Um eritrograma é a porção do hemograma, ou exame de sangue, que avalia somente as células da série vermelha do sangue. Os eritrócitos, também conhecidos como hemácias ou glóbulos vermelhos, são contados e sua quantidade é comparada com valores de referência. Esses valores dizem respeito ao que se espera encontrar em uma pessoa saudável de mesmo sexo e idade que o paciente analisado.
A contagem de hemácias pode ser feita manualmente, em um microscópio, ou em um contador automático. Seu aspecto normal é bicôncavo, sem núcleo, com coloração mais intensa nas bordas. Elas geralmente possuem um tamanho característico e regular entre si. Um homem adulto pode apresentar entre 4,5 e 6 milhões de hemácias por mm3 de sangue, enquanto que uma mulher adulta varia entre 4 e 5,5 milhões/mm3.
Além da contagem de glóbulos vermelhos, o eritrograma também avalia a concentração de hemoglobina, que é a proteína presente no interior das hemácias responsável por transportar as moléculas de oxigênio através da corrente sanguínea. Isso ocorre porque esta proteína possui em sua estrutura átomos de ferro que se ligam ao oxigênio. O ferro da hemoglobina também é responsável pela coloração vermelha do sangue. Quando a concentração de hemoglobina em uma amostra proveniente de um adulto registra valores inferiores a 12,5 gramas por decilitro pode-se considerar que esta pessoa apresenta um quadro de anemia.
O eritrograma ainda informa sobre outros parâmetros relacionados às hemácias e a hemoglobina. O primeiro deles chama-se hematócrito, que é um índice expresso em porcentagem representando qual parcela do volume total do plasma é composto somente pelas hemácias. Os valores desejáveis variam de 40 a 50% do volume, sendo que para recém-nascidos esse valor é muito mais alto (podendo atingir 65%), reduzindo ao longo do crescimento.
Existem outros 4 índices avaliados em um eritrograma: VCM, HCM, CHCM e RDW. O primeiro deles, VCM (volume corpuscular médio), diz respeito ao tamanho médio das hemácias, medido em femtolitros (fl, que equivale a 1000 mL). Para ser considerada normal, uma hemácia deve ter de 80 a 100 fl, sendo chamada de normocítica. Anisocitose é o nome dado quando há alteração no tamanho das hemácias, o que leva a quadros de anemia microcíticas (eritrócitos menores que 80 fl) ou macrocíticas (hemácias maiores que 100 fl). O HCM (hemoglobina corpuscular média) representa o peso médio da hemoglobina nas hemácias, em picogramas. Seus valores de referência variam, para adultos, de 27 a 32 pg. O terceiro índice é a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), ou seja, a concentração média da molécula de hemoglobina presente no interior de uma hemácia. As hemácias normocrômicas, que estão dentro da normalidade, apresentam entre 32 e 36g de hemoglobinas/dL. Por fim, o RDW, do inglês red cell distribution width (largura de distribuição das hemácias), informa a variação média do tamanho das hemácias entre si, cujo resultado esperado para adultos é de 11 a 15%.
O eritrograma é especialmente importante para informar sobre quadros de anemia, que são uma condição caracterizada pela redução de hemácias e hemoglobina no sangue. Esta doença se caracteriza por cansaço, falta de ar, palidez e até mesmo desmaios, uma vez que a capacidade do sangue em transportar oxigênio se encontra reduzida.
Referencias:
Wagner, S. C., Silvestri, M. C., Bittar, C. M., Friedrisch, J. R., & Silla, L. M. D. R. (2005). Prevalência de talassemias e hemoglobinas variantes em pacientes com anemia não ferropênica. Revista brasileira de hematologia e hemoterapia= Brazilian journal of hematology and hemotherapy. São Paulo. Vol. 27, n. 1 (2005), p. 37-42.
Weiss, G., & Goodnough, L. T. (2005). Anemia of chronic disease. New England Journal of Medicine, 352(10), 1011-1023.