Crianças podem fazer musculação?

Graduação em Educação Física (Unesp, 1999)
Mestre em Ciências da Motricidade (Unesp, 2002)
Doutorado em Integração da América Latina (USP, 2013)

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A musculação é um tipo de atividade física bastante comum entre adultos. Mas, e entre crianças e adolescentes? Eles podem ser praticantes de musculação?

Segundo Pontes (2008), nas décadas de 70 e 80 era comum o discurso de que crianças e exercícios com pesos não combinavam, pois poderia impedir o crescimento, poderia resultar em problemas cardíacos, além de desvios patológicos na coluna vertebral.

Atualmente, o quadro mudou: a Sociedade Brasileira de Pediatria diz que sim: crianças podem fazer musculação. A musculação se utiliza de pesos fixos, pesos livres ou mesmo o peso do próprio corpo, e que todos os tipos podem ser utilizados para a prática infantil, desde que adequado à criança. Como benefícios para crianças tem-se o aumento da força muscular, redução do risco de fraturas, haja vista aumento na resistência dos ossos, aumento da produção de hormônio do crescimento e testosterona, além de melhoria de adaptações neuronais.

Como recomendações para garantir que a prática seja feita com responsabilidade, tem-se:

  1. Avaliação de saúde para garantir que a criança seja saudável, com peso adequado e nutrição adequada;
  2. Garantir que o profissional responsável pelo programa de treinamento seja preparado para orientar crianças.

É necessário mencionar que qualquer prática pode provocar lesão desde que mal orientada. No que se refere à musculação para crianças e adolescentes, esse quadro não é diferente: se a prática for bem orientada, ela deverá trabalhar com aproximadamente entre 40% e 50% da força máxima. (SBP, s/d)

Caseri apud Andrade (2011) também relata benefícios a partir da prática da musculação em crianças e adolescentes, como “aumento de força e resistência muscular, com fortalecimento de ligamentos e tendões, melhora na estabilidade articular, coordenação intra e inter muscular, condicionamento cardiorrespiratório, aumento de massa óssea, melhora nos perfis lipídicos e efeitos positivos no desenvolvimento corporal em geral, além da melhora da autoestima”.

Entre os principais indicadores relativos ao treinamento resistido para crianças e adolescentes, mitos e verdades, retrata-se aqui o quadro feito por Benedet et.al. (2013, p.45):

“Características dos exercícios e da sessão: Realizar 8 a 12 exercícios estruturais para todo o corpo; 8 a 15 repetições; volume moderado; intensidade moderada a baixa; isotônico; treinamento cardiovascular e de flexibilidade concomitante; 2 a 3 vezes na semana em dias alternados; variar sistematicamente as sessões; utilizar inicialmente o peso do corpo seguido de equipamentos ou acessórios adequados ergonomicamente.

Enfatizar: amplitude completa; técnica correta; ambiente, materiais e equipamentos adequados e seguros; supervisão por adulto qualificado; ingestão adequada de líquidos e alimentos; priorizar força, resistência, equilíbrio e coordenação.

Evitar: Intensidade e volume elevados; caráter competitivo, power lifting e body building; esteróides anabolizantes e substâncias ilícitas; suplementos de forma arbitrária; equipamentos e ambiente do adulto.

Mitos: TR provoca lesões e compromete indicadores antropométricos (peso, estatura), cardiorrespiratórios, hemodinâmicos e flexibilidade.

Verdades: Treinamento rigoroso pode prejudicar a saúde; programas adequados à maturidade física e emocional são seguros e promovem melhorias nas habilidades motoras, no bem estar psicossocial e na resistência a lesões.”

Logo, observa-se em três autores diferentes que a musculação é benéfica a crianças e adolescentes, desde que tratada de modo adequado, como a técnica correta para a execução, ambiente seguro, supervisão e treinamentos correto e ambiente apropriado para crianças. Ainda, deve-se lembrar que os treinamentos deverão ser feitos de modo moderado, porém com regularidade. E, assim, acredita-se que com todos esses elementos listados, podem se apresentar como estímulo para a prática de musculação em crianças e adolescentes.

Referências:

ANDRADE, F.A. et.al. Treinamento de força em crianças e adolescentes pré-púberes. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011. Acesso em 03/03/2022.

BENEDET, J. et.al. Treinamento resistido para crianças e adolescentes. Arquivos brasileiros de ciências da saúde, v.38, n.1, 2013. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1983-2451/2013/v38n1/a3663.pdf. Acesso em 03/03/2022.

PONTES, A. Crianças e musculação, 2008. Disponível em: http://alexpontespersonal.blogspot.com/2008/09/crianas-e-musculao.html. Acesso em 03/03/2022.

SOCIEDADE brasileira de pediatria. Musculação em crianças e adolescentes, s/d. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolvimento/musculacao-em-criancas-e-adolescentes/. Acesso em 03/03/2022.

Arquivado em: Educação Física
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