Escolas Indígenas: uma busca pela cultura sufocada

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Resumo

A importância de encontrar a identidade cultural, que foi sufocada mediante a tantas imposições sofridas pelo nosso índio, primeiramente pelos portugueses e no decorrer da história por tantos outros povos, é o objetivo principal desse artigo, além de informar como se deu tal processo de imposição de outra cultura sobre a indígena. A forma de vida , a língua, os hábitos em geral, devem ser bem estudados e repassados como conhecimento a ser adquiridos, nas comunidades indígenas ainda existentes e preservadas no Brasil, além das não-indigenas também. A forma como as políticas públicas, tanto nacionais como internacionais vêem essas comunidades, que estão tentando um regate cultural em um mundo capitalista, é importante para entender a ideologia proposta por nossa realidade político-econômica. Todos esses dados nos ajudam a compreender os caminhos percorridos por nossos peles-vermelha, na “Terra dos Papagaios”.

Palavras-chaves: Identidade cultural; Políticas públicas; Folclórico; Imposição; Escolas.

A luta contra os colonizadores ainda não acabou. Todos os acontecimentos ocorridos durante esses 509 de Brasil, onde a população aqui encontrada foi severamente punida ( sem ter consciência do porquê tudo estava a acontecer) por não possuir igualdades culturais com seus invasores, deve ser estudada mais profundamente para que, possamos entrar em debate sobre os verdadeiros acontecimentos e fatores que contribuíram par a realidade vivenciada por nossos índios na atualidade. A importância dessas pesquisas e estudos se dá pela necessidade desses índios encontrar sua identidade cultural, que foi abafada diante da imposição dos colonizadores europeus. Porém essa necessidade de conhecimento sócio-cultural não é exclusivamente dos de origem direta indígena, mas também daqueles que possuem em sua árvore genealógica ou não, o sangue dos peles-vermelha.

A necessidade para essa busca se dá, em desvendar um índio real. Um ser de virtudes e fraquezas, sem possuir uma visão distorcida, menosprezada ou mística. Isso porque, a visão passada pelos que aqui chegam em 1500, era de uma sociedade com seres sem pudor, que não possuíam vestes, que praticavam atos de “barbárie”. Essa visão torna nosso índio um personagem atípico e folclórico, com tangas, penas na cabeça e um arco-e-flecha nas mãos.

A visão eurocêntrica dos colonizadores foi fatal para que o processo de genocídio se desenvolvesse. Porém essa visão é unilateral, que busca apenas satisfazer a compreensão dos que chegam a uma terra desconhecida e encontram uma civilização completamente diferente das civilizações européias, as quais estavam acostumados. A forma encontrada para essas diferenças, foi sufocar, ou melhor, modificar a forma como esses indígenas viviam. Para isso diversos métodos foram utilizados visando “civilizar” essa população, que silenciosamente ainda busca suas raízes sócio-culturais sufocadas.

Uma cultura riquíssima, que variava de acordo com a tribo , mas que em um contexto geral era parecida. A forma de religião, de dança, guerra, economia, administração etc. Todos esses assuntos são fontes de riquezas a serem explorados por todos aqueles que se dizem brasileiros, pois temos que conhecer aqueles que estavam presos a essa terra antes da chegada dos franceses, espanhóis, holandeses, portugueses, entre outros. Que implantaram aqui sua organização político, econômico, administrativo, além de social, cultural e religiosa.

E todo esse processo não para de crescer, antes era por imposição e agora por necessidade de expansão do mercado externo, a cultura inglesa e francesa durante o Império, a norte-americana principalmente durante as primeiras décadas após a 1º Guerra Mundial, e se deixarmos a chinesa na atualidade, pelo fator econômico onde, o mercado chinês cresce ao ponto de influenciar os outros países também.

Toda identidade deve ser restaurada, começando pelas reservas, onde se concentram a maior parte da população indígena ainda existente no Brasil. E esse é o principal objetivo da Escola Indígena, levar o conhecimento a essas populações, conhecimento não apenas de nível básico, mas também de nível médio e superior. Nada melhor para essas escolas que professores indígenas, para que os alunos sintam a força da cultura viva nesses mestres e possam ganhar maior incentivo e interesse.

