Xeromorfia

Por Rafael Barty Dextro

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

Categorias: Ecologia
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Em ecologia, o termo usado para designar espécies vegetais adaptadas a condições áridas (desérticas) e semi-áridas é a xeromorfia (a palavra, de origem grega, significa “forma seca”). O xeromorfismo também pode ser observado fora dos climas desérticos, ocorrendo em solos com grandes concentrações de sais ou em ambientes em que o acesso a água seja limitado.

As plantas xeromórficas possuem características típicas que permitem diferencia-las de outros grupos vegetais:

As plantas xeromórficas ocorrem nos desertos, tanto nos quentes (como no Saara) quanto nos frios (como na Patagônia), nas savanas, cerrado, caatinga, pantanal, alpes e até mesmo em ambientes de grande umidade tais como as florestas tropicais. Deste modo, sua distribuição geográfica é global, ocorrendo inclusive nos ambientes ártico e antártico. Dentre os exemplos mais comuns dessas plantas podemos citar os cactos (família Cactaceae) e as bromélias (família Bromeliaceae). Contudo, a xeromorfia surgiu independentemente em muitas famílias vegetais, ocorrendo também entre as Fabaceae, Asparagaceae, Crassulaceae e outras.

Cactos no deserto. Foto: JL Jahn / Shutterstock.com

Algumas das plantas xeromórficas, especialmente aquelas que vivem em regiões muito quentes e secas, possuem um metabolismo diferente do C3 e C4, que são os predominantes no reino vegetal. Esse metabolismo especial é denominado CAM (ou Metabolismo Ácido das Crassuláceas) e sua característica principal é a inversão dos horários do dia em que a planta realiza a captação de CO2. Este gás é normalmente captado pelas plantas durante o dia, sendo utilizado para a síntese de açúcares através da energia luminosa absorvida do sol. Nos vegetais CAM, o CO2 é absorvido no período noturno, sendo retido no interior da célula na forma de ácido málico. Isto porque a abertura dos estômatos ocorre à noite, quando a temperatura é mais amena e não haverá grande perda de água por transpiração. De dia, o ácido málico é convertido em malato e transportado para os cloroplastos, onde o ciclo de Calvin utilizará esta molécula para produzir os açúcares que nutrirão todos os tecidos vegetais.

Referências:

Crawford, R.M.M. and Balfour, J., 1983. Female predominant sex ratios and physiological differentiation in arctic willows. The Journal of Ecology, pp.149-160.

Lyshede, O.B., 1979. Xeromorphic features of three stem assimilants in relation to their ecology. Botanical Journal of the Linnean Society, 78(2), pp.85-98.

Rotondi, A., Rossi, F., Asunis, C. and Cesaraccio, C., 2003. Leaf xeromorphic adaptations of some plants of a coastal Mediterranean macchia ecosystem. Journal of Mediterranean Ecology, 4, pp.25-36.

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