Concentração de renda

Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2012)

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Concentração de renda é definida como a distribuição desigual de renda por unidade residencial ou indivíduo entre os diferentes participantes de uma economia. Normalmente a concentração de renda é apresentada como uma proporção entre renda e população (INVESTOPEDIA, 2017). Ela é medida por dois índices principais: coeficiente de Gini e curva de Lorenz.

Ambos os índices representam o ponto básico de partida para qualquer estudo sobre bem-estar econômico, economias em desenvolvimento, economia do trabalho, estatísticas econômicas e sociais, sociologia quantitativa e ciência política (BETTI; LEMMI, 2008). Mas por que estudar concentração de renda? Por que tantas áreas de conhecimento se dedicam a estudar este tema? Principalmente porque a desigualdade econômica é percebida como socialmente injusta e como uma violação dos princípios sociais de justiça. (ATKINSON; BOURGUIGNON, 2015).

Foto: Lisa S. / Shutterstock.com

O debate sobre desigualdade atinge diferentes aspectos, como culturais e sociais, porém, a distribuição de renda dedica-se a analisar os econômicos, especificamente. As desigualdades econômicas podem ser caracterizadas como monetárias ou não. Por não monetárias estão as relacionadas às capacidades e bem-estar.

Atualmente muitos estudos apontam que nunca se produziu tanta riqueza e, simultaneamente, nunca houve tanta pobreza. O que leva a questionar a concentração de riqueza em grupos cada vez menores. Estes estudos buscam principalmente explicações e medidas para mensurar a riqueza e encontrar melhores maneiras de desconcentrá-la. Um dos principais expoentes desta linha de trabalho é o economista francês Thomas Piketty – sua obra mais conhecida sobre o tema é “O capital no século XXI”. Outro importante autor sobre o tema é o vencedor do Prêmio Nobel Economia Joseph Stiglitz, em sua obra “O preço da desigualdade” ele discute como a distância entre ricos e pobres atrasa o desenvolvimento dos Estados Unidos.

No Brasil um dos autores que analisam a relação entre riqueza, distribuição e concentração de renda é Marcelo Medeiros. Suas pesquisas mais recentes apontam que a desigualdade social e a concentração de renda se mantiveram estáveis mesmo nos períodos (2006-2012) em que se apontava sua redução. Especialmente em 2010 houve um intenso debate sobre a redução da concentração de renda no Brasil ou não, os principais expoentes deste debate foram Marcelo Neri e Marcelo Pochmann. Neste momento o país experimentava intenso crescimento econômico e colhia o resultado de políticas sociais voltadas para o incentivo do consumo entre as classes mais pobres.

Marcelo Néri foi autor do estudo “A nova classe média – o lado brilhante da pirâmide”, neste trabalho ele demonstrava como uma nova classe média estava surgindo, indicando redução de concentração de renda e diminuição das desigualdades. Estudos como Desigualdade de Renda no Brasil: uma análise da queda recente, realizado pelos organizadores Ricardo Paes Barros, Miguel Nathan Fogel e Gabriel Ulyssea em 2006 e publicado pelo IPEA também identifica redução das desigualdades e da concentração de renda.

O que é incontestável para todos os autores, estrangeiros e brasileiros, é que a desigualdade social, e uma de suas causas, a concentração de renda, são prejudiciais para a democracia e possuem sérias consequências na vida das pessoas. A desigualdade é injusta porque impede o desenvolvimento das capacidades individuais, o acesso a direitos humanos básicos, como saúde, educação e segurança.

Referências Bibliográficas:

Investopedia. Income Inequality, 2017. Disponível em: http://www.investopedia.com/terms/i/income-inequality.asp.

BETTI, G; LEMMI, A. Advance on income inequality and concentration mesures. Routledge, New York, 2008.

ATIKINSON, A. B.; BOURGUIGNON, F. Handbook of income distribution. North Holand, 2015.

MEDEIROS, M. A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006-2012: estimativa com dados do imposto de renda e pesquisa domiciliares. Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):971-986, 2015.

Arquivado em: Economia
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