Educação Física para deficientes visuais

Por Paula Rondinelli

Graduação em Educação Física (Unesp, 1999)
Mestre em Ciências da Motricidade (Unesp, 2002)
Doutorado em Integração da América Latina (USP, 2013)

Categorias: Educação Física, Esportes
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A Educação Física tem uma área específica para trabalhar com pessoas com alguma limitação psicológica ou física chamada Educação Física Adaptada. Segundo Pedrinelli (2008) apud Ferreira et. al. (2013) p. 584:

“Não é nada fácil tratar de conceitos e definições, mas pode-se considerar que a Educação Física Adaptada é uma parte da Educação Física cujos objetivos são o estudo e a intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas. Seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento. Atividades como ginástica, dança, jogos e esporte, conteúdos de qualquer programa de atividade física, devem ser consideradas tendo em vista o potencial de desenvolvimento pessoal (e não a deficiência em si).”

É a essa área que pertence a Educação Física para pessoas com deficiência visual: a Educação Física Adaptada. Segundo Medeiros e Martins (2016) p.79, “A deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de acuidade visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência: Cegueira – há perda total ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa a necessitar do sistema Braille como meio de leitura e escrita e Baixa visão ou visão subnormal – caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamento ou correção. As pessoas com baixa visão podem ler textos impressos ampliados ou com usos de recursos óticos especiais.”

Pensar a Educação Física para crianças com cegueira ou com baixa visão significa ter criatividade e disponibilidade. A adaptação de jogos, brincadeiras e esportes é, não uma opção, mas antes, um dever do professor. No caso do curso de educação Física, simular a cegueira nos alunos não é difícil: basta uma venda sobre olhos, que o estudante é plenamente capaz de compreender como seu futuro aluno ou seu colega de sala com deficiência se sentem ao realizar qualquer atividade. Exemplos de práticas que podem ser trabalhadas em sala de aula são: Jogos que privilegiem uma memória sonora; atividades em que os participantes se orientem por comando de voz; e atividades que privilegiem orientação tátil (seja com as mãos ou com os pés). Claro que outros tipos de práticas podem ser desenvolvidos, esses, citados anteriormente, são apenas exemplos.

No caso dos esportes, particularmente aqueles já legitimados, é possível citar mais detalhadamente: futebol de cinco; golbol; atletismo; natação; judô; ciclismo; hipismo; halterofilismo; esportes de inverno (IFPB, 2019). Para exemplificar, pretende-se a descrição do futebol de cinco e do golbol, que são esportes específicos para pessoas com deficiência visual:

  1. Futebol de cinco – O goleiro, nessa prática, tem a visão total da quadra, diferente dos jogadores de linha. A bola é impedida de sair do campo por bandas, o que faz com que ela permaneça mais tempo em campo. O silêncio tende a reinar, haja vista que a bola tem guizos para a sua localização em campo. No que se refere ao tempo de jogo, são dois tempos de 25 minutos, com intervalo de 10 minutos.
  2. Golbol – A quadra, para esta prática, tem as mesmas dimensões que a de voleibol. No que se refere ao tempo, são dois tempos de 12 minutos, com 3 minutos de intervalo. São 3 jogadores titulares e 3 reservas. A bolsa apresenta um guizo, e seu objetivo é alcançar o gol adversário.

Assim, é sempre necessário pensar possibilidades e alternativas que incluam os alunos com deficiência visual nas aulas de Educação Física. As possibilidades são infinitas, se levarmos em conta a criatividade do professor, associadas a esportes já estabelecidos apropriados para pessoas cegas e com baixa visão.

Referências:

COMITÊ paralímpico brasileiro. Disponível em https://www.cpb.org.br/. Acesso em 25/02/2022.

FERREIRA, E. Um olhar sobre a educação Física Adaptada nas universidades públicas paulistas: atividades obrigatórias e facultativas. Rev. Educ. Fis/UEM, v. 24, n. 4, p. 581-595, 4. trim. 2013. Disponível em DOI: 10.4025/reveducfis.v24.4.20314. Acesso em 25/02/2022.

INSTITUTO Federal da Paraíba. O esporte adaptado, 2019. Disponível em https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/o-esporte-adaptado. Acesso em 25/02/2022.

MEDEIROS, T.C.F., MARTINS, V.S.B. Educação Física adaptada ao deficiente visual: uma revisão integrativa. Revista Ceuma Perspectivas, Edição Especial. Vol. 30, nº02, 2017. Disponível em http://www.ceuma.br/portalderevistas/index.php/RCCP/article/view/153/pdf. Acesso em 25/02/2022.

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!