Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular PUC-SP 2015/2. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
“O fato indiscutível é que, em Roma, no decorrer do século II a.C. se assiste ao fenômeno do despovoamento do campo e à consequente imigração para as cidades de um grande número de cidadãos que foram engrossar a miserável clientela da plebe urbana.” Antonio da Silveira Mendonça. “Introdução”, in Caio Júlio César. A guerra civil. São Paulo: Estação Liberdade, 1999, p. 18. Adaptado.
O grupo social mencionado no texto:
participou das sublevações e revoltas que puseram fim à monarquia e proclamaram a república.
opôs-se à consolidação do poder de Júlio César e participou do golpe que o depôs e o assassinou.
associou-se aos políticos conservadores do Senado na rejeição da monarquia e defesa da república.
engajou-se maciçamente nas tropas de Júlio César que participaram da expansão romana da Gália.
defendeu a reforma agrária e o direito de veto a medidas que afetassem os interesses populares.
A invasão e a ocupação holandesas no Nordeste do Brasil, ocorridas durante o período da União Ibérica (1580-1640):
derivaram dos conflitos territoriais entre Portugal e Espanha, que fragilizaram o controle português sobre a colônia.
foram resultado das disputas entre Holanda e Inglaterra pelo controle da navegação comercial atlântica.
derivaram dos interesses holandeses na produção e comercialização do açúcar de cana.
foram resultado do expansionismo naval espanhol, que desrespeitou os limites definidos no Tratado de Tordesilhas.
derivaram da corrida colonial, entre as principais potências europeias, na busca de fontes de matérias-primas e carvão.
O caudilhismo foi um fenômeno político presente em parte da América Hispânica, no decorrer do século XIX. É possível relacioná-lo com:
os projetos federalistas, atuantes nas lutas de formação e consolidação dos Estados nacionais.
a defesa das tradições indígenas locais, contra a dominação cultural europeia e norte-americana.
a proposta de unidade americana, formulada durante as lutas de independência.
a expansão dos interesses imperialistas norte-americanos nas áreas de colonização ibérica do continente.
os anseios de democratização dos Estados nacionais, a partir da adoção de política econômica liberal.
“A Guerra Civil Espanhola foi principalmente um conflito local, uma tentativa brutal de resolver, por meios militares, um grande número de questões sociais e políticas que dividiram os espanhóis por várias gerações. (...) A guerra não foi, no entanto, somente um conflito local, mas também transcendeu barreiras nacionais e suscitou paixões e debates repletos de ressentimento pela Europa. Todas as grandes potências intervieram e determinaram, em grande medida, o curso e o resultado do conflito.” Francisco J. Romero Salvadó. A Guerra Civil Espanhola. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 7.
Os dois lados da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), mencionados no texto, podem ser exemplificados:
pelos conflitos entre monarquistas e republicanos, apoiados, respectivamente, pela Inglaterra e pela França.
pelas disputas entre republicanos e nacionalistas, apoiados, respectivamente, por União Soviética e Itália.
pelo confronto entre a região de Castela e a da Catalunha, e pela intervenção militar britânica e norte-americana.
pela reação do campesinato contra os grupos socialistas e anarquistas urbanos, e pela mediação política da Liga das Nações.
pelas lutas entre a burguesia republicana e o proletariado comunista, apoiados, respectivamente, por Estados Unidos e União Soviética.
“Fui vencido pela reação e, assim, deixo o governo (...). Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou me infamam, até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio, mesmo, que não manteria a própria paz pública.” Jânio Quadros, 25.08.1961, apud Maria Victoria Benevides. O governo Jânio Quadros. São Paulo: Brasiliense, 1982, p. 73.
O texto reproduz declaração de Jânio Quadros, no momento de sua renúncia à presidência da República. Essa renúncia deve ser analisada no contexto de:
um claro impasse econômico, provocado pela rejeição do pedido brasileiro de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional.
um golpe militar, que derrubou o presidente legalmente eleito e iniciou um longo período ditatorial.
um amplo apoio popular ao presidente, que retornou ao cargo poucos dias depois da declaração de renúncia.
uma grave crise política, que incluía conflitos entre o executivo e o legislativo e críticas à condução da política externa brasileira.
uma complexa articulação estratégica internacional, gerada pelo alinhamento político brasileiro com o bloco soviético.
“Com 237 milhões em 2010 (210 milhões em 2000, 140 milhões em 1980) a Indonésia se situa, pelo seu peso demográfico, na quarta posição [mundial] e na terceira posição entre os países em desenvolvimento depois da República Popular da China e da Índia. No Sudeste asiático, a Indonésia concentra 40% da população... [tudo isso] numa superfície de 1,9 milhões de km2.” (Atlas de pesca e dos portos de pesca de Java. Ministério dos Negócios Marítimos e da Pesca - República Indonesiana, 2005. p. 33)
Tendo em vista o perfil demográfico da Indonésia, pode ser dito que:
o país tem a terceira maior população absoluta entre os países em desenvolvimento, mas em termos de tamanho de população relativa ele ficaria atrás do Brasil, por exemplo.
a forte densidade demográfica da Indonésia a coloca também entre os países mais povoados do mundo, como vários países da Europa ocidental, por exemplo.
grandes populações em territórios insulares (do Japão e das Filipinas, por exemplo) são comuns e essa condição se explica pelo desenvolvimento que é, em muito, estimulado por essas condições ambientais.
esse perfil de muita densidade demográfica, se comparado aos EUA (país que tem população absoluta maior que a Indonésia), é uma marca que define os países pobres e em desenvolvimento.
o país é bastante povoado e, por ser um arquipélago, tem facilitada uma ocupação ampla de toda sua extensão, mais do que seria se o território fosse caracterizado por terras contíguas.