A garantia de um ensino de qualidade deve ser responsabilidade não só do governo, mas também da sociedade em geral, que estará aprendendo sobre suas próprias raízes. Uma educação de variedades, onde o aluno possa aprender não só a história dos seus antepassados, mas também tudo o que é ensinado na escola regular. Para que essas crianças, adolescentes e adultos, tenham a possibilidade de melhorar a estrutura político-social em que vivem, e saber se impor mediante aos acontecimentos tecnológicos e globais do mundo atual.

É por todas essas possibilidades, que a escola indígena é necessária e de extrema importância. Temos que plantar sementes da curiosidade, regá-las com interesse, para que possam da árvores de estudos, folhas de pesquisas, flores de informação e frutos de conhecimentos. Deixar essa cultura mais um século, sem ser estudada e repassada a outros ouvintes, é negar informação e conhecimento, que é direito de todos.

O desenrolar da imposição

Quem chega nem sempre respeita os donos da casa, foi isso que aconteceu durante todo o desenrolar da História da Humanidade, desde as guerras Antigas até a “conquista” da América. O olhar, do invasor, sobre os que ali já se encontravam eram de inimigos ou de inferioridade, foi o que aconteceu particularmente no Brasil, onde esses invasores até hoje não param de chegar.

A começar com os Portugueses, que buscavam enriquecer devido ao metalismo vivido no Séc. XVI. Para isso utilizaram depois das colônias africanas, o Brasil como principal fonte de ouro, prata e pedras preciosas, sem falar no extrativismo vegetal e animal. Mas não foram apenas os portugueses que fizeram a exploração da nossa fauna e flora, os franceses utilizavam ate o nosso índio como forma de obter lucro, levando-os como animais exóticos a serem apreciados. Mas, nos detendo a priore à relação Portugal-Brasil, muitos acontecimentos são efetivamente importantes para o estudo que seguimos.

Quando o português chega, voltado para sua visão eurocentrica, desaprecia tudo aquilo que não faz parte de sua cultura. Mesmo como diz Prodanov (p.29), “a América sendo a concretização de fertilidade e de elementos capazes de modificas os padrões de vida dos europeus”, eles não se importaram em manter relações de respeito e harmonia com os nativos. Isto, devido ao fator de objetivarem a exploração da chamada colônia, independente de quem aqui habitasse.

A relação com o novo mundo, torna os acontecimentos mais intensos, devido ao clima de constante ameaças de outros Estados europeus, interessados em também explorar o Novo mundo. Ma para que essas ameaças fossem mais facilmente bloqueadas, foi necessário que Portugal fizesse núcleos fixos de povoamento na nova terra. E a partir daí, dessa fixação territorial, que os indígenas começaram sentir mais diretamente o imposição dos invasores.

Já tendo entrado contato com esses povos que chegavam, os indígenas também já possuíam uma relação estreita com os colonizadores. Segundo Chiavenato (p.65), “ganharam identificações carregadas de ideologia, como nativos e selvagens” e assim foram tratados. Por isso com núcleos fixos à terra, a facilidades de imposição tornou-se cada vez maior. Aos poucos o branco foi impondo a sua organização político-econômico-social, além de sua cultura e religião. Como também diz Chiavenato (p.67) “o grande defeito dos indígenas foi lutar por sua terra, em defesa apenas do seu modo de vida”. Primeiro, o branco precisava de mão-de-obra e assim tentou fazer do índio seu escravo, mudando o ritmo se vida levada pelo nativo, depois queriam salvar as almas, e para isso utilizaram de catequese para cristianizar, aqueles que viviam como pagãos, que não possuíam almas e que eram verdadeiros bárbaro.

Com a chegada dos Jesuítas, o processo de catequese ganhou ênfase, isso devido a necessidade do colonizador fazer com que o índio aceitasse sua condição subserviente de vida. Para evitar que reagissem a escravidão, a fuga e os hábitos tidos como pecado pelos brancos, hábitos esses como a antropofagia. Foram então cada vez mais submetidos à violência física e cultural, e tornou-se vitima de um silencioso genocídio continuo. Com Tomé de Souza, que chegou em 1549, vieram também os primeiros missionários chefiados por Manuel da Nóbrega.

