O conceito de educação integral baseia-se na formação do indivíduo em sua integração máxima. Desta forma, busca disponibilizar ao sujeito uma grande variedade de instâncias culturais, colocando-o não somente como um ser cognitivo, mas também social, inteligível, subjetivo e emocional. O processo que faz uso da educação integral busca enxergar os seres humanos a partir de todas as suas facetas. Coloca o aprendiz dentro de um sistema do qual poderá integrar-se interna e externamente, de maneira plena, agregando ao seu círculo social.
Não se deve confundir educação integral com educação em tempo integral, visto que a segunda se refere ao tempo em que o aluno passa na instituição de ensino; e não da sua integralidade educacional. Para os adeptos da educação integral, o ser humano precisa ser reconhecido como um todo e não de forma fragmentária. Para eles, não existe distinção entre o intelecto e o corpo.
Desta forma, a educação integral acredita na possibilidade de que os espaços voltados para a educação sejam ampliados e projetados para a exterioridade do ambiente escolar. Assim, entrariam em abrangência no processo educativo as instâncias da comunidade como: parques, bibliotecas, museus, igrejas, salões, entre outras áreas de convívio mútuo. Um das frases mais conhecidas para definir os conceitos propagados pela educação integral é: “para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira”.
Dentro do contexto da educação integral existe um lado político voltado para o cidadão, colocando-o como elemento modificador da realidade. A partir de uma atuação crítica e emancipatória no campo educacional, a educação integral estabelece ferramentas para que a autonomia dos educandos seja gradativamente formada, tornando-os cidadãos completos.
Um nome importante na história da educação integral foi o de José Pacheco, pedagogo, antropólogo e educador português que atuou pela democratização no campo da educação. Ele defendeu a criação de uma escola livre, sem turmas, séries, exames e reprovações; sendo que o Projeto Âncora – de que participou – foi baseado no método de ensino da Escola de Ponte, uma das primeiras escolas de educação integral, localizada em Portugal, com foco no protagonismo e na autonomia dos alunos.
Educação integral no Brasil
O começo da educação integral no Brasil despontou por meio de educadores de diversos matizes ideológicos. Anísio Teixeira, educador, intelectual e jurista brasileiro, nascido em 1900, inaugurou a primeira escola integral brasileira ainda nos anos 1950. O projeto foi realizado em Salvador (Bahia) por meio do Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Na década seguinte, Juscelino Kubitschek fez convite para que Anísio Teixeira aplicasse este método educacional em Brasília. Juntamente com Oscar Niemeyer, o projeto teve início com a construção de superquadras onde os educandos eram atendidos por quatro escolas-classe para sua educação formal clássica. Para atividades educacionais de caráter artístico, esportivo e cultural, os estudantes faziam uso de uma escola-parque.
Na década de 1980, época do governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro, ocorreu a construção dos Centros Integrados de Educação Púbica (CIEPS), aplicando a educação integral a partir de diretrizes feitas em conjunto com Darcy Ribeiro, historiador, sociólogo e político brasileiro. Os CIEPS, além da educação integral, ofereciam refeições completas, atendimento odontológico e médico aos alunos.
A educação integral é diversas vezes colocada em paralelo com as ideias de Paulo Freire, educador e filósofo brasileiro. Para ele, o ato do aprendizado seria como uma experiência criadora e não somente uma repetição das atividades propostas pela escola. O educador indicou em 1961 que fossem criados os centros de cultura, defendendo a educação em uma perspectiva integral: desenvolver as capacidades plenas das crianças e também de adultos, enxergar a educação como forma de libertação e humanização, na qual o aprendizado é construção, reconstrução e constatação para mudança.
Bibliografia:
https://novaescola.org.br/conteudo/8073/educacao-integral
https://www.scielo.br/j/ccedes/a/s9H3HrY6rx9XKsgz58jNrhs/?lang=pt