O levantamento de dados e de informações ambientais e socioculturais disponíveis sobre a Amazônia Costeira e Marinha parte da premissa que o litoral amazônico é um espaço vital de desenvolvimento socioambiental, considerando a densidade populacional da área, o fato de acolher 3 capitais da região amazônica – Macapá (AP), Belém (PA) e São Luis (MA) –, os conflitos socioeconômicos e ambientais, a importância das tradições culturais e dos recursos naturais e as singularidades dos fenômenos originados pelo encontro entre o rio Amazonas e o Oceano Atlântico. (Museu Paraense EMILIO GOELDI, In: http://marte.museugoeldi.br/pec/index.php?option=com_content&view=article&id=35&Itemid=5, acesso 22/05/2015)
Considerando as características geográficas da Amazônia Costeira e o descrito no texto, assinale a alternativa correta.
Conflitos e problemas ambientais na Amazônia são raros em sua zona costeira, pois nessa não existem questões de desmatamento nem problemas de poluição das águas, fato comum nas zonas de garimpo.
Respeito às tradições culturais não se harmoniza com a ideia de desenvolvimento socioambiental nessa área, pois este exige produtividade, algo que as práticas tradicionais, com seus métodos predadores, não contemplam.
O fato de haver capitais da Amazônia no litoral poderia ser mais difícil de equacionar nesse ambiente delicado, se essas cidades tivessem mais que 500 mil habitantes.
O encontro das águas do Rio Amazonas e de outros menores com o Atlântico produz fenômenos naturais de grande monta, como alteração dos leitos dos rios, dos ambientes circundantes, e tem sido objeto da economia turística existente.
Falar que um ambiente como a zona costeira amazônica deve ser objeto de desenvolvimento socioambiental não tem nada de particular, visto que o desenvolvimento em geral, atualmente, é pensado nesses termos.
“Do mesmo modo que a cidade era uma figura particular das sociedades rurais no mundo medieval, atualmente, as zonas rurais são figuras particulares do universo urbano, diferenciando-se por certos aspectos da cidade propriamente dita, mas tornando-se comparáveis pelos modos de vida de seus habitantes.” (Jacques LÉVY. Réinventer la France [Reinventar a França]. Paris: Fayard. 2013, p. 53)
Tendo como referência o trecho citado, sobre o mundo urbano contemporâneo (considerado também o Brasil), é correto afirmar que:
a modernização do campo via aportes tecnológicos (inclusive no Brasil), retirou as zonas rurais do isolamento e introduziu aí formas de vida de estilo urbano.
no Brasil não houve um modo de vida medieval e, por isso, não se pode dizer que tenhamos sido, no passado, uma sociedade rural, em que o urbano fosse uma exceção.
o avanço contemporâneo da urbanização intensificou o contraste campo-cidade, não havendo atualmente nada em comum no modo de vida dessas duas realidades.
a aproximação notada, no modo de vida, entre o urbano e o rural, atualmente, é uma realidade factível nos países desenvolvidos, mas ainda estranha para o Brasil, por exemplo.
a urbanização decresce em boa parte do mundo (inclusive no Brasil), porque no campo é possível desfrutar do modo de vida urbano sem as dificuldades das cidades.
Nosso planeta é marcado por grande diversidade geográfica e as diferenças permanecem sendo produzidas. Considerando as forças dessa dinâmica, os processos naturais e a ação humana, podemos dizer que:
por ter uma intensidade e escala menores, a ação humana, embora deva ser cada vez mais cuidadosa em relação às condições ambientais do planeta, não tem condições de perturbar os sistemas naturais mais abrangentes, como o clima e o ciclo hidrológico.
o sistema natural que mais gera diversidade no planeta encontra-se no âmbito da biosfera e é responsável pelas formações vegetais; essas por sua vez representam uma das condições naturais mais resistentes à perturbação provocada pela ação humana.
o tempo dos processos naturais é muito mais longo que o das ações humanas. Por exemplo, enquanto a abertura dos oceanos durou cerca de 200 milhões de anos, as ações humanas foram (e são) muito mais curtas e recentes.
o tempo de produção de uma grande metrópole não é um tempo longo apenas em referência às próprias temporalidades do humano; ele já pode ser considerado um tempo que começa a equivaler ao tempo dos processos naturais abrangentes.
o poder de transformação da superfície terrestre pelo ser humano tem a mesma escala que os processos naturais, além do que, os seres humanos atuam de forma mais intensa em escalas geográficas menores.
Observe a tabela com atenção:
Sobre as diferenças notórias no tempo de escolaridade dos habitantes da zona rural e das cidades no Brasil pode ser dito que:
A baixa escolarização das populações rurais explica a crise da agricultura moderna no Brasil, pois essa exige uma massa de trabalhadores mais preparada em termos educacionais.
O domínio de uma agricultura moderna no campo brasileiro é tão avassalador e lucrativo, que os envolvidos nessa atividade (proprietários, executivos, técnicos, trabalhadores etc.) têm preocupações menores com a escolarização.
O modo de vida urbano é o locus formador do próprio sistema de educação, o que torna natural uma escolaridade mais elevada de suas populações em relação à população rural.
A diferença relevante dos índices na faixa de mais anos de estudo favorável às populações urbanas se deve ao fato de que chegar ao ensino universitário é um privilégio das elites e elas estão, principalmente, nas cidades.
A baixa escolarização das populações rurais resulta do fato que no mundo rural existem poucas escolas e universidades, que preferencialmente procuram se localizar nas cidades, como no caso do ensino privado.