Os missionários que vinham para o Brasil, queriam primeiramente salvar almas, mas não foi apenas isso que aconteceu durante o decorrer da história. Eles começaram querendo aproximar os indígenas dos povoamentos portugueses, para que assim eles pudessem se tornar cristãos. Nascerão então os chamados aldeamentos (1553) localizados sobretudo no litoral da Bahia, de São Paulo,da Capitania de São Vicente , no nordeste de Alagoas ao Ceará. Onde esses missionários levavam os indígenas para trabalhar para eles e aprender a fé cristã. Muitos realmente queriam proteger os índios da escravidão, mas outros, ou melhor a maioria, queriam escravos, situação que determinou continuas disputas entre colonizadores e jesuítas durante todo o período colonial. Pois cada aldeamento possuía sua própria roça (cana, algodão, tabaco, cacau, plantas medicinais etc), e isso tornava esses aldeamentos independentes e ameaçadores para os governantes.

Esses missionários se esforçavam para aprender as línguas indígenas, que não eram poucas, para assim ensiná-los melhor. Houve jesuítas que foram grandes conhecedores das línguas indígenas e escreveram catecismo, livros, orações, poemas e cânticos, tudo para aproximar-se mais dos índios e assim trazê-los para o mundo dos brancos. Foram realizados diversos batismos em massa, onde os índios perdiam seus nomes tribais e ganhavam nomes cristãos, além de “apreenderem” a fé e o mundo devocional. O legado indígena foi enquadrado num contexto social a partir daí.

Mediante à tantas lutas contra a opressão cultural e física, além das diversas guerras que destruíram muitos índios e descendentes de índios, que ainda possuíam um forte expressão cultural em sua vida cotidiana. A continuidade desse processo de genocídio, tornou o legado indígena também um componente folclórico.

O passar do tempo trouxe além dos portugueses e franceses, holandeses e ingleses. Que também implantaram aqui no nosso modo de agir culturalmente, afetando também a o sobreviver efetivo da cultural geral do indígena brasileiro. As normas culturais aplicadas diferentemente nas regiões do Brasil, devido em cada uma existir, uma maior influência de cada invasor em especifico. Eram apenas complementos na hora de sufocar ainda mais a cultura do nosso índio, que diante de tantas outras e sendo cada vez mais menosprezada foi ficando para traz.

Mas esse processo como foi dito antes, foi continuo. Após tantos europeus, com suas pompas e glórias, chega os africanos, que mesmo vindos a princípios em pequenas quantidades, trouxeram seus formas culturais, que foram implantados e também moldados no contexto social. Mas que de alguma forma impuseram e encobriram a cultura indígenas, mesmo que inconscientemente. De uma hora para outra, a população torna-se substancialmente descendente africana e consecutivamente sua cultura tomou um maior impulso e destaque. Tornando-se após a cultura portuguesa a de maior destaque no Brasil. Italianos, alemães, poloneses, espanhóis, libaneses, árabes, norte-americanos, japoneses entre outros, foram incrementando a nossa cultura e também abafando a raiz cultural da “Terra dos papagaios”, durante todo o percurso da nossa história cultural, ainda em transformação. Foi nesse berço “democrático racial”, que na verdade sempre existiu uma grande imposição cultural de todos os lados, imposição essa que se expandia de acordo com as transformações do mundo, ou seja, as migrações por motivos políticos, religiosos e econômicos; as tendências econômicas do mundo da globalização, além das outras que ainda aos poucos se firmam mediante a ascensão de novas potencias econômicas mundiais, como a China atual.

