É um fato que a psicomotricidade se apresenta como uma proposta de melhora para a autoestima, para a autoconfiança, melhoria do tônus muscular, entre outros. Mas, afinal, em que consiste a psicomotricidade?
A psicomotricidade se apresenta como “uma ciência neurofuncional, na qual, o ser humano é visto com um corpo único e indivisível, e se desenvolve sobre três aspectos: cognitivo (intelectual), motor (movimento) e o afetivo (relação), gerando assim o equilíbrio biopsicossocial. O trabalho psicomotor com o foco no controle tônico postural possibilita minimizar as dificuldades de aprendizagem, conscientização do ritmo, atenção, concentração, no esquema imagem corporal, no processo de aprendizagem.” (FERNANDES, BARROS, 2015, s/p) Isso significa dizer que a psicomotricidade se insere enquanto parte da ciência da saúde e da educação e se revela como “ a educação por meio do movimento”.
Historicamente falando, o surgimento da psicomotricidade ocorreu na França, no início do século XX, especificamente entre 1900 e 1940, com Dupré ao observar que a existência de anomalias psicológicas tinha relação com anomalias motoras. Nesse sentido, o corpo se transforma em objeto de estudo de três áreas distintas, porém complementares: psiquiatria, psicologia e neurologia. Logo, Dupré se opõe à dualidade cartesiana entre corpo e mente e busca uma compreensão única entre mente e movimento. (FERNANDES, BARROS, 2015)
O estudo de Lussac (2009) se propõe a uma discussão interessante e completamente pertinente a discussão psicomotora: é o tônus muscular resguardado de significado? Para tanto, Lussac (2009) apud Oliveira mostra “todo movimento se realiza sobre um fundo tônico e um dos aspectos fundamentais é a sua ligação com as emoções. A boa evolução da afetividade é expressa através da postura, de atitudes, das condutas e dos comportamentos, incluindo as condutas e os comportamentos motores. Podemos transmitir, sem palavras, através de uma linguagem corporal, todo o nosso estado interior, de sentimento e de pensamento. Transmitimos a dor, o medo, a alegria, a tristeza e os nossos conceitos, inclusive o conceito de nós mesmos.” (p.1) Logo, entende-se que é possível que sim: que o tono seja um dos locais no corpo onde se armazenam os sentimentos. Isso significa pensar a psicomotricidade.
Em termos práticos, como é possível trabalhar a psicomotricidade, seja em sala de aula, seja em casa, com seu filho? Há diversas atividades que possibilitam o desenvolvimento do aspecto psicomotor. Seguem alguns exemplos:
- com tampinhas de garrafa - empurrar as tampinhas dando “petelecos” de um ponto A a um ponto B; em uma bacia com água, deixar boiando algumas tampinhas que as crianças deverão pegar utilizando apenas uma colher, sem o auxílio da outra mão; caminhar com a tampinha no topo da cabeça. Todas as atividades devem ser realizadas com ambas as mãos;
- com corda – andar sobre a corda; pular a corda;
- Circuito apropriado para crianças – deve-se reunir aproximadamente cinco atividades diferentes, que contemplem a faixa etária dos participantes, de modo que haverá um rodízio de brincadeiras e todos os participantes passem por todas as brincadeiras;
- Com bola - Jogar bola seja para um colega, seja para o alto;
- Com um anel ou outro objeto pequeno - Brincadeira de passa anel.
Assim, a proposta da psicomotricidade é o trabalho do ser humano integral, e inclusive, foi possível mostrar que os sentimentos podem ser refletidos – ou até mesmo armazenados – no tônus muscular, local que representa o corpo em todas as suas dimensões. Além disso, também foi possível observar alguns poucos exemplos de atividades que podem ser feitas visando a proposta da psicomotricidade. Foram apenas alguns, mas as possibilidades são inúmeras!
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Referências:
FERNANDES, D.G.D., BARROS, C.L. Psicomotricidade: conceito e história. Revista conexão eletrônica, v.12, n.1, 2015. Disponível em http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2015/downloads/3.%20Ci%C3%AAncias%20Sociais%20Aplicadas%20e%20Ci%C3%AAncias%20Humanas/037%20%28Psicologia%29%20PSICOMOTRICIDADE%20-%20Conceito%20e%20Hist%C3%B3ria.pdf. Acesso em 01/03/2022.
LUSSAC, R.M.P. O tônus muscular enquanto portador de significado: subsídios para a compreensão do tono como linguagem corporal. www.efdeesportes.com, Buenos Aires, v.13, n.128, 2009. Disponível em https://www.efdeportes.com/efd128/subsidios-para-a-compreensao-do-tono-como-linguagem-corporal.htm. Acesso em 01/03/2022.