Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa ou Coimbra, entre 1524 e 1525, filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo. Na juventude, alista-se no Exército da Coroa portuguesa, embarcando, em 1547, para a África como soldado, onde perde o olho direito em Marrocos no combate aos ceutas.
Cinco anos depois, retorna a Portugal, vivendo na boemia, até envolver-se em conflito com um funcionário real, que saiu ferido, o que o levou ao encarceramento. Em 1553, é enviado para a Índia, onde participa de algumas expedições militares, chegando, três anos depois, à China. Lá, trava contato com a jovem Dinamene, por quem se apaixona. Tempos depois, Dinamene é vitimada por um naufrágio e termina se afogando. Reza a lenda que, apesar de estar a bordo, Camões não conseguiu salvar a amada, mantendo apenas o manuscrito de seu poema Os Lusíadas em uma das mãos, enquanto ocupava-se em nadar com a outra. Ademais, a tragédia leva à inspiração de vários poemas, sendo o mais famoso o intitulado como A Saudade de Ser Amado.
Em 1570, parcialmente recuperado da perda, retorna à Lisboa, tendo em mãos o manuscrito de sua obra-prima, que seria publicado dois anos com a colaboração do monarca D. Sebastião. O sucesso absoluto de crítica e público o transforma rapidamente em um dos mais importantes poetas da nação.
Em termos formais, a obra funde elementos épicos e líricos, fundindo a atmosfera do humanismo renascentista com a das expedições ultramarinas portuguesas. A principal inspiração clássica é A Eneida, de Virgílio, manifestada na narrativa dos fatos heroicos da história de Portugal, principalmente a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama.
Além da inspiração clássica, percebe-se também a presença de elementos das canções ou trovas populares do Medievo na poesia do autor. Os temas versam, na maioria das vezes, sobre os dramas humanos, sejam amorosos ou existenciais. Além da poesia épica, dedicou-se também ao lirismo, compondo sonetos e redondilhas marcados pelo rigor geométrico e sem abuso de artifícios formais.
Como escritor do século XVI, período da Inquisição na Europa, Camões teve suas obras examinadas pela Igreja Católica, que tinha o poder de autorizar ou proibir as publicações. Conforme o depoimento de Frei Bartolomeu, religioso da época, a publicação de Os Lusíadas foi autorizada, uma vez que a presença de figuras mitológicas do paganismo não passava, segundo a interpretação eclesiástica, de um recurso poético.
Apesar da consagração em vida, o autor lidava mal com a administração dos lucros das suas obras publicadas. Assim, em 10 de junho de 1580, termina falecendo na capital em estado de absoluta miséria. Ainda assim, é considerado, junto à Fernando Pessoa, como o maior nome da poesia portuguesa, tendo atingido o status de celebridade nacional sempiterna. Seus restos mortais encontram-se, atualmente, em um mausoléu no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa.