Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular PUC-Campinas 2017/1 Direito. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. (BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224)
O poder local exercido por um reduzido número de famílias abastadas, não apenas nas províncias nordestinas, como o texto indica, mas em todo o território brasileiro, manteve-se após a proclamação da República e contribuiu para que alguns historiadores denominassem de “oligárquica” essa fase do período republicano. Em nível nacional, o favorecimento do poder das oligarquias se evidenciava, nessa época,
no formato das eleições, que prescindiam do voto secreto e admitiam a participação e a candidatura de cidadãos analfabetos.
no combate a movimentos populares como o cangaço, que vinham causando o fim do coronelismo no interior do país.
na existência de uma Comissão de Verificação de Poderes, que, a cada eleição, redistribuía os poderes do Legislativo, Executivo e Judiciário.
na nomeação de interventores junto aos governos estaduais, pelo presidente, a fim de garantir que os interesses das principais oligarquias fossem atendidos.
na política dos governadores, baseada em acordos de colaboração política entre a presidência e os governos estaduais, localmente amparados pela ação de “coronéis”.
Ideias liberais, tornadas públicas, entraram em conflito com a realidade escravista do Brasil, tal como se pode avaliar na força dramática que assumiram:
os poemas libertários de Castro Alves, já ao final do período romântico.
os romances naturalistas de Aluísio Azevedo e Machado de Assis.
as páginas de literatura documental de Antonil e Pero de Magalhães Gândavo.
os manifestos pré-modernistas de Euclides da Cunha e Augusto dos Anjos.
as crônicas de costumes de Olavo Bilac e João do Rio.
Parte da crítica literária dos nossos dias acredita na tese de que Machado de Assis, em sua lucidez de escritor, realçou a contradição entre ideias liberais e a realidade opressiva da época. Essa tese crítica ganhou uma síntese expressiva e esclarecedora na seguinte formulação:
Brasil, país do futuro.
Em se plantando, tudo dá.
Só a antropofagia nos une.
São ideias fora do lugar.
Um país essencialmente agrícola.
É interessante notar como, em Machado de Assis, se aliavam e se irmanavam a superioridade de espírito, a maior liberdade interior e um marcado convencionalismo. Dois termos que se repelem, pensador e burocrata, são os que melhor o exprimem. Entre Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, a vida nacional passara pelas profundas modificações da Abolição e da República. − Que pensa de tudo isso Machado de Assis? indagava Eça de Queirós. À queda da Monarquia, disse Machado no seu gabinete de burocrata, diante da conveniência de tirar da parede o retrato do imperador: − Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria. Era o que tinha a dizer aos republicanos, atônitos com esse acatamento ao ato de um regime findo. (Adaptado de: PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis. 6. ed. rev., Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988, p. 208)
O lado específico de marcado convencionalismo atribuído a Machado de Assis nesse texto representa-se na seguinte passagem:
Dois termos que se repelem, pensador e burocrata.
Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria.
profundas modificações da Abolição e da República.
a maior liberdade interior.
a superioridade de espírito.
Nos romances maduros de Machado de Assis, de que são exemplos Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, e diante das profundas modificações que foram a Abolição e a República, o narrador machadiano:
costuma discorrer longamente em apoio a essas duas transformações históricas.
mostra-se inteiramente avesso a ambas, por serem contrárias às suas convicções.
mantém-se um tanto distante, pois sua crítica atua mais incisivamente pela ironia sutil.
constitui, juntamente com o eu poético de Castro Alves, o duo mais combativo das letras do século XIX.
posiciona-se com grande energia, abraçando os mais altos ideais do positivismo que predominava na época.
De acordo com o texto, na segunda metade do século XIX, ocorreram profundas transformações econômicas e sociais no Brasil. Sobre este tema é correto afirmar que:
o abolicionismo, a imigração e o processo de transformações proporcionadas pela cafeicultura, num contexto mundial de expansão capitalista, selaram a sorte da escravidão.
a abolição alterou profundamente as formas de produção agrícola, uma vez que possibilitou o estabelecimento das bases do trabalho livre e assalariado em todo o país.
os movimentos abolicionistas receberam apoio da Igreja Católica, em especial dos padres templários, e foram idealizados por homens livres, desvinculados de tradições locais.
a incipiente industrialização, a exigência de indenização pelos proprietários e a ineficiente política brasileira de substituição da mão de obra retardaram o fim da escravidão.
a abolição progressiva da escravidão e o movimento republicano contribuíram para a instalação da indústria de bens de consumo e para a urbanização da região Sudeste.
