Conforme dados do Ministério da Educação, apesar do campo abrigar apenas 13% dos estudantes brasileiros, metade das escolas do Brasil estão localizadas na esfera rural. Ironicamente, porém, a média dos anos em que um aluno permanece na sala de aula neste meio é de apenas 4 anos, em contraposição ao aprendiz das cidades, o qual contabiliza uma escolaridade de 7 anos.
Além disso, pelo menos 50% das escolas rurais apresenta uma estrutura precária, com somente uma classe, ao contrário do perímetro urbano, no qual mais da metade dos estabelecimentos de ensino tem espaço para mais de 300 estudantes. Um dos fatores que mais propiciaram praticamente o abandono destas escolas foi a fuga dos agricultores para os centros urbanos, o que provocou uma redução do nível demográfico no ambiente rural.
De olho nestes índices, governantes perderam o estímulo de aprimorar a educação rural, especialmente depois dos anos 70. Enquanto em todo o Estado de São Paulo havia, na década de 50, aproximadamente 15 mil classes, atualmente calcula-se a existência de 1.867 estabelecimentos de ensino, boa parte deles geridos pelas instâncias municipais. O principal investimento dos políticos foi no campo dos meios de transporte escolares, os quais podiam conduzir os estudantes às escolas urbanas.
Recentemente uma nova iniciativa vem transformando esse cenário desolador. Tudo teve início com uma modificação na esfera verbal – estes estabelecimentos passam a ser denominados ‘escolas do campo’, não rurais. As mudanças não param por aí; currículos, métodos didáticos e o calendário escolar passam também por profundas mutações, agora levando em consideração o contexto de cada lugar.
Este projeto conta com o suporte do Ministério da Educação, que já ratificou, em 2002, as diretivas educacionais iniciais, necessárias para a estruturação das escolas na região rural. Em fevereiro de 2006 o Conselho Nacional de Educação permitiu que fossem considerados dias letivos também os momentos em que os alunos estudam em suas residências, promovendo projetos agrícolas junto aos seus familiares, supervisionados pelos estabelecimentos de ensino.
Esta é a chamada Pedagogia da Alternância, a qual adapta a estrutura pedagógica ao ritmo dos alunos, que precisam, além de estudar, executar tarefas profissionais em suas terras. Eles sobrevivem do trabalho agrícola, marco econômico de quase todo o campo, como, por exemplo, o estado de Santa Catarina.
Nesta região os pais muitas vezes não permitem, em algumas ocasiões, que seus filhos freqüentem a escola, pois a mão-de-obra filial é essencial, uma vez que eles não têm recursos financeiros suficientes para empregar outros funcionários. O governo adotou então um processo de capacitação agrícola, o qual visa educar integralmente os aprendizes, seus familiares e todo o grupo social.
A casa familiar rural permite que o aluno ao mesmo tempo não deixe a família sem apoio, nem se distancie da escola, e ainda possa aprender com tarefas cumpridas no seio da família; isto, com certeza, elimina o risco do êxodo rural. Neste curso, que dura três anos, o estudante fica uma semana no ambiente escolar e duas nas terras de seus familiares, nas quais ele pratica o que aprendeu, supervisionado por monitores que vão de vez em quando ao seu encontro para analisar os resultados do projeto.
Os aprendizes têm em média 14 anos, filhos ou filhas de pequenos agricultores; os frutos deste trabalho desenvolvem pessoalmente cada aluno, promovendo o aumento da produção, graças a um saber ampliado sobre técnicas conquistadas ao longo do aprendizado. Este projeto foi agraciado com um prêmio no terceiro concurso de vivências renovadoras de gestão na administração pública federal.
Fontes:
http://aprendiz.uol.com.br/content/cilehofros.mmp
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/inovacao-escola-rural-educa-o-agricultor-em-casa/22755/