica.

Segundo o IBGE, os cinco rios mais poluídos do Brasil são:

1. Rio Tiete (SP)

O mais importante rio do estado de São Paulo, com mais de 1000 km2, cruza todo o estado e banha 62 municípios paulistas. Em sua nascente, na Serra do Mar (na cidade de Salesópolis), o rio Tiete é considerado limpo e potável. Contudo, muitas das cidades que ficam no caminho deste rio não realizam tratamento de esgoto doméstico, despejando toneladas de dejetos diretamente no rio Tiete ou em rios menores que desembocam nele. Soma-se a isso a enorme influência da capital do estado (que é a cidade mais populosa do continente americano), onde ocorre a descarga de resíduos industriais, responsáveis por carrear uma grande quantidade de desejos extremamente tóxicos e patogênicos para a vida aquática. A combinação de esgoto doméstico e industrial em quantidades exorbitantes faz do rio Tiete o mais poluído do Brasil, apesar das iniciativas públicas de descontaminação que já vem atuando por anos. É importante ressaltar que diversas destas ações no Tiete causaram, de modo gradual, a melhoria parcial de trechos específicos do rio.

Rio Tietê cruzando a região metropolitana de São Paulo. Foto: Dea e Bruno / Shutterstock.com

2. Rio Iguaçu (PR/SC)

O rio que divide naturalmente os estados do Paraná e Santa Catarina apresenta elevados índices de contaminação devido a ocupação humana desordenada nas margens dele, introduzindo diretamente esgoto doméstico sem qualquer tratamento. Medidas de saneamento básico e de proteção ambiental podem causar um grande impacto de melhoria neste sistema.

3. Rio Ipojuca (PE)

O rio Ipojuca atravessa muitos municípios do interior de Pernambuco. Muitas dessas cidades apresentam nenhum ou um insuficiente sistema de saneamento e tratamento de esgoto doméstico, o que causa a contaminação da água. Algumas cidades do sertão pernambucano ainda apresentam um número elevado de casos de diarreia e leptospirose, doenças relacionadas a falta de segurança hídrica.

4. Rio dos Sinos (RS)

O rio mais poluído do Rio Grande do Sul atravessa mais de 30 cidades, incluindo a capital Porto Alegre. Além de problemas associados ao esgoto, o rio dos Sinos recebe quantidades consideráveis de dejetos industriais, especialmente da indústria de couro que possui grande relevância local. A produção de couro é considerada um dos ramos econômicos mais poluidor porque, mesmo em instalações altamente modernizadas e com alto monitoramento, o processo de curtimento da pele animal gera um chorume tóxico com elevadas concentrações de cromo e sulfeto. Soma-se ao problema a lavagem do couro e dos equipamentos, que pode carrear fungos, bactérias, fezes e restos de carne em processo de decomposição para os corpos d’água.

5. Rio Gravataí (RS)

Outro rio do estado de Rio Grande do Sul, o rio Gravataí separa as cidades de Canoas e Porto Alegre. Além do contexto poluidor do rio dos Sinos, este rio recebe resíduos diretamente de locais onde há criação de porcos e de empresas produtoras de adubo e areia. Os resíduos sólidos destes locais reduzem gravemente a turbidez da água, além de afetar diversos parâmetros físico-químicos.

Leia também:

Referências:

Barbosa, A.C. and Valério, C., 2009. Formação de espumas e gás sulfídrico (H2S) no rio Tietê, município de Pirapora do Bom Jesus, e sua relação com o sistema de tratamento das águas do rio Pinheiros. IPABHi, Seminário de Rec. Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul2, pp.199-206.

Malheiros, T.F., Phlippi Jr, A. and Coutinho, S.M.V., 2008. Agenda 21 nacional e indicadores de desenvolvimento sustentável: contexto brasileiro. Saúde e Sociedade17, pp.7-20.

Strieder, M.N., Ronchi, L.H., Stenert, C., Scherer, R.T. and Neiss, U.G., 2006. Medidas biológicas e índices de qualidade da água de uma microbacia com poluição urbana e de curtumes no sul do Brasil. Acta Biologica Leopondensia28(1), pp.17-24.

Arquivado em: Brasil, Ecologia, Hidrografia
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