Como os alunos se manifestam sobre seu interesse pelas aulas de Química? Parte II

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

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O atual sistema de formação de professores não é adequado à formação de profissionais que serão capazes de formar sujeitos críticos, pesquisadores, capazes de investigar sua realidade e utilizar das informações que recebe para modificá-la, requisitos que se espera na atual conjectura social. A prática pedagógica em sala de aula, quando tratamos do conhecimento científico, não faz surgir nos alunos o efeito necessário, uma vez que o seu próprio desinteresse aponta para esse caminho.

Aquela nossa sadia curiosidade da infância em relação aos mistérios humanos, históricos e sociais, muitas vezes alimentado pelas relações familiares e de amizade, logo se dilui em um emaranhado de fórmulas matemáticas e conceitos astronomicamente distantes de sua realidade quando percorre seus primeiros passos em uma escola regular. Esta criança descobre então que não poderá compreender a realidade, pois esta é demasiadamente complexa para seu intelecto, e sua curiosidade logo cede lugar à apatia frente ao que não entende. E esta chama natural, infelizmente, quando apagada, dificilmente poderá ser restabelecida.

O método tradicional de aulas, com transmissão de conhecimento já  estabelecido, empregado em uma sala de aula no tratamento das questões das Ciências da Natureza e suas Tecnologias, força uma crescente desestimulação do educando. Em algumas situações, podem apresentar proposições tais como: o recorrente desperdício de sua natureza pensante quando propõe aos alunos a memorização uma infinidade de dados que não poderão ser aplicados em sua vida real e a supervalorização de uma exatidão hoje reconhecidamente inexistente na ciência.

Este primeiro aspecto, visível já nos primeiros anos de estudos formais, reverte-se contra a natureza humana, uma vez que, em geral, não estimula a criatividade do aluno e seu potencial de inovação e adaptação, mas lhe oferece um método consolidado, do qual não poderá distanciar-se com risco do erro a possibilidade de deparar-se com o “monstro” da reprovação. Mas, quando se pratica em demasia a busca de alternativas já existentes e jamais parte-se para a imaginação e para o improviso na resolução de problemas, em um curto período essas ferramentas não mais poderão ser alteradas, pois serão as únicas conhecidas para todo e qualquer fim. Assim, quando se enfrenta com um problema científico, não é a capacidade de interpretá-lo, de forma lógica e racional, que é avaliada pelo educador, mas apenas se o educando dispõe das informações necessárias à sua resolução. Hoje, entretanto, percebemos que as ferramentas indispensáveis em qualquer processo de formação cognitiva são a interpretação e o raciocínio lógico, as quais, quando devidamente trabalhadas, capacitam o cidadão a não apenas resolver aos problemas que lhe serão oferecidos nos processos de ensino e aprendizagem, mas a tomar as melhores decisões em seu contexto social. Uma vez que não formemos sujeitos pensantes, nada poderão fazer com as informações que durante anos recebem sobre ciências naturais.

Referências:

CAPRA, F.; The Web of Life. Cultrix & Amana-Key, São Paulo, 1996.

KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.

MALDANER, Otavio A. A formação inicial e continuada de professores de Química: professores/pesquisadores. 3 ed.. Ijuí: Editora Unijuí, 2006.

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