Júlio César Ribeiro Vaughan nasceu em Sabará, Minas Gerais, em 16 de abril de 1845, filho do casal George Washington Vaughan e Maria Francisca Ribeiro Vaughan. Sendo professora, sua mãe lhe oferece os estudos primários, matriculando-o, posteriormente, em um colégio da região. Em 1862, deixa Minas e ingressa na Escola Militar do Rio de Janeiro, abandonando-a, três anos depois, para se dedicar às atividades do jornalismo e ao magistério, as quais possuía estreita afinidade, dado o conhecimento das línguas clássicas (grego e latim) e modernas.
Ainda na época do Império, é aprovado em concurso para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde passa a lecionar cadeira de Latim. Com a proclamação da República, que havia defendido, passa a lecionar Retórica no Instituto de Instrução Secundária.
Contudo, é no Jornalismo que encontra seu campo mais prolífico de atividade intelectual, como proprietário, diretor e colaborador de diversos jornais, entre eles: O Sorocabano, O Estado de São Paulo e A Gazeta de Campinas. Nesses veículos, publica principalmente seus estudos sobre Arqueologia, Filologia e áreas afins. Em contrapartida, também se posiciona como um jornalista engajado em polêmicas tanto literárias como políticas.
Em sua atuação com romancista, filia-se à então ascendente escola naturalista, com influências marcantes dos franceses Émile Zola e Guy de Maupassant, do russo Anton Tchekhov, e do britânico e teórico da evolução Charles Darwin.
Seu maior êxito nesse campo é A Carne, publicado em 1888, que narra a história da jovem órfã Lenita, que, desde cedo, dedica-se com afinco aos estudos, deixando de lado as ambições recorrentes da maioria das moças de sua idade na época, tais como o casamento e a vida mundana. Após a mudança para a fazenda de um amigo de família, vai perdendo, paulatinamente, o interesse nos estudos, na medida em que começa despertar para as ebulições do desejo sexual. Assim, termina envolvendo-se com o jovem Barbosa Filho, antigo companheiro de estudos, com quem virá a se casar no fim da trama.
As cenas fortes narradas no romance seriam as responsáveis por seu êxito, devido à polêmica gerada na sociedade, manifestadas tanto no ataque dos críticos, tais como Alfredo Pujol e José Veríssimo, como da Igreja Católica, manifestado no artigo do padre Sena Freitas, intitulado A Carniça e publicado no Diário Mercantil. Os ataques geraram reação imediata do romancista, dado o seu caráter combativo, na qual classificava o clérigo como o “urubu Sena Freitas”, alcunha que rendeu uma série de artigos enfurecidos, onde manifestava seu desprezo pela fé católica, reiterando sua filiação à escola cientificista. Esse embate seria publicado na íntegra quase meio século após sua ocorrência, no livro Uma Polêmica Célebre, de 1934.
Ademais, constam entre suas publicações a Gramática Portuguesa (1881), na qual intenta adaptar as minúcias da matriz lusitana às peculiaridades da língua falada no Brasil, o livro de correspondências Cartas Sertanejas (1885), e o romance em dois volumes intitulado O Padre Belchior de Freitas (1876-1877).
Em 1º de novembro de 1890, falece em decorrência da tuberculose, passando à posteridade como um dos autores mais célebres do Naturalismo. Júlio Ribeiro é o patrono da cadeira nº 24 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Garcia Redondo.
Referências bibliográficas:
BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2001.
ABL / Academia Brasileira de Letras. Acadêmicos / Júlio Ribeiro / Biografia. http://www.academia.org.br/academicos/julio-ribeiro/biografia.
OBVIOUS. A Carne, Júlio Ribeiro: a condição animal humana. http://lounge.obviousmag.org/tango_argentino/2012/03/a-carne-de-julio-ribeiro-a-condicao-animal-humana.html.