A desindustrialização do Brasil é um processo em que ocorre a diminuição das empresas industriais do país. Isso acarreta na queda de seu tecido produtivo e da geração de riqueza.
Durante a década de 1980 teve início o processo de desindustrialização do Brasil. Anteriormente, entre os anos 1950 e 1970, o país chegou a apresentar índice aproximado de 20% referente à participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto).
Porém, este resultado positivo decaiu e continuou mantendo-se em baixa nos anos 1990. Naquele período houve a abertura comercial no governo de Fernando Henrique Cardoso e a sobrevalorização cambial. Estes processos prejudicaram o setor industrial. Atrelado a isso, ocorreu o desenvolvimento industrial da China.
O Brasil continuou demonstrando diminuição da participação industrial e tecnológica no PIB até a década de 2010. Neste sentido, ganharam peso no país os segmentos que utilizam mão de obra com baixo índice de produção e qualificação técnica. Estes setores são os chamados low-tech (baixa tecnologia), que produzem produtos simples. Assim, o país ficou impossibilitado de fazer frente às grandes empresas de tecnologia avançada do mundo. Os famosos monopólios.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que um dos mais preocupantes índices da história econômica brasileira foi verificado em 2018. Naquele ano, a contribuição da indústria de transformação decaiu para 11,3% do PIB. Este foi considerado o pior percentual desde 1947.
Conforme a indústria de transformação decaiu entre os anos de 2017 e 2018, verificou-se sua perda percentual de 0,94 na formação do PIB. Assim, a cada R$ 10,00 referentes à riqueza gerada, somente R$ 1,13 correspondia à manufatura. Estes índices tornaram-se ainda mais relevantes quando comparados aos da China no mesmo período. O país Oriental apresentava relação de 10 unidades monetárias para 3 que tinham origem na área de manufatura.
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Prematuridade da desindustrialização brasileira
A desindustrialização do Brasil é considerada prematura, pois em seu início o país não apresentava um poder de renda per capita elevado. A gravidade deste panorama indicava que o Brasil havia pausado na escalada tecnológica.
Quando ocorre em países ricos, a desindustrialização não é tão preocupante como nos subdesenvolvidos. Isso ocorre pois as nações com maior desenvolvimento econômico apresentam renda per capita elevada de US$ 20 mil em paridade do poder de compra. Isso acontece devido a estes países já terem realizado a transição do segmento industrial low-tech e medium-tech (tecnologia média) para o high-tech (alta tecnologia). Com isso, apresentam serviços modernizados e de conhecimento agregado, como telecomunicações e informação, que sustentam a economia mesmo em momentos de desindustrialização.
Reindustrialização
O segmento industrial é o mais importante para o desenvolvimento econômico nacional. Apresenta a maior capacidade de inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, é o mais eficiente na capacidade de produção.
Ações relacionadas ao processo de reindustrialização contam com medidas como: depreciação do câmbio, modernização dos processos industriais e política educacional melhorada. Além disso, existe a necessidade de planejamento de médio prazo, investimentos de caráter público, reforma tributária e aprimoramento do coeficiente da exportação, baseado em acordos comerciais.
Desindustrialização e desemprego
Com a precariedade no setor industrial de alta tecnologia, surge a falta de reposição profissional. As empresas não conseguem absorver as pessoas com qualificação técnica e, desta forma, essa parcela da população migra para empregos com remuneração menor, processo conhecido como uberização.
A desindustrialização representa de forma sintomática um processo de desvalorização em todos os segmentos. Assim, aponta sintomaticamente para a intervenção da finança intercontinental na economia e política brasileiras.
Nos períodos anteriores à década de 1980 o país já demonstrou capacidade de desenvolvimento atrelada ao capital humano e processamento de recursos naturais. Assim, verifica-se que a chegada do neoliberalismo naquele período, apoiado em uma política de enfraquecimento do Estado, privatizações, baixo índice de investimento no setor educacional e economia focada somente na exportação, impossibilitou o crescimento industrial do Brasil.
Fontes:
MORCEIRO, Paulo César. Desindustrialização na economia brasileira no período 2000-2011: abordagens e indicadores. 1ª ed. São Paulo: Cultura Acadêmica (Editora Unesp), 2012.
http://www.fetecpr.org.br/desindustrializacao-histerese-e-o-complexo-debate-das-contas-publicas/
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/591964-desindustrializacao-no-brasil-e-acelerada-e-prematura