O republicanismo no Brasil, sobretudo a linha defendida pelos militares, sofreu forte influência do positivismo – forma de pensamento característico do século XIX −, filosofia de Auguste Comte. Os republicanos positivistas:
pretendiam chegar ao regime republicano por meio de mudanças decorrentes de movimentos de luta entre os monarquistas e os positivistas.
concebiam o Estado como uma entidade voltada ao aprimoramento positivo da sociedade, independentemente do regime de governo.
consideravam que só seria possível a criação de uma sociedade igualitária através do republicanismo e de “reformas positivas do trabalho”.
defendiam que a monarquia seria superada pelo “estágio positivo da história da humanidade”, representado de modo especial pela república.
acreditavam que a queda da monarquia ocorreria por meio de uma “revolução baseada nos princípios do positivismo e do republicanismo”.
O setor fabril já se fazia notar, não só em São Paulo, como também em Campinas e Piracicaba, produzindo tecidos, chapéus e calçados. As casas de fundição colocavam à disposição serras, bombas, sinos, prensas e ventiladores (...). As narrativas de viagem, gênero de escrita muito apreciado por autores e leitores, registravam dessa nova sociedade as impressões colhidas em trânsito e dispostas em painel. (FERREIRA, Antonio Celso. A epopeia bandeirante. Letrados, instituições e invenção histórica (1870-1940). São Paulo: Editora Unesp, 2002, p. 78-79)
As cidades mencionadas, que assistem ao surgimento de pequenas indústrias nas últimas décadas do século XIX, apresentavam em comum:
grandes concentrações urbanas provenientes da intensa imigração europeia, que as transformou nas três maiores cidades da região e contribuiu para a instalação de comerciantes e empreendedores responsáveis pelas primeiras indústrias paulistas.
oligarquias rurais endinheiradas, que compartilhavam ideais republicanos, abolicionistas, nacionalistas e que investiam parte substantiva de seu capital em indústrias voltadas para seu próprio consumo de artigos de luxo.
rápido desenvolvimento econômico proveniente do acúmulo de dividendos gerado pela produção cafeeira baseada no latifúndio e no trabalho escravo, que despontara nessas e em outras cidades do Vale do Paraíba, repercutindo no desenvolvimento fabril.
ousados investimentos do empresário Barão de Mauá, que, juntamente com negociantes ingleses, fundou inúmeras indústrias fabris e construiu ferrovias, modernizando a região e garantindo o rápido escoamento da produção.
ricos agricultores latifundiários e o acesso facilitado por linhas férreas que se expandiram vigorosamente a partir de 1860, no oeste do Estado, momento em que a região se consolida como polo cafeeiro após o declínio das fazendas situadas no sudoeste do Rio de Janeiro.
As inovações e expansões urbanas a que o texto se refere fazem-se representar em versos que, como estes,
Alturas da Avenida. Bonde 3 Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira Sob o arlequinal do céu oiro-rosa-verde. As sujidades implexas do urbanismo,
caracterizam a poesia de
Oswald de Andrade, em A escrava Isaura.
Mário de Andrade, em Martim Cererê.
Mário de Andrade, em Pauliceia desvairada.
Oswald de Andrade, em Insônia.
Manuel Bandeira, em A cinza das horas.
O gênero narrativas de viagem pode ser encontrado em várias formas. O nordeste brasileiro, da caatinga ao litoral, foi palco de algumas delas, em estilos vários, em prosa ou em versos. Marcante é o caso da obra prima ...... , em que ...... acompanha a ...... .
Preenchem adequadamente as lacunas do texto acima, respectivamente:
Os sertões − Guimarães Rosa − saga de uma família de retirantes
O cortiço − Aluísio Azevedo − história de um usineiro de Alagoas
Terras do Sem Fim − Ariano Suassuna − tragédia de uma família pernambucana
Morte e Vida Severina − João Cabral de Melo Neto − longa jornada de um migrante
Sagarana − Euclides da Cunha − derrocada do arraial de Canudos