Toda essa dominação ideológica-cultural sentida pelos indígenas, serviu e ainda serve, para manter a massa passiva em relação aos acontecimentos vigentes, sem tentar qualquer alteração nos mesmos. Acontece que a condição de dependência imposta ao nativo, relaciona-se a relação de autoridade e dependência dos povos, como diz Darci Secchi :

“A autonomia das sociedades humanas alimenta-se de uma dependência original com uma língua, com um saber, enfim, com uma cultura [...]As sociedades abrem-se para incorporar novas energias, informações e maneiras de organização e com isso, criam novas dependências que ora precisaram ser equacionadas [...]A capacidade ou a incapacidade de implementar esses ajustes, isso é, o exercício do controle do sistema, foi o que determinou, em última instância, o percurso histórico dessas sociedades [...]todas as sociedades têm a capacidade de agregar elementos culturais externos que necessitam para o seu desenvolvimento, e que a manutenção da sua autonomia só é possível por meio ou através de dependências externas”.

Isso significa que mesmo em contato, como outras culturas, a sociedade que está recebendo influências diretas, precisa manter o controle dessas influências, para que não ocorra a destruição total de sua cultura. Mas a consciência desse controle, não chegou aos nossos peles-vermelha devido a forma rápida de devastação cultural sofrida durante o processo de colonização. Na verdade como já foi mencionado, os indígenas lutavam apenas por sua terra, sua auto-sustentação.

A identidade que foi sufocada

Existiam aproximadamente 5 milhões de índios no Brasil, onde apenas no litoral estavam aproximadamente 1 milhão e meio. Cada tribo, possuía seus próprios costumes, alguns até mesmo semelhantes entre si. Possuíam uma organização política, onde o cacique era uma personalidade importante, que tomava as decisões junto com todos os outros homens adultos da tribo. Os pagés, ou seja , os sacerdotes ficavam encarregados de zelar pela tradição das tribos. Dependiam da caça, da pesca, muitos eram nômades e outros já possuíam já uma vida sedentária, cultivando frutas,roças de milho, mandioca entre outras plantas comestíveis e medicinais.Todo o trabalho necessário para a sobrevivência da tribo, era feito em grupos e os produtos do trabalho era repartido por toda tribo, ou toda aldeia.

As crianças possuíam importância e eram respeitadas. Casa criança era tida como filha não apenas de seus pais, mas de toda a tribo. Sua escola era a vida, onde elas aprendiam todas as coisas necessárias para ocupar bem seu lugar na vida tribal. “Dessa escola nenhuma criança ficava de fora”, Valéria Rezende (p.12). A mulheres não deveriam ficar solteiras, pois deveriam sempre dar filhos para a tribo. No geral quando existia a quantidade de mulheres superior a de homens, os mesmo podiam praticar a poligamia, prática essa muito comum na maioria das tribos. Possuíam hábitos bem diferentes aos que os portugueses estavam acostumados a ver, com sua forma de vestir, pois andavam praticamente nus, apenas enfeitados de pulseiras, colares, cocais feitos com penas de animais, tangas etc. Faziam pinturas em seus corpos, pinturas que representavam cada tribo em especial, ou ocasiões especificas como celebrações e guerras.

Cultuavam seus antepassados e seus principais deuses, eram representantes da cosmologia. Em alguns rituais praticava a antropofagia, onde acreditavam receber nesse ato as virtudes do sacrificado. Esses homens que eram sacrificados, eram prisioneiros de guerra, pois assim como todo o mundo os índios possuíam fraquezas, sofriam perigos ao entrar na mata, ficavam doentes, guerreavam entre si etc.

As principais tribos encontradas no litoral são: Tupinabás, Kaiapós, Nhambiquares, Carijós, Guaranis, Caetés, Tremembés, Aimorés, Manaos, Tupiniquis, entre outros. Cada tribo possuía alguma peculiaridades: os kaiapós conheciam já em 1500 a anatomia das abelhas com detalhes parecidos com da nossa atual ciência, além de selecionar os animais a serem caçados, plantava roças e arvores na tentativa de harmonizar caça e agricultura, da forma que achavam necessário; os nhambiquares selecionavam as sementes pela cor; outros como os tupinabás tornam-se grandes guerreiros, eram tidos como tribos que viviam para a guerra.

