Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular PUC-Campinas 2017/1 Direito. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
José de Alencar retratou o seu herói goitacá em prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os cavaleiros medievais na célebre novela Ivanhoé. Para evocar um mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) O índio entrara como tema na literatura universal por influência das ideias dos filósofos iluministas e especialmente, da obra de Jean-Jacques Rousseau (....). As teses de Rousseau sobre o “bom selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das narrativas de viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam colocado os pés no chão americano. Foram esses viajantes os responsáveis pela propagação do juízo de que, do outro lado do oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...) (NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de José de Alencar. São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167)
A afirmação de que José de Alencar valeu-se do modelo heroico dos cavaleiros medievais para compor personagens de cunho nacionalista fez com que concebesse e apresentasse Peri, protagonista de O Guarani, como um:
autêntico guerreiro goitacá.
explorador aliado do colonizador.
nativo com qualidades aristocráticas.
lacaio valente de um nobre português.
pajé dotado de poderes sobrenaturais.
A corrente romântica indianista, além da ficção de José de Alencar, encontrou também alta expressão:
na poesia de feitio lírico ou épico, como nos cantos de Gonçalves Dias.
na crônica de costumes, como as frequentadas pelos missionários do século XVI.
no teatro popular, como o desenvolvido por Martins Pena.
na épica de recorte clássico, como a concebeu Tomás Antônio Gonzaga.
na crítica satírica, como a elaborada por Gregório de Matos.
O ideal cavalheiresco, herança dos valores militares romanos e germânicos, foi uma das características marcantes da Idade Média. Nesse período:
os servos garantiam a sobrevivência material da sociedade em troca da concessão de segurança e proteção militar.
a participação do exército nas guerras era muito importante na conquista, manutenção e defesa do feudo e das cidades.
os nobres combatiam por todos, mas podiam dedicar- se a esse tipo de vida porque os servos trabalhavam para sustentá-los.
a servidão representou, na Europa Ocidental, um verdadeiro renascimento da escravidão conforme existia na Roma imperial.
a atuação dos cavaleiros garantia a segurança da sociedade num contexto de conflito entre as classes e os Estados nacionais.
Para o filósofo iluminista francês a que o texto de Lira Neto se refere:
o governo democrático deveria sempre representar a maioria dos cidadãos, a qual opinaria sobre as questões sociais, enquanto os governantes deveriam consultar o povo sempre que necessário.
o universo é governado por leis físicas e não submetido a interferências de cunho divino, sendo a universalidade da razão o único caminho que levaria ao conhecimento do mundo de forma coerente.
os homens possuem a vida, a liberdade e a propriedade como direitos naturais e os governos teriam que respeitar esses direitos e, caso não o fizessem, caberia à sociedade civil o direito de rebelião.
o espírito humano é uma ‘tábua rasa’ e todo conhecimento se faz com a própria capacidade intelectual do homem de se desenvolver mediante sua atividade e de exercício do pensamento.
o Estado deveria garantir aos cidadãos a liberdade, por meio de uma divisão equilibrada dos poderes, quais sejam: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes.
Do Brasil descoberto esperavam os portugueses a fortuna fácil de uma nova Índia. Mas o pau-brasil, única riqueza brasileira de simples extração antes da “corrida do ouro” do início do século XVIII, nunca se pôde comparar aos preciosos produtos do Oriente. (...) O Brasil dos primeiros tempos foi o objeto dessa avidez colonial. A literatura que lhe corresponde é, por isso, de natureza parcialmente superlativa. Seu protótipo é a carta célebre de Pero Vaz de Caminha, o primeiro a enaltecer a maravilhosa fertilidade do solo. (MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides − Breve história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 3-4)
A colonização portuguesa, no século XVI, se valeu de algumas estratégias para usufruir dos produtos economicamente rentáveis no território brasileiro, e de medidas para viabilizar a ocupação e administração do mesmo. São exemplos dessas estratégias e dessas medidas, respectivamente:
a prática do escambo com os indígenas e a instituição de vice-reinos, comarcas, vilas e freguesias.
a implementação do sistema de plantation no interior e a construção, por ordem da Coroa, de extensas fortalezas e fortes.
a imposição de um vultoso pedágio aos navios corsários de distintas procedências e a instalação de capitanias hereditárias.
a introdução da cultura da cana-de-açúcar com uso de trabalho compulsório e a instituição de um governo geral.
o comércio da produção das missões jesuíticas e a fundação da Companhia das Índias Ocidentais.
