Zélia Gattai nasceu em São Paulo, em 2 de julho de 1916, filha dos imigrantes italianos Ernesto e Angelina Gattai. Passa sua infância e juventude no bairro de Paraíso, onde participa, junto com a família, do movimento operário influenciado por ideias socialistas e anarquistas, e organizado pelos imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, que reivindicavam melhores condições no trabalho.
Aos 19 anos, casa-se com Aldo Veiga, intelectual e militante comunista, com quem viria a ter um filho em 1942. Três anos depois, já separada e trabalhando na causa da anistia de presos políticos pelo Estado Novo, conhece o escritor baiano Jorge Amado durante o primeiro Congresso de Escritores Brasileiros. À semelhança de Zélia, Jorge também era engajado em causas políticas, como militante do Partido Comunista Brasileiro. Como o divórcio ainda não havia sido incluído na legislação da época, ela e o escritor passam a viver juntos. Em pouco tempo, Zélia assume a função de secretária de Jorge, datilografando e revisando suas obras. O relacionamento prolonga-se até a morte do escritor, em 2001.
Em 1946, com o fim da ditadura Vargas, o casal muda-se para o Rio de Janeiro, devido à eleição de Jorge para a câmara do Distrito Federal como deputado. Contudo, apenas um ano depois, o Partido Comunista foi declarado ilegal, ocasionando a perda do mandato do escritor e o consequente exílio em Paris, onde permanece por três anos com a família. Além da França, passam por Itália, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, China e Mongólia e URSS.
Durante esse período, Zélia ingressa na Sorbonne, onde estuda Civilização, Fonética e Língua Francesa. Posteriormente, são obrigados a deixar o país por motivos também ideológicos. Desse modo, mudam-se para a Tchecoslováquia, onde permanecem entre 1950 e 1952. Nesse período, mais precisamente em 1951, nasce Paloma, a primeira filha do casal. Além disso, Zélia começa a se dedicar à fotografia, documentando momentos significativos da vida familiar e profissional do marido.
Em 1952, retornam ao Brasil, passando a residir novamente no Rio de Janeiro, onde permanecem alguns anos, transferindo-se, em 1963, para Salvador. No mesmo ano, Zélia publica uma fotobiografia do companheiro. A oficialização do casamento só ocorreria 13 anos depois, mais precisamente no dia 12 de maio de 1976.
Em 1979, Zélia, então com 63 anos, publica sua primeira obra literária, Anarquistas, Graças a Deus, livro de memórias que recebeu o Prêmio Paulista de Revelação Literária e foi adaptada posteriormente para a TV em uma minissérie dirigida Walter Avancini.
Além disso, publicou Um Chapéu para Viagem (1982), Jardim de Inverno (1988), A Casa do Rio Vermelho (1999), Vacina de Sapo e Outras Lembranças (2005), todos de memórias, além do livro infantil Pipistrelo das Mil Cores (1989) e o romance Crônica de uma Namorada (1995). Alguns de seus livros foram traduzidos para o espanhol, o italiano o francês, o alemão e o russo.
Em 2001, após a morte de Jorge Amado, é eleita para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, ocupada anteriormente pelo marido. A eleição, um tanto controversa, é apontada por alguns mais como homenagem a Jorge do que propriamente pelos méritos literários da autora.
Em 2008, é internada com dores abdominais no Hospital Aliança, em Salvador, vindo a falecer em 17 de maio do mesmo ano em decorrência do quadro clinico de choque circulatório irreversível.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/escritores/zelia-gattai/