Planos de combate à inflação no Brasil

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Durante muitos anos a inflação no Brasil constituiu-se num fenômeno que desafiou a economia nacional, e cujo combate, por fim, acabou por unir a população.

Antes um país exclusivamente agrário, voltado para a produção de produtos primários, o Brasil começou a experimentar o poder de um ciclo inflacionário quando decidiu mudar o perfil de sua economia, ao implantar sua própria indústria. Tal empreitada teria que ser executada praticamente do nada, pois o Brasil importava todo e qualquer produto manufaturado. Isto, claro, pediu um grande investimento por parte de um país que só poderia pagar com produtos agrícolas primários. Em tais situações, o que acontece é que o governo desvaloriza sua própria moeda, para incentivar a entrada de divisas, e começa a imprimir mais dinheiro, para custear os gastos dos investimentos, e com o Brasil, não foi tão diferente, pois já em 1942 é abandonado o padrão Real, que vinha sendo utilizado desde os tempos do Brasil Colônia, sendo adotada nova moeda, o Cruzeiro.

A inflação iria surgir como problema visível na administração de Juscelino Kubitschek, que deu prosseguimento à política de industrialização do Brasil, de modo ainda mais acelerado. No início do Regime Militar, o cenário era de paralisação econômica e aceleração inflacionária. As obras grandiosas planejadas pelos militares geraram uma conta a ser paga no futuro, pois os empréstimos que as pagavam faziam crescer a dívida externa exponencialmente. É implementado em 1964 o Plano de Ação Econômica do Governo - PAEG com o objetivo de diminuir a inflação que estava por volta de 7,65% ao mês, para 1,85% em 1968, mas sem nenhum sucesso.

Entre 1969 e 1973, porém, o país vive o chamado "Milagre Econômico", resultado de investimentos internos, empréstimos no exterior, além da súbita valorização dos produtos exportados. Ainda assim, a inflação estava em torno de 18%, a moeda seria rebatizada de Cruzeiro Novo em 1968, voltando a ser chamada de Cruzeiro em 1972.

No final da década de 1970 a inflação já atinge 94,8% ao ano, e a economia encontrava-se em completa estagnação. O Brasil estava literalmente quebrado no final do Regime Militar, com 211,02% de inflação ao ano.

O primeiro governo da Nova República, sob o comando de José Sarney inicia o ciclo dos "planos econômicos", pacotes de medidas destinadas ao combate da, agora, hiperinflação. O primeiro deles é o Plano Cruzado, que estabelece nova moeda, o Cruzado, cortando-se três zeros da moeda anterior para se fazer a conversão.

Preços e salários são congelados, e cria-se o sistema de "gatilho salarial", que consistia em aumentar automaticamente os rendimentos toda vez que os preços atingissem o percentual de 20%. A inflação, porém, volta a subir, alcançando 415,83% ao ano em 1987. Cria-se novo plano, chamado de Plano Bresser em 1987, também infrutífero, e em 1989 segue o Plano Verão, que corta mais três zeros da moeda, que agora passa a se chamar Cruzado Novo. À essa altura, o governo Sarney esperava apenas conter a inflação, não "domá-la", pois em 1989 ela atinge 1782,8% ao ano.

Segue-se, em 1990, o governo de Fernando Collor de Mello, o primeiro eleito diretamente desde a instituição do Regime Militar. Seu plano para combater a escalada de preços era drástico e arriscado, pois envolvia o confisco de valores da poupança e contas-corrente superior a CR$50,00, por 18 meses. Novo insucesso se segue, e o governo tenta novamente com o Plano Collor II, que não traria nenhuma novidade no horizonte, conseguindo conter a inflação por pouco tempo. Mais um plano se sucede, o Plano Bresser, de curta duração e pouquíssima eficácia. À época do impeachment de Fernando Collor e posse de seu vice, Itamar Franco, a inflação havia chegado a 2708% ao ano.

Finalmente, com o Plano Real, instituído em 1994 no governo Itamar Franco, tendo como ministro e idealizador o Ministro da Fazenda (Economia) Fernando Henrique Cardoso, realiza-se um esforço para esclarecer a população, unir os diferentes grupos econômicos, políticos e sociais em torno do objetivo comum de combate à inflação, corte de gastos públicos e enxugamento da máquina estatal, a inflação é contida de modo definitivo. Desde o Regime Militar até 30 de junho de 1994, o Brasil teve 5 (cinco) espécies de moedas, sendo que por duas vezes "resgatou" a mesma moeda, 5 (cinco) congelamentos de preços, 9 (nove) planos de estabilização econômica, 11 (onze) índices para medir a inflação, 16 (dezesseis) políticas salariais distintas, 21 (vinte e uma) propostas de pagamento da dívida externa e 54 (cinquenta e quatro) mudanças na política de preços.

Bibliografia:
NETO, Mário Ferreira . A História da Inflação e dos Juros no Brasil - A Evolução da Inflação e a Mudança de Moeda no Brasil . Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/64195/1/A-HISTORIA-DA-INFLACAO-E-DOS-JUROS-NO-BRASIL-/pagina1.html .Acesso em: 23 jul. 2011.

Arquivado em: Economia
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