Conforme Adam Smith, autor da celebre obra A riqueza das Nações, “O consumo é o objetivo e o desígnio único de qualquer produção”.
Nada mais direto para adentrar uma reflexão sobre como agem dois dos mais importantes mecanismos por trás das tendências da economia de mercado, oferta e procura, figuras tidas como responsáveis pela quantidade, disponibilidade e preço de tudo o que é produzido e/ou comercializado.
Seus efeitos se manifestam a partir de decisões, abstenções ou restrições de consumo. Entretanto, apesar de sofrer influências no campo das escolhas individuais, mesmo sendo tais predisposições coadjuvantes significativos no desdobramento das coisas, o mercado é igualmente vulnerável a outros tipos de ações cuja ocorrência é mais frequente do que seria razoável admitir.
Tomemos, por acaso, uma questão pontual. Recentemente (2016) o feijão, um dos principais alimentos que compõem a cesta básica de alimentação, provocou medidas emergenciais do governo, pois sua escassez em razão das baixas safras causadas por problemas climáticos acabou contribuindo com a elevação dos preços e a consequente desestabilização da economia.
Já havíamos experimentado transtornos equivalentes pelos mesmos motivos quando o tomate, outro item essencial, começou a se ausentar das prateleiras e a exaurir o bolso de quem não abrisse mão de seu comparecimento à mesa.
Excluindo as questões de caráter econômico mais amplo, pertinentes aos domínios da macroeconomia, ambos os episódios salientam algo importante: a impossibilidade de suprir totalmente um universo de interessados em algum produto favorece a elevação do preço, já que a baixa disponibilidade de um artigo não costuma refrear o consumo, ao contrário, instiga o desejo por sua obtenção literalmente a qualquer custo.
A circunstância se baseia no fato de que, para o produtor, cuja intenção será sempre vender seu produto o mais caro possível, num ambiente de alta procura e pouca oportunidade, surge o cenário ideal para que os preços decolem.
No quadro inverso, com abundância de opções e baixo interesse, os preços voltam a aterrissar, integrando um fenômeno instável que, segundo Smith, estaria a cargo de uma “mão invisível”, “entidade” representativa da interação entre consumidores e produtores nas situações de alternância de predomínio entre oferta e procura e suas repercussões de valor.
A procura, ou demanda, reflete o que se deseja consumir. Significa ter predisposição à compra, enquanto comprar é efetuar uma aquisição. Uma representa a intenção, enquanto a outra, a ação.
Por sua vez, a oferta tem a ver com o propósito principal por que as empresas se motivam a fabricar seus produtos. Da mesma forma que ocorre no caso da demanda, é importante distinguir a diferença entre oferecer e vender. Oferecer é ter a intenção ou estar disposto a vender, enquanto vender é fazê-lo realmente. Portanto, a oferta é regida pelo intuito de venda dos produtores.
A lei da oferta e da procura pretende coordenar o humor do mercado mediante as escolhas de seu público em relação aos produtos e serviços oferecidos. Do equilíbrio entre eventualidade e efetividade de compra resulta a quantidade e o preço razoáveis a que deve ser transacionado cada bem.
Tacitamente, compradores e vendedores pactuam o preço de um bem ou serviço e pelo valor apropriado ocorrem as transações. Os preços influenciam as decisões de produtores e consumidores no mercado. Preços baixos estimulam o consumo e inibem a produção, enquanto o inverso reduz o consumo e encoraja a produção.
De modo conclusivo, oferta e damanda são as forças que movem a economia de mercado. Determinan em que quantidade se deve produzir um produto e a que preço deve ser vendido.
Tudo gira em torno da relação entre empresas e consumidores. Desse convívio nascem os estímulos à procura, oferta e formação de preços. De um lado, se acha a demanda, onde se concentram as necessidades individuais de consumo. Do outro, a oferta, representando as empresas e seus produtos ou serviços. Entre ambas emerge o mercado, lugar em que se acomoda o intercambio de interesses.
Referências bibliográficas:
LAS FUERZAS DE MERCADO DE LA OFERTA Y LA DEMANDA. Disponível em: <http://deuv.cl/attachments/article/121/Mankiw%20C-04.pdf >. Acessado em 14/08/2016.
SMITH, ADAM. A riqueza das Nações. Editora Nova Cultural. Círculo do Livro, 1996.