Os primeiros tempos da história dos Estados Unidos como nação independente foram marcados pela Declaração de Independência, que celebrava a legítima busca por oportunidades, prosperidade e felicidade por todas as famílias, apregoando valores que mais tarde seriam associados ao chamado “sonho americano”. Corroborou, posteriormente, para a difusão desses valores a:
implantação da Lei de Terras como medida prioritária após a independência, incentivando o assentamento das famílias de imigrantes em pequenos lotes adquiridos a preços simbólicos.
descoberta de ouro na Califórnia, que provocou uma onda desenfreada de migrações para o oeste, atraindo, inclusive, trabalhadores estrangeiros.
promulgação da Constituição dos Estados Unidos, composta por um conjunto de leis que asseguravam o fim da escravidão, o voto universal e o sistema federativo.
política de remoção indígena acompanhada da criação de reservas, conjuntamente à campanha de que o respeito à diversidade e a tolerância eram pilares da sociedade americana.
transposição das fronteiras ao sul, por meio da Guerra de Secessão, que resultou na anexação de metade do território antes pertencente ao México, despertando o entusiasmo da população pela política expansionista.
Comprova-se a formulação geral do texto dado, no que diz respeito aos nossos primeiros tempos, o seguinte segmento de um documento da nossa história:
O estado de inocência substituindo o estado de graça que pode ser uma atitude de espírito. O contrapeso da originalidade nativa.
Pretendemos também focalizar a linha divisória que nos põe do lado oposto dos demais estrangeiros.
Contra as histórias do homem, que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.
Nem separatismo nem bairrismo. Precisamos de uma articulação inter-regional. Elogio do mucambo.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Uma vez que se considere que o conceito de literatura, compreendida como um autêntico sistema, supõe a presença ativa de escritores, a publicação de obras e a resposta de um público, entende-se que:
I. ainda não ocorreu no Brasil a vigência plena de um sistema literário, capaz de expressar aspectos mais complexos de nossa vida cultural. II. os primeiros documentos informativos sobre a terra a ser colonizada devem ser vistos como manifestações literárias esparsas, ainda não sistemáticas. III. a carta de Caminha e os textos dos missionários jesuíticos fazem ver desde cedo a formação de um maduro sistema literário nacional.
Atende ao enunciado o que está APENAS em:
I.
II.
III.
I e II.
II e III.
Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. (BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224)
Faz parte das características do pensamento liberal europeu, no século XIX, a defesa:
da liberdade de imprensa e de ações afirmativas visando a reparação estatal a grupos discriminados.
da distribuição equitativa de riquezas e do estado de bem-estar social.
do livre cambismo e do direito à propriedade privada.
da liberdade de culto e do mutualismo.
da nacionalização dos meios de produção e da doutrina do destino manifesto.
Considere as seguintes proposições sobre a situação do escravismo no Brasil Império, na segunda metade do século XIX,
I. A Lei Eusébio de Queiroz, ainda que tenha determinado o fim do tráfico negreiro para o Brasil, não impediu o comércio interno de escravos, ativo até o final do século. II. Diversas rebeliões populares, algumas rurais, outras urbanas, como a Balaiada, a Revolta dos Malês ou a Revolta de Manuel Congo foram integradas por cativos e escravos foragidos, causando ações repressivas virulentas por parte das elites. III. A condenação moral da escravidão fez-se cada vez mais presente na imprensa, durante esse período no qual se fortaleceram os movimentos abolicionistas. IV. A abolição da escravatura foi decretada com a Lei Áurea, que não garantiu o direito à cidadania aos libertos e previu o pagamento de indenizações aos fazendeiros.
Está correto o que se afirma APENAS em:
I, II e IV.
I e IV.
I e III.
II, III e IV.