O desenvolvimento escolar de crianças e adolescentes é uma grande preocupação de pais e professores. Ele está relacionado às práticas vistas no ambiente familiar e ao escolar. Para que o aprendizado dos estudantes aconteça de forma satisfatória, há um elemento chave: a comunicação. Quando esse processo é ineficiente, as consequências podem perdurar até a vida adulta.
Um dos elementos que mais prejudicam os alunos é a comunicação realizada de forma violenta. Costuma-se entender a violência como agressão física, mas ela pode estar presente de forma sutil, passiva e inconsciente, porém com grande impacto emocional. Para que isso mude, é preciso alterar a estrutura imposta, possibilitando que o professor, os funcionários e os alunos reconheçam seus diferentes papeis na formação dos alunos e alunas.
Na sala de aula, há muitas situações nas quais um professor pode criar um espaço para o não entendimento. Frases como “Você não vai ter nenhum futuro se continuar assim”, “Como você nunca presta atenção, jamais vai entender o conteúdo” são alguns exemplos recorrentes. Da mesma forma, o aluno que ofende professores e funcionários na escola por não conseguir algo ou discordar também comete uma violência.
Quais as consequências de uma má comunicação na formação de estudantes?
Pode parecer que isso é corriqueiro e normal, mas as situações de comunicação violenta tornam-se parte do histórico de cada um. E é a longo prazo que o resultado desse aprendizado se manifesta. Os valores aprendidos são guardados e, de forma consciente ou não, interferem nas tomadas de decisões do indivíduo e nos seus relacionamentos.
Os diversos obstáculos na relação professor e aluno levam, por exemplo, a impedir que o estudante comunique suas dúvidas durante as aulas. Essa dificuldade pode relacionar-se com a necessidade de expressar que precisa de esclarecimentos. Imagine esse mesmo discente em um cenário no qual ele é um profissional com um cargo de gestão. Possivelmente, ele terá dificuldades para ouvir um liderado e entender suas demandas.
A má comunicação torna-se um processo cíclico, no qual as demandas reais não são expressas e prevalece o constrangimento ou a agressividade. Sabe-se que as interações no ambiente escolar servem como norteadoras para a atuação pessoal e profissional dos alunos. Por isso, se conseguirem romper esse ciclo repetitivo e nocivo, será possível transformar o padrão da comunicação instituído para favorecer a criação de relacionamentos mais harmoniosos e empáticos.
Como evitar uma comunicação violenta nas escolas?
O conceito da comunicação não violenta, pensado para auxiliar a transformação de padrões indesejáveis, foi desenvolvido pelo psicólogo e escritor Marshall B. Rosenberg. Ele sugere quatro elementos cruciais para o estabelecimento da conexão humana e a construção de relações honestas e sólidas: a observação, o sentimento, a necessidade e o pedido.
Baseando nesses conceitos, algumas dicas são essenciais para evitar uma má comunicação (ou comunicação violenta) no ambiente escolar. Elas são válidas para professores, funcionários, pais e estudantes. Veja abaixo:
- 1) Observe os seus próprios pensamentos, emoções e atitudes. Procure observar de maneira mais descritiva e menos julgadora.
- 2) Identifique e expresse suas emoções e sentimentos. Leve o tempo necessário para tempo para entender como se sente em relação a algo ou alguém.
- 3) Reconheça a raiz de seus sentimentos e necessidades. Depois de nomear seus sentimentos, pense em quais valores e desejos o geraram. Entender as próprias necessidades e as do outro favorece a comunicação.
- 4) Formule pedidos de forma clara. Quando solicitamos algo de forma objetiva, positiva e explicitando o que se espera do outro, há mais chances de sermos atendidos.
Ao levar essas dicas em consideração, será mais fácil se expressar sem parecer vulnerável, pois terá clareza para falar de você mesmo e ajudará o outro a reformular sua maneira de se expressar e ouvir. Podendo, assim, reverter os efeitos de uma comunicação ruim no desenvolvimento escolar ou em qualquer outro ambiente da sua vida!