Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular PUC-Campinas 2016/1 Direito. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Contraditoriamente, foi o patrocínio da fração mais europeizada da aristocracia rural de São Paulo, aberta às influências internacionais, que permitiu o florescimento das inovações estéticas. O café pesou mais do que as indústrias. Os velhos troncos paulistas, ameaçados em face da burguesia e da imigração, se juntaram aos artistas numa grande “orgia intelectual”, conforme a definição de Mário de Andrade. Segundo ele, “foi da proteção desses salões literários [promovidos pela aristocracia rural] que se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista.” (MARQUES, Ivan. Cenas de um modernismo de província. São Paulo: Editora 34, 2011, p. 11)
O Modernismo de 22 caracterizou-se, de fato, por algumas contradições, entre as quais a que o texto aponta:
Os mentores modernistas promoveram ideais estéticos para agradar burgueses e aristocratas.
Uma economia voltada para a industrialização propiciou o desenvolvimento da produção rural.
Membros da aristocracia paulista renunciaram a seu gosto estético em nome da arte popular.
Membros da recém-formada burguesia impuseram seu gosto estético aos aristocratas.
Um setor da economia rural estimulou um movimento cultural de raiz urbana e moderna.
O “espírito destruidor” que costuma atuar num movimento de vanguarda está presente e bem tipificado nesta formulação de um manifesto estético do Modernismo:
Das tuas águas tão verdes não havemos de nos afastar.
Sê como o sândalo, que perfuma o machado que o fere.
Ainda se rebelam na Hélade os engenheiros de nossa reconstrução.
Penetra surdamente no reino das palavras.
É preciso expulsar o espírito bragantino e as ordenações.
Sobre o movimento a que o texto se refere é correto afirmar que, além de ter sido uma manifestação intelectual e artística:
foi um movimento político de contestação à ordem social vigente, na medida em que rompeu com o conservadorismo elitista dominante nas artes.
expressou a pujança do movimento operário e sua oposição à dominação oligárquica ao utilizar as novas maneiras de encarar as artes.
foi um movimento de protesto em relação às formas de expressão primitivista, que até então predominavam nas artes plásticas e na literatura.
reafirmou os valores artísticos do Brasil rural e patriarcal, assim como a permanência da estética naturalista e simplista da arte nacional.
transformou-se num marco de resistência artística à política tradicional da República Velha e ao modernismo norte-americano dominante.
Considere os itens baixo.
I. O desenvolvimento da cafeicultura exigiu o surgimento de uma série de atividades complementares, tais como ferrovias, bancos, empresas de seguro, de navegação fluvial etc. II. A imigração contribuiu para o incremento da urbanização, a ampliação do mercado interno, além de proporcionar mão de obra especializada. III. A Primeira Guerra Mundial, ao dificultar as importações, estimulou a produção interna de artigos manufaturados.
Os fenômenos a que os itens se referem:
foram causados pela elevação das taxas alfandegárias sobre as importações, para proteger a indústria brasileira, a partir do século XX.
contribuíram para a acumulação primitiva e o desenvolvimento da indústria de base, responsável pela criação da tecnologia nacional.
resultaram de uma política econômica, que, por meio de incentivos fiscais, favoreceu a criação de um polo industrial no Sudeste.
provocaram o crescimento do setor industrial e o ingresso maciço de capitais estrangeiros, a partir da queda da oligarquia cafeeira.
incentivaram o desenvolvimento industrial e a diversificação da economia brasileira, a partir da primeira década do século XX.
Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado (escritor a quem Mário de Andrade dedicou Macunaíma), é hoje um livro quase esquecido. Quando saiu, porém, alcançou êxito excepcional: quatro edições entre 1928 e 1931. O momento era propício para tentar explicações do Brasil, país que se via a si mesmo como um ponto de interrogação. Terra tropical e mestiça condenada ao atraso ou promessa de um eldorado sul-americano? (BOSI, Alfredo. Céu, Inferno. São Paulo: Ática, 1988, p. 137)
A razão pela qual o escritor Mário de Andrade dedicou a Paulo Prado seu romance Macunaíma é sugerida no próprio texto, uma vez que nesse romance o autor pretende:
romper com as amarras desse gênero da ficção, apostando numa narração caótica e puramente experimental.
historiar a saga da família Prado, identificando-a com a história dos chamados barões do café da Pauliceia.
criar um protagonista cuja história espelhe e transfigure a diversidade e a busca de identidade cultural do povo brasileiro.
denunciar o nacionalismo das tendências artísticas que retratam o Brasil como se fosse o centro do universo.
lamentar o atraso de nosso país, enquanto sugere que nosso futuro está na modernização e na tecnologia.
A tendência de se aprofundar o conhecimento do Brasil, numa linha nacionalista e tropical, no período referido no texto, está indiciada já em expressões que identificam obras e grupos literários, tais como:
Vamos caçar papagaios e Verde-amarelismo.