Todas as relações entre essas tribos eram feitas pela linguagem, estima-se que cerca de 1.300 línguas indígenas diferentes eram faladas no Brasil há 500 anos. Essa línguas fazem parte de famílias, classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-Jê e Aruak. Ainda existe Famílias, entretanto, que não puderam ser identificadas ou relacionadas a nenhum destes troncos. São elas: Karib, Pano, Maku, Yanoama, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru. Ainda há línguas que se subdividem em diferentes dialetos, como, por exemplo, os falados pelos Krikatí, Ramkokamekrá (Canela), Apinayé, Krahó, Gavião (do Pará), Pükobyê e Apaniekrá (Canela), que são, todos, dialetos diferentes da língua Timbira.

A perca parcial dessas línguas foi um dos principais pontos sufocados, durante esses 507 ano de Brasil. O estudo sobre as línguas que ainda são faladas, e outras que são conhecidas apenas, são de extrema importância para a as Escolas Indígenas buscarem sua identidade cultural.

Existem diversos escritos em dialetos e línguas nativas, desde a época dos missionários jesuítas, franciscanos, e dominicanos. E o estudo dessas obras foram de grande importância para uma melhor compreensão dessas línguas, e podem ajudar diretamente no ensino nas nossas escolas para índios e também nas escolas públicas e privadas tidas como não-indígenas.

Na Amazônia o processo de passagem das línguas faladas, para o dialeto nhungutu (utilizado como forma de comunicação uma tanto para brancos, como para indígenas) e depois para o português se deu por meio de períodos:1) Fase de intérpretes (Séc.XVI); 2) Etapas de implantação do Nhunjatu; 3) expansão do nhungatu (1686-1757): 4) tentativas de portugalização (1757-1850); e 5) processo de hegemonia da língua portuguesa (a partir de 1850). Foi uma imposição feita a 688 grupos que falavam línhuas filiadas aos troncos Karib, Aruak pano, Jê e outras de famílias lingüísticas isoladas.

Mas não foi na parte lingüística, que culturalmente fomos impossibilitados de adquirir o conhecimentos. Os nossos peles-vermelha também observavam o céu, e dele além de seus deuses, faziam o que hoje chamamos de astronomia. Para os índios guaranis observavam algumas constelações como por exemplo: Ema, O homem velho (assim as chamavam), para acompanhar o clima e o tempo. Os astros possuíam um nome espiritual, diferentes dos utilizados para denomina-los no cotidiano, o próprio calendário que utilizavam eram ligado a trajetória do principal astro o sol.

Em 1914, onde a população brasileira era de aproximadamente de 25 milhões de habitantes. Os indígenas, que foram quase exterminados pelo decorrer da história, foram quase reduzidos a aproximadamente 1 milhão, espalhados por diversas regiões do território brasileiro. Além disso muitos ainda sofrem com os preconceitos, formados a sua identidade, como preguiçoso, frouxos etc.

Políticas pública versus Identidade cultural

Como disse Bandelot (1971,p.15): “A escola representa, par ideologia dominante, o lugar privilegiado onde, diante da objetividades do saber e da cultura [...] à origem de classe, desapareceu ou devem desaparecer”. Mas na realidade não é isso que acontece, já que a evolução econômica e política, interfere na evolução da organização do ensino. Isso se deve a influência do sistema econômico na criação de recursos humanos que devem ser preparados pra uma vida escolar. Entretanto, a herança cultural influi os valores e as escolhas da população que procura a escola, e é essa herança que atualmente, mesmo que muito defasada, faz com que os descendentes indígenas procurem uma melhora em sua educação para si próprio e para pode ser passado aos outros.

