De acordo com o grau de penetração da luz solar na coluna de água, o ambiente marinho pode ser classificado em três zonas, com mais ou menos luminosidade: zona eufótica, que é a região que recebe grande luminosidade, possibilitando a ocorrência da fotossíntese, vai até cerca de 80 metros de profundidade; zona disfótica, camada de água que recebe pouca iluminação solar de forma difusa e vai até cerca de 200 metros de profundidade, e zona afótica, que é uma área totalmente escura, além dos 200 metros de profundidade.
A zona eufótica não está presente apenas no ambiente marinho, ela também ocorre em outros ambientes aquáticos lênticos, como lagos, lagoas e reservatórios. A profundidade da zona eufótica é variável e muito influenciada pela transparência da água. A transparência, por sua vez, é influenciada por substâncias presentes no meio, como detritos minerais, sedimentos e matéria orgânica dissolvida. A zona eufótica começa desde a interface água-atmosfera e vai até onde a intensidade de luz chega a 1% da intensidade presente na superfície. Ecossistemas rasos podem apresentar toda a coluna d’água representada pela zona eufótica, enquanto lagos eutrofizados podem apresentar apenas poucos centímetros desta zona. Em mar aberto a zona eufótica pode chegar até uma profundidade de aproximadamente 200 metros.
É na zona eufótica que se encontram os organismos fitoplanctônicos. O fitoplâncton (conjunto de algas microscópicas que fazem parte do plâncton) é a principal comunidade de organismos autotróficos marinhos, realizando mais de 90% da produção primária nesse ambiente. A produção primária realizada na zona eufótica é exportada para as águas mais profundas. Durante a descida, essa matéria orgânica é processada por microorganismos ou consumida por organismos que vivem nos ambientes mais profundos. Portanto, o crescimento e a atividade dos organismos fotossintetizantes são limitados pela disponibilidade de nutrientes, que na zona eufótica estão presentes em pequenas quantidades, pois a matéria orgânica no ambiente aquático se deposita em regiões muito abaixo desta zona. Pela ação dos ventos, a mistura das águas mais profundas com as águas superficiais determina a disponibilidade de nutrientes na zona eufótica.
Outros produtores primários também se encontram na zona eufótica, como as macrófitas aquáticas e algumas espécies de bactérias (cianobactérias). Por causa da abundância de energia solar, utilizada pelos produtores primários, na zona eufótica geralmente a taxa de fotossíntese excede a taxa de respiração. Portanto, nessa zona ocorre um elevado consumo de gás carbônico por causa da atividade fotossintética, ao mesmo tempo em que ocorre uma considerável produção de oxigênio.
Na zona eufótica também estão presentes outros organismos que fazem parte do plâncton (organismos muito pequenos, com pouca capacidade de locomoção, vivem suspensos na água e sujeitos ao seu movimento). Esse grupo reúne fungos, bactérias e organismos que fazem parte do zooplâncton, como protozoários, rotíferos, microcrustáceos, larvas de insetos, vermes, larvas de moluscos e de peixes e pequenos invertebrados.
O nécton, conjunto de organismos com capacidade de locomoção suficiente para vencer as correntes oceânicas, também está presente na zona eufótica. Nesse grupo estão incluídas diversas espécies de peixes, moluscos, répteis (como as tartarugas marinhas) e mamíferos aquáticos (como baleias e golfinhos). Portanto, é na zona eufótica que se concentra uma maior biodiversidade de organismos. Abaixo desta zona, com a diminuição da temperatura e o aumento da pressão, o ambiente se torna estressante e os organismos são poucos e distanciados entre si.
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Referências:
Gerling, C. et al. Manual de ecossistemas marinhos e costeiros para educadores. Santos, SP: Editora Comunnicar, 2016.
Esteves, F. A., Caliman, A. Águas continentais: Características do meio, compartimentos e suas comunidades. In book: Fundamentos de Limnologia, 3 edição, p.113-118.