Coordenação motora

Por Paula Rondinelli

Graduação em Educação Física (Unesp, 1999)
Mestre em Ciências da Motricidade (Unesp, 2002)
Doutorado em Integração da América Latina (USP, 2013)

Categorias: Educação Física
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Sempre se ouve a expressão “coordenação motora”, seja para avaliar uma criança escrevendo, seja para avaliar uma criança chutando uma bola, por exemplo. Mas você sabe no que consiste a coordenação motora?

O termo coordenação motora tem origem latina: cum ordo, significando com ordem. E Kiphard e Schilling têm uma ótima definição para o conceito que se está tratando aqui: “A interação harmoniosa e econômica do sistema musculoesquelético, do sistema nervoso e do sistema sensorial com o fim de produzir ações motoras precisas e equilibradas e reações rápidas adaptadas a situações que exigem uma adequada medida de força que determina a amplitude e velocidade do movimento, uma adequada seleção dos músculos que influenciam a condução e a orientação do movimento” (KIPHARD e SCHILLING, apud Lopes et al., 2003). Ou seja, de modo muito simplificado, significa dizer que se trata de um estímulo ao sistema nervoso, que responde utilizando um conjunto específico de músculos.

Entende-se, portanto, que professores devem desenvolver a coordenação motora principalmente em crianças, para que elas se permitam realizar atividades cotidianas. Como mostra Chaves et.al. (2012, p.301): “Crianças que apresentam movimentos precisos e equilibrados, e que sejam capazes de manifestar respostas rápidas e adequadas a cada situação, têm uma elevada probabilidade de sucesso no desempenho de suas tarefas diárias, sejam elas acadêmicas e/ou desportivas”, isso tende a se desenvolver também em aulas de Educação Física. Além disso, o estudo de Fernandes, Moura e Silva (2017) comprova que o trabalho com coordenação motora na escola confirma a relevância dos movimentos ao longo da vida do aluno, bem como de seu processo de escolarização.

Assim, pode-se compreender que a coordenação motora é capaz de permitir a coordenação de movimentos para atingir determinado objetivo. A coordenação motora é subdividida em duas vertentes: a coordenação motora fina e a coordenação motora grossa. A coordenação motora fina é aquela utilizada para movimentos mais delicados, como escrever, bordar, comer ou costurar. Já a coordenação motora grossa, se utiliza dos grandes grupos musculares, como é o caso de um chute em uma bola ou fazer um agachamento com peso sobre os ombros. Durante as aulas de Educação Física é fundamental que se desenvolva os dois tipos. A coordenação motora fina pode ser desenvolvida por meio de brincadeiras que envolvam atividades com as mãos, como desenhar, pintar, modelar massinha, atividade de pega-varetas, por exemplo. Já a coordenação motora grossa, pode ser desenvolvida com atividades em que se utilizam os grandes grupos motores ou até mesmo o corpo inteiro, como saltar, subir escadas, correr, atividades de força e agilidade, entre outros.

Brinquedo para exercício da coordenação motora em crianças.

Nesse sentido, nota-se a relevância do profissional de Educação Física para o desenvolvimento da coordenação motora, tanto fina quanto grossa, particularmente no trabalho com crianças. O trabalho com jogos e brincadeiras é especificamente benéfico para esse fim: a) no caso da coordenação motora grossa, podem ser feitos circuitos com obstáculos, caminhada do leão, caminhada do caranguejo, atividade de equilíbrio e saltos, apenas para exemplificar; b) no caso da coordenação motora fina, recortar, colar e pintar são algumas possibilidades. Deve-se sempre lembrar que a partir dos dois meses a criança já começa a fechar as mãos, o que indica um sinal de desenvolvimento da coordenação motora e se desenvolve visivelmente até os seis anos de idade. Por isso é necessário que se garanta lugar para professor especialista em Educação Física na Educação Infantil: porque o trabalho com coordenação motora em crianças apresenta um resultado que elas levarão para toda a vida.

Referências:

CHAVES, R.N. et.al. Variabilidade na coordenação motora: uma abordagem centrada no delineamento gemelar. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.26, n.2, p.301-11, abr./jun. 2012. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbefe/a/sgTwHy6JrYjSkYX4YFTWh4R/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 26/02/2022.

FERNANDES, S.P., MOURA, S.S., SILVA, S.A. Coordenação motora de escolares do ensino fundamental: influência de um programa de intervenção. Journal Physical Education, 28, 2017. Disponível em https://doi.org/10.4025/jphyseduc.v28i1.2842. Acesso em 26/02/2022.

LOPES, V.P. et.al. Estudo do nível de desenvolvimento da coordenação motora da população escolar (6 a 10 anos de idade) da Região Autónoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2003, v.3, n.1. Disponível em https://rpcd.fade.up.pt/_arquivo/artigos_soltos/vol.3_nr.1/1.5.investigacao.pdf. Acesso em 26/02/2022.

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