Lista de questões de vestibulares sobre José de Alencar e suas obras. Ler artigo José de Alencar.
Do romance Iracema, de José de Alencar, narrativa indianista, é CORRETO afirmar que:
é um romance desprovido de argumento histórico, o que impede a narrativa de ser representativa da fundação da nação brasileira.
enquadra-se também no modelo da narrativa mítica por seu caráter primordial, revelado em trechos como: Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema... e, Tudo passa sobre a terra.
apresenta linguagem de belas imagens visuais, de sonoridade e cadência poéticas, mas que se torna enfadonha pela força repetitiva de figuras de linguagem como a comparação e metáforas.
caracteriza personagens desprovidas de densidade ou correspondência ao real, o que impede que sejam símbolos do caráter nacional brasileiro.
A Mairi que Martim erguera à margem do rio, nas praias do Ceará, medrou. Germinou a palavra do Deus verdadeiro na terra selvagem; e o bronze sagrado ressoou nos vales onde rugia o maracá. Jacaúna veio habitar nos campos da Porangaba para estar perto de seu amigo branco; Camarão erguera a taba de seus guerreiros nas margens da Mecejana. ( ... ) Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara. Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra.
Considerando o trecho em questão, de Iracema, romance de José de Alencar, bem como a obra como um todo, NÃO É CORRETO afirmar que:
a linguagem que conforma o trecho citado é marcada mais pela referencialidade objetiva da informação do que pela intenção poética, já que nenhuma figura estilística ocorre no texto.
a emoção que toma conta de Martim é causada pela lembrança de Iracema, sua esposa, que morreu ao dar à luz o filho Moacir.
Jacaúna é o pajé pitiguara e Camarão é o guerreiro Poti que recebeu no batismo o nome do santo do dia, bem como o do rei a quem ia servir e, sobre os dois, o seu, na língua dos novos irmãos.
a alusão ao bronze sagrado e ao maracá estabelece uma oposição entre a cultura do branco e a do índio selvagem, na representação de seus valores e crenças.
No excerto abaixo estão transcritos dois momentos da narrativa Lucíola, de José de Alencar. Com base neles e pensando nas características da obra de José de Alencar, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
“Incompreensível mulher!
A noite a vira bacante infrene, calcando aos pés lascivos o pudor e a dignidade, ostentar o vício na maior torpeza do cinismo, com toda a hediondez de sua beleza. A manhã a encontrava tímida menina, amante casta e ingênua, bebendo num olhar a felicidade que dera, e suplicando o perdão da felicidade que recebera. Se naquela ocasião me viesse a ideia de estudar, como hoje faço à luz das minhas recordações, o caráter de Lúcia, desanimaria por certo à primeira tentativa [...]. Lúcia disse-me adeus; não consentiu que a acompanhasse, porque isso me podia comprometer.” [p. 47-48] [...] “Lúcia concluindo essa narração, que a fatigara em extremo, enxugou as lágrimas e deu algumas voltas pela sala. – Se eu ainda tivesse junto de mim todos os entes queridos que perdi, disse-me com lentidão, veria morrerem um a um diante de meus olhos, e não os salvaria por tal preço. Tive força para sacrificar-lhes outrora o meu corpo virgem; hoje depois de cinco anos de infâmia, sinto que não teria a coragem de profanar a castidade de minha alma. Não sei o que sou, sei que começo a viver, que ressuscitei agora. Ainda duvidará de mim? – Tu és um anjo, minha Lúcia!” [p. 113] (ALENCAR, José de. Lucíola (1862). São Paulo: Ática, s/d)
Por meio da análise da realidade, há no romance uma crítica aos valores burgueses que permeiam a sociedade do século XIX, calcados nas conveniências de classe e assegurados no ideal burguês de família e casamento. Trata-se de uma análise em profundidade para assinalar outros valores morais, tendo em vista a concepção materialista do homem, apresentada através da ambiguidade de Lúcia, que transita entre inocência e depravação;
Há no romance a representação dos valores burgueses que permeiam a sociedade do século XIX, calcados nas conveniências de classe, expostas ao conservar longe do ideal burguês de família e casamento uma vítima dessas mesmas conveniências. Até a ambiguidade de Lúcia, que transita entre a inocência e a depravação, decorre dessa representação da ideologia burguesa;
O romance evidencia que a debilidade da família, base da pirâmide social burguesa, reside na falsa educação de seus membros, voltados para os prazeres vis. Assim, José de Alencar, ao narrar a história de Lúcia, derruba as barreiras da conveniência ou das aparências, destrói a concepção de casamento e traz à luz as falhas do sistema burguês;
Ao narrar a história de Lúcia, José de Alencar coloca em xeque o sistema burguês, pois manifesta uma confiança nas possibilidades do indivíduo e na natureza em geral, reabilitando a espontaneidade natural contra os limites transcendentes impostos à iniciativa humana;
Ao narrar a história de Lúcia, vista como anjo imaculado por salvar a família e em virtude do amor puro que sente por Paulo, José de Alencar idealiza a mulher.Dessa forma, o núcleo do romance está na relação entre Paulo e Lúcia, o que revela a capacidade do amor para sobrepujar as convenções sociais.