É nas escola que se aprende ou deve-se aprender, a respeitar as diferenças culturais. Que vão além de tudo que a escola pode transmitir, ou que as sociedades determinam como valores a serem preservados por meio da educação. Na verdade é algo mais abrangente que a parte intelectual, é o próprio viver humano. Porém essa cultura, depende da continuidade, e se relaciona ao processo de sobrevivência do homem e de sua condição humana. O que a população indígena por meio da expansão das instituições de ensino pretende é que não ocorra o desraizamento, pois isso seria a aniquilação total da identidade cultural indígena. A educação deve ser utilizada como forma de desenvolvimento, pois a ação educativa acontece quando se tem compreensão da realidade social, em que se estar presente, para poder ajudar a outros homens a se educarem. E esse é o objetivo das escolas indígenas, onde o que deve ser ensinado, não se relaciona apenas ao passado vivido pelo nativo, mas também seu papel em cultivar a identidade cultural, que pode e deve manifestar-se de forma intensa em uma sociedade que prega a diversidade cultural, como o Brasil. Para que todo o processo de educacional seja a herança cultural, deve influir diretamente sobre os objetivos perseguidos na demanda escolar, a economia, para que haja necessidade de qualificação profissional e expansão da educação escolarizada.

O poder que a política exerce tem influência direta na evolução da educação escolar, devido que se organiza e desenvolve-se para atender os interesses das camadas que estão favorecidas pela maior representação política. E que dependem do conteúdo social vigente, e do que oferecido nas escolas existentes. Para que tudo permaneça como esta, as instituições de ensino servem também como instrumento de reforço das desigualdades. É por isso, que a implantação de ensino direcionado para ampliação do conhecimento de não-indigenas (aqueles que sofrem com a descriminação sócio-racial-econômica) e indígenas, possuem tantos atropelos. Uma das problemáticas é a ideologia neoliberal, que considera as comunidades inúteis à dinâmica capitalista, pois não entram no padrão pretendido pela pós-modernidade. Houve períodos que marcaram essa dificuldade para o ensino indígena, como por exemplo: o período relacionado a vigência do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e do início da atuação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), onde existia uma maior exclusão indígena. Seguido do período que abrange o que se estendeu da década 70 a meados da década de 80 e enquadra-se no conjunto de iniciativas oficiais voltadas para a integração nacional e para o desenvolvimento do Centro-Oeste e da Amazônia, que serviu para justificar os empréstimos externos; a procura de redução aos conflitos com as frentes de ocupação e amenizou os impactos decorrentes da redução dos territórios indígenas. Além de servir também como resposta à opinião pública internacional que cobrava do governo brasileiro um tratamento mais adequado às populações indígenas afetadas pelos Programas de desenvolvimento nacional e regionais. Houve também o período de inclusão solidária, onde segundo Secchi:

“Na década de 1990 e se estende até os dias atuais. Sua principal característica é a tentativa de inclusão das sociedades indígenas no âmbito das políticas públicas voltadas às populações desassistidas. É na verdade conjunto de iniciativas de caráter assistencial que supõem a participação indígena e que busca “resgatar os valores étnicos, culturais e de cidadania. Esse modelo de política pública representa um grande avanço em relação aos períodos anteriores, porém ainda mantém a limitação de ser concebido, elaborado e avaliado segundo os critérios tendências das agências financiadoras e/ou das equipes técnicas não-indígenas. São políticas que contam apenas com a participação indígena.

O que acontece atualmente é o protagonismo indígena, onde ele se projeta para o futuro e que por meio do próprio movimento indígena e das instituições apoiadoras. Mas essa política reconhece a importância de manter uma relação de diálogo entre os âmbitos sociais e as instâncias do poder público. Foram criados organizações como a Pró-índio, que inicialmente é subordinado ao Departamento de Extensão da Sub-Reitoria de Extensão (SR-3), está atualmente vinculado à Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Departamento de Estudos Específicos em Educação - Área de Educação de Jovens e Adultos), foi criado em 1992 para promover pesquisas, prestar assessoria aos movimentos e organizações dos índios. Que desenvolve projetos como: Guia de Fontes para a História Indígena e do Indigenismo em Arquivos Brasileiros ; Aldeamentos Indígenas do Rio de Janeiro; e Guia de Coleções Etnográficas Brasileiras em Museus do Brasil e do Exterior.

