Uma bolha econômica, bolha financeira ou bolha de mercado ocorre quando determinados ativos são comercializados em ampla escala a preços acima de seus valores reais, e posteriormente acontece o estouro, preços caem drasticamente e os investidores têm prejuízos. Ou seja, quando “cai na moda” investir em ativos que estão com um valor de mercado acima do seu valor intrínseco (ou seja, o valor "verdadeiro"), cujos investidores esperam obter lucros potentes. Isso costuma acontecer graças a uma alta demanda por esses ativos, a qual pode ser resultado de esperanças distorcidas sobre sua lucratividade futura.
Quando um ativo, imóveis, moeda ou outro bem tem seu preço valorizado e ganha fama de um bom investimento, e a valorização torna-se conhecida, muitos investidores se interessam em adquiri-los; e quando essa demanda se torna constante, os preços sobem ainda mais, se distanciando do seu valor real para cima, isto é, passando a ser mais caros do que deveriam ser em condições normais.
Em praticamente todas as bolhas modernas é comum a presença de dívidas, alavancagens (multiplicação da rentabilidade através de endividamento), e uso de colaterais, que são garantias em caso de calotes. As bolhas ainda são típicas de ocorrer em economias onde as taxas de juros são artificialmente reduzidas pelos bancos centrais, fator que torna investimentos vistos com maus olhos passarem a ser bem encarados pelos investidores, especialmente quando a expansão do crédito se direciona para um setor específico do mercado.
Foi o que ocorreu na Crise de 2008. A redução artificial dos juros para promover a expansão do crédito orquestrada pelo Banco Central Americano, que direcionou a economia para o setor imobiliário, atraiu uma gama de investidores para os títulos lastreados em hipotecas, que são investimentos feitos em cima de empréstimos, e no caso da bolha imobiliária americana, empréstimos para aqueles que não tinham condições de pagar. Quando os tomadores de empréstimos passaram a dar calotes após o aumento das taxas de juros, o valor líquido dos títulos hipotecários despencou e os investidores quebraram.
Mas as bolhas econômicas não são um produto da economia pós-moderna. Elas acorrem há muito tempo, e a primeira que se tem registro ocorreu no século XVII na Holanda. Foi a Bolha das Tulipas, ou Mania das Tulipas. Naquela época, as tulipas eram raras e só os mais ricos as tinham como decoração em suas casas. Ter tulipas era o símbolo do alto status. Mas estas flores só eram fornecidas pelos produtores em épocas determinadas do ano, não eram disponibilizadas em todo o tempo.
Os comerciantes começaram a vender um “vale tulipas”, título que dava direito à flor na época da colheita. Esses títulos eram comercializados amplamente na entressafra, e sua constante valorização atraiu pessoas que não queriam tulipas, estavam interessadas apenas em adquirir os títulos e revenderem mais caros para obterem lucros, de modo que os preços subiram tanto por causa da alta demanda que os compradores foram diminuindo. Quando ficou cada vez mais difícil vender os títulos de tulipas, os preços despencaram, porque os investidores queriam sair do negócio. E assim estourou a Mania das Tulipas.
Referências:
CASTRO, José Roberto. O que é uma bolha econômica e como ela se forma na economia. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/12/12/O-que-%C3%A9-uma-bolha.-E-como-ela-se-forma-na-economia>. Acesso em 01 de março de 2019.
EKULAND, Andrei. “É bolha! É um esquema Ponzi! Não tem lastro!” - Quais dessas acusações cabem ao Bitcoin?. Disponível: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2821>. Acesso em 01 de março de 2019.
Market Business News. What Is An Economic Bubble? Definition And Causes. Disponível em: <https://marketbusinessnews.com/financial-glossary/economic-bubble/>. Acesso em 01 de março de 2019.
ROQUE, Leandro. Como ocorreu a crise financeira americana. Disponível em: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1696>. Acesso em 15 de fevereiro de 2019.