A frauta de Pã e Tropicália.
Os sertões e Pós-modernismo.
A cinza das horas e Futurismo.
Sentimento do mundo e Neoliberalismo.
A busca de metais preciosos ou de um eldorado onde o ouro fosse abundante foi a utopia de diversos conquistadores europeus. A acumulação de metais preciosos, por nações como Espanha e Portugal, na época moderna, era:
um desdobramento da expansão capitalista, momento em que o liberalismo comercial se firmou gerando o enriquecimento da burguesia, livre da intervenção econômica até então exercida pelo Estado.
um procedimento que emergiu após as descobertas de jazidas no Novo Mundo, quando os metais preciosos se tornaram o principal produto comercial negociado mundialmente.
uma maneira discutível de se dimensionar a riqueza de um Estado, por meio do sistema contábil conhecido por metalismo, que se baseava no estoque de metais extraídos em cada país.
uma prática que dever ser compreendida no contexto do sistema mercantil vigente, em que o Estado buscava tal acúmulo visando manter a balança comercial sempre positiva e defender sua moeda.
uma riqueza ilusória, considerando que os tesouros adquiridos foram rapidamente empregados no desenvolvimento industrial desses países, que não resistiu à concorrência inglesa.
Como uma tentativa de combater o atraso nos países considerados subdesenvolvidos do continente americano, pouco depois do fim da II Guerra Mundial, houve a criação:
do BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, para gerenciar campanhas de doações e executar projetos nas áreas de alimentação, saúde e educação, na América Latina e no Caribe, a fim de diminuir os índices de pobreza na região.
da Política da Boa Vizinhança, estratégia de política externa empreendida pelos Estados Unidos para firmar sua influência econômica no continente e dirimir a propagação do comunismo, mediante a cooperação econômica e o intercâmbio cultural.
da CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, entidade criada pela ONU com a finalidade de prestar assessoria econômica aos governos da região, em nome de soluções para o subdesenvolvimento.
da OSPAAAL, Organização pela Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina, cujo objetivo era promover ajuda mútua no combate à fome e a outros grandes problemas sociais entre os governos que a integravam.
da Aliança para o Progresso, programa de investimentos do FMI, do Banco Mundial e de outros organismos internacionais na América Latina com o objetivo de promover a industrialização e reduzir a dependência externa.
No fim de 1944 estávamos em regime de ditadura no Brasil, como todos sabem. Uma ditadura que já se ia dissolvendo, porque o ditador de então começara a acertar o passo com as chamadas Potências do Eixo; mas quando os Estados Unidos entraram na guerra e pressionaram no mesmo sentido os seus dependentes, ele não só passou para o outro lado, como teve de concordar que o país interviesse efetivamente na luta, como aliás pedia a opinião pública, às vezes em manifestações de massa que foram as primeiras a quebrar a rotina disciplinada de tranquilidade aparente nas grandes cidades. (CÂNDIDO, Antonio. Teresina etc. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980, p. 107-108)
A entrada do país norte-americano na II Guerra Mundial, a que o texto de Antonio Cândido se refere, pode ser explicada, entre outras razões:
pela ascensão de regimes totalitários na Europa, que passaram a ameaçar o domínio comercial dos Estados Unidos na região.
pelo acelerado aumento da população norte-americana em áreas de disputa entre os países Aliados e os países do Eixo.
pela disputa imperialista travada entre os Estados Unidos e o Japão pelas ilhas e rotas de comércio do Oceano Pacífico.
pela tentativa dos Estados Unidos em mediar o conflito entre os países de regime democrático e os países nazifascistas.
pelo acidente aéreo envolvendo caças americanos e soviéticos provocado pelos bombardeios japoneses no Pacífico.
Sobre a dissolução do regime político brasileiro, a que o texto de Antonio Cândido se refere, é correto afirmar:
A oposição da nascente burguesia industrial da região Sudeste às leis trabalhistas formuladas pelo Ministro do Trabalho e a agitação da Força Pública contribuíram para a desestabilização do regime autoritário no Estado Novo.
As repercussões da Segunda Guerra Mundial se entrelaçaram à crise política interna, formando uma complexa rede de contradições que resultou na criação de uma conjuntura favorável ao desmantelamento do Estado Novo.
A acirrada disputa entre a esquerda, representada pela Aliança Nacional Libertadora, e a direita radical e fascista da Ação Integralista Brasileira criou as condições necessárias para a derrocada da ditadura varguista.
A extrema instabilidade política, marcada por tentativas de golpes e contragolpes de caráter nacionalista, desestabilizou a estrutura do Estado e levou à decadência do governo totalitário implantado por Getúlio Vargas.
As contestações ao regime autoritário, expressas pelo descontentamento de parcelas significativas da sociedade brasileira, incentivaram rebeliões populares que levaram à queda do Estado Novo.