Escolas: cultura viva e reconhecida

O objetivo dessas instituições é consolidar uma escola diferenciada e de qualidade, gerida e protagonizada pelos próprios índios a partir da formação de professores indígenas e de um currículo diferenciado. Oferecendo uma formação escolar básica às crianças e adolescentes, através de uma realidade vivenciada pelo sociedade em geral, onde poderão ser preparados para os padrões de comportamento da vida atual. Cada professor indígena deve desenvolver trabalhos de pesquisa sobre temas referente à sua realidade sociocultural. . Esses trabalhos são registrados em língua indígena e/ou em português por meio de textos e desenhos, para serem usados como materiais de apoio na escola. Deve existir a preocupação em registrar as narrativas tradicionais, a história oral de cada povo, os calendários de festas e da obtenção de alimentos, canções, remédios, rezas, tatuagens e pinturas corporais, a história do contato e da demarcação da terra, o artesanato, as frutas do mato, a fauna, os conhecimentos agrícolas da roça, a floresta e a capoeira, bem como o uso e conservação destes recursos. Todo esse movimento é para garantir a sociodiversidade da instituição, onde os alunos serão preparados pra o entendimento do passado em relação ao presente, envolvendo uma interdisciplinaridade e a busca dos mecanismos que possam equilibrar a convivência entre as diferenças étnicas existentes. O currículo deve ser elaborado seguindo os conhecimentos tradicionais da comunidade, sempre associados aos conhecimentos de outras culturas. E nada melhor que integrantes da tribo para articular e orientar o conhecimento de seus ancestrais, sua cultura e identidade em amplos aspectos. Os professores se destacam em suas comunidades, e sua importância é reconhecida. Seus conhecimentos somados com os dos idosos, também são utilizados nas aulas.

A educação escolar indígena no Brasil vem,, obtendo avanços no que diz respeito a legislação que a regula. A Constituição Federal assegura às comunidades indígenas o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem(artigo 210), cabendo ao Estado proteger as manifestações culturais indígenas conforme o artigo 215 e, também pela LDB, que da a oportunidade educação, por meio de artigos específicos. Em 2004, existiam mais de 2 mil professores cursando o magistério indígena, no Mato Grosso do Sul. O Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, que foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em 1998, reafirmou o direito do ensino bilíngüe, que essencialmente importante para o conhecimento dos costumes e historia de cada nação. Não podemos esquecer que o Brasil possui uma lingüística ampla em vista da influencias de povos que aqui se estabeleceram, ou que mantemos relações político-econômico-administrativas.

Em 2005, cerca de 164 mil índios estavam na escola, enquanto em 2002 eram cerca de 117 mil. Nesse período, o número de escolas indígenas no Brasil também cresceu: passou de 1,7 mil para 2,3mil.

São as muitas ações realizadas governo federal, principalmente a partir de 2003, estão ajudando os estados a desenvolverem uma educação escolar nos territórios indígenas. Como reflexo disso, existe um crescimento expressivo de matrícula, e do número de escolas em funcionamento. Existem muitos programas oferecendo a formação em ensino superior, que não seja só o ensino da escrita e leitura, mas também o ensino da política desses povos.

Educação indígena recebeu aproximadamente R$ 24 milhões (03/05/2006) – O Ministério da Educação (MEC) – para investir em educação indígena. Desse total, R$ 18 milhões eram para ser aplicados na construção, reforma e ampliação de escolas indígenas em todo o país.

Considerações finais

Todo o assunto que foi exposto serve para entender a importância de respeitarmos e valorizarmos a identidade cultural do índio brasileiro. O genocídio observado neste texto, serve de exemplo para que culturais não sejam mais perdidas ou vistas com menor importância.

O Brasil possui o slogan: “Brasil país de todos”, então o respeito deve ser algo indispensável, por meio da educação podemos transformar nosso país em algo melhor. Sem tantos preconceitos e individualidades, responsáveis por toda esses discriminação que vemos. O respeito pelo índio, que não é e nunca foi um personagem folclórico, deve estar presente na continuidade da busca por esse conhecimento de sua forma de vida anterior ao mundo capitalista, ou que ainda esta sendo vivenciado na atualidade por comunidades que ainda preservam os hábitos indígenas tão fortemente. Esse é um artigo de incentivo ao conhecimento cultural dos povos que aqui vivem, principalmente daqueles que já se encontravam nessa terra antes da colonização.

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