No excerto abaixo estão transcritos dois momentos da narrativa Lucíola, de José de Alencar. No primeiro deles temos a visão de Lúcia sobre o amor, quando ainda é uma cortesã. No segundo momento, temos a visão de Lúcia, agora denominada Maria da Glória (seu nome verdadeiro), depois de ter abandonado a vida de cortesã. Por meio disso e pensando nas características da obra de José de Alencar, escolha a alternativa correta.
“- Pelo que vejo, Lúcia, nunca amarás em tua vida! - Eu? ... Que ideia! Para que amar? O que há de real e de melhor na vida é o prazer, e esse dispensa o coração. O prazer que se dá e recebe é calmo e doce, sem inquietação e sem receios [...]. Quando eu lhe ofereço um beijo meu, que importa ao senhor que mil outros tenham tocado o lábio que o provoca? A água lavou a boca, como o copo que serviu ao festim; e o vinho não é menos bom, nem menos generoso, no cálice usado, do que no cálice novo.” (p. 83) [...] “- Se soubesses que gozo supremo é para mim beijar-te neste momento! Agora que o corpo já está morto e a carne álgida, não sente nem a dor nem o prazer, é minha alma só que te beija, que se une à tua e se desprende parcela por parcela para se embeber em teu seio.” (p. 127) ALENCAR, José de. Lucíola (1862). São Paulo: Ática, s/d.
No romance não há redenção para a personagem Lucíola, que continua apresentando características sensuais e eróticas;
Núcleo do romance está na divisão entre corpo e alma. Lúcia é sensual e bela, desprovida de pudor e consciência. Já Maria da Glória é recatada e pura, seu amor é exclusivamente espiritual sem nenhuma ligação com sua vida física;
O romance tematiza o amor sensual e erótico, afinal é a vida de uma cortesã que está sendo representada;
O romance apresenta o equilíbrio presente na sociedade burguesa do século XIX, calcada em valores patriarcais e cristãos;
O núcleo do romance está na relação de amor entre Paulo e Lucíola, o que revela a capacidade de tal sentimento para sobrepujar as convenções sociais.
A partir do romance Lucíola, de José de Alencar, pertence à estética romântica brasileira e do contexto histórico-social do século XIX, escolha a alternativa correta:
O romance representa a sublimação do amor romântico, revelando a possibilidade de união conjugal entre um homem da sociedade burguesa e uma cortesã;
No romance há a concepção de que o casamento é uma instituição calcada em valores sentimentais de amor e afeição;
O romance representa a mulher livre dos padrões e convenções sociais, pois ela pode encontrar a felicidade fora da instituição do casamento e continuar participando da vida em sociedade;
O romance retrata a hipocrisia da sociedade burguesa de que a mulher digna de amor e afeição era aquela pura e virgem, enquanto as outras poderiam ser, apenas, objeto de desejo e de profundo desprezo;
No romance há uma idealização da mulher, já que é vista como anjo imaculado, capaz de se manter pura e virgem para o casamento.