O conceito econômico de distribuição se refere à forma com que são repartidas as riquezas e os bens socialmente produzidos (em um sentido amplo, a renda) entre os indivíduos e entre os diferentes estratos da população em determinada sociedade.
As características da distribuição de renda e os mecanismos que a influenciam variam e dependem diretamente da organização da produção e da forma de propriedade vigente em cada sociedade. Portanto, a distribuição decorre do próprio processo produtivo e está relacionada com a divisão social do trabalho, ou seja, com a forma com que se encontram distribuídos os juros, lucros, rendas, salários e a propriedade dos fatores de produção.
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Distribuição, concentração e desigualdade de renda
A renda total de um país ou região encontra-se distribuída – em maior ou menor grau – de maneira diferenciada entre os indivíduos e diferentes camadas sociais. O tema da concentração de renda é um dos campos em que a teoria econômica se liga mais intimamente à análise sociológica e política.
Diferentes correntes de pensamento buscam justificar ou criticar a distribuição desigual da renda. As teorias que justificam a desigualdade costumam se basear nas diferenças de capacidades, escolaridade e méritos entre os indivíduos, argumentando ainda que a desigualdade seria desejável para incentivar a eficiência do mercado. Porém, a desigualdade é vista geralmente como indesejada e causadora de graves problemas sociais.
Medindo a distribuição de renda
Existem várias maneiras de se medir e analisar a distribuição de renda. Uma das medidas mais conhecidas é o Coeficiente de Gini, que varia de 0 a 1. Quanto mais se aproxima de 1, maior é a concentração da renda, quanto mais próximo de zero, mais igualitária é sua distribuição.
Outra conhecida ferramenta estatística é a Curva de Lorenz. Trata-se de uma representação gráfica da razão entre a população e o total da renda, que recebe o nome de seu criador.
Distribuição de renda no Brasil
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Na nossa história recente, o maior aumento na desigualdade se deu nas décadas de 1960 e 1970, em decorrência de uma política econômica que visava concentrar a renda nas classes mais ricas para incentivar o investimento e o consequente crescimento da produção. A ideia era crescer o bolo para depois reparti-lo. Para atingir tais objetivos, o governo militar reduziu os salários reais e reprimiu a organização dos trabalhadores. O coeficiente de Gini na década de 1970 estava acima de 0,6. A partir da redemocratização, significativos avanços de políticas sociais acarretou a redução do índice, que em 2010 chegou a 0,53. Apesar da diminuição da desigualdade, esse patamar ainda é bastante elevado comparado ao resto do mundo.
Políticas de redistribuição de renda
A distribuição de renda depende do funcionamento do mercado, que busca empregar os recursos de forma eficiente, mas não garante necessariamente que os recursos sejam alocados de forma justa. Como resultado, muitos economistas defendem que o governo deve redistribuir a renda para alcançar uma distribuição mais igualitária do bem estar econômico. Algumas dessas políticas, como o sistema de assistência social ou o seguro desemprego, tentam apoiar os membros da sociedade que são mais necessitados. Outros, como o imposto de renda individual progressivo, fazem com que os mais ricos contribuam mais para subsidiar o estado de bem estar social.
Referências bibliográficas:
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OXFAM BRASIL. A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras. Relatório publicado em 25 de setembro de 2017.
SANDRONI, P. (org.). Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.