Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UDESC 2009. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Em 17 de março de 1872 pelo menos duas dezenas de escravos liderados pelo escravo chamado Bonifácio avançaram sobre José Moreira Veludo, proprietário da Casa de Comissões (lojas de venda e compra de escravos) em que se encontravam, e lhe meteram a lenha . Em depoimento à polícia, o escravo Gonçalo assim justificou o ataque: Tendo ido anteontem para a casa de Veludo para ser vendido foi convidado por Filomeno e outros para se associar com eles para matarem Veludo para não irem para a fazenda de café para onde tinham sido vendidos. (Apud: CHALHOUB, Sidney, 1990, p. 30 31)
Com base no caso citado acima e considerando o fato e a historiografia recente sobre os escravos e a escravidão no Brasil, é possível entender os escravos e a forma como se relacionavam com a escravidão da seguinte forma:
I - O escravo era uma coisa, ou seja, estava sujeito ao poder e ao domínio de seu proprietário. Privado de todo e qualquer direito, incapaz de agir com autonomia, o escravo era politicamente inexpressivo, expressando passivamente os significados sociais impostos pelo seu senhor.
II - Nem passivos e nem rebeldes valorosos e indomáveis, estudos recentes informam que os escravos eram capazes de se organizar e se contrapor por meio de brigas ou desordens àquilo que não consideravam justo , mesmo dentro do sistema escravista.
III - Incidentes, como no texto acima, denotam rebeldia e violência por parte dos escravos. O ataque ao Senhor Veludo, além de relevar o banditismo e a delinqüência dos escravos, só permite uma única interpretação: barbárie social.
IV - O tráfico interno no Brasil deslocava milhares de escravos de um lugar para outro. Na iminência de serem subitamente arrancados de seus locais de origem, da companhia de seus familiares e do trabalho com o qual estavam acostumados, muitos reagiram agredindo seus novos senhores, atacando os donos de Casas de Comissões, etc.
V - Pesquisas recentes sobre os escravos no Brasil trazem uma série de exemplos, como o texto citado acima, que se contrapõem e desconstroem mitos célebres da historiografia tradicional: que os escravos eram apenas peças econômicas, sem vontades que orientassem suas próprias ações.
Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
Somente as afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras.
Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
Todas as afirmativas são verdadeiras.
O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos: Primeiro Reinado (1822-1831); Regências (1831 1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais questões que marcaram esses momentos, assinale a alternativa incorreta.
A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo enfraquecimento do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil.
A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro Reinado foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I - que era português com os brasileiros.
A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I.
A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de D. Pedro I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade.
O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o reinado de Dom Pedro II, período marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas políticopartidárias entre liberais e conservadores, de outro.
O ano de 2008 assinala os duzentos anos da chegada da Família Real ao Brasil. Sobre isso assinale a alternativa correta.
A monarquia que chegava ao Brasil representava, em realidade, boa parte dos ideais da Revolução Francesa e do liberalismo europeu daquele período.
As motivações da vinda da Família Real para o Brasil estão relacionadas mais à realidade européia do período do que à idéia de desenvolvimento de um Brasil monárquico e posteriormente independente de Portugal.
Foi incentivada a manifestação pública de nossos problemas, seguindo as práticas liberais e laicas da monarquia portuguesa.
Chegando ao Brasil, o monarca trabalhou muito para a ampliação da cidadania.
A política de terras foi imediatamente implementada e, em 1810, o Brasil realizava sua primeira reforma agrária.
Sobre o Brasil Republicano, assinale a alternativa correta.
Na história política republicana brasileira não houve espaço para populismo.
Em 1937 houve a criação do Estado Democrático de Getúlio Vargas.
Durante o regime militar houve ampliação dos direitos individuais.
O autoritarismo foi uma característica importante da república brasileira, a exemplo da ditadura militar entre 1964 e 1985.
O voto deixou de ser obrigatório no Brasil republicano
Assinale a alternativa incorreta, sobre a industrialização.
Nunca houve na história um tipo de sociedade industrial que não fosse nomeada e produtivamente capitalista, ou seja, não há indústria em uma sociedade que não seja capitalista.
A industrialização se caracteriza pela produção em larga escala, localizada em estabelecimentos fabris, com uso de maquinaria e grande quantidade de mão-de obra, com o objetivo de atingir um mercado consumidor.
A industrialização é um processo, nesse sentido se relacionam as etapas anteriores de produção, como nas manufaturas dos séculos XV, XVI e XVII, nas quais já era possível notar algumas das características da industrialização.
A Inglaterra é considerada uma das nações pioneiras no processo de industrialização
O conceito de industrialização implica uma série de elementos específicos, como: as descobertas científicas e seu emprego nas atividades produtivas; uma combinação entre as atividades de produção e de consumo; o mercado; o contrato; a moeda como instituições que norteiam a troca entre produtores e consumidores, etc.
Sobre os movimentos que questionaram a dominação colonial na América portuguesa, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) paras as afirmativas falsas.
( ) A Inconfidência ou Conjuração Mineira (1789) reunia intelectuais, clérigos, advogados, mineradores, proprietários, militares, etc.; dentre outros objetivos, pretendia proclamar uma república em Minas Gerais.
( ) Os sentimentos de liberdade e independência dos inconfidentes de Minas Gerais foram alimentados pelos ideais iluministas e influenciados pela Independência dos EUA (1776). Mas nem chegaram a decretar a revolução, pois foram delatados por um dos seus companheiros.
( ) O movimento baiano (1798), também influenciado pelas idéias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa (1789), teve um caráter popular e contou com a participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos, mulatos e escravos.
( ) Os movimentos mineiro e baiano foram duramente reprimidos pelas autoridades portuguesas. Alguns conspiradores, sobretudo os mais poderosos, conseguiram se livrar das acusações ou receberam penas mais leves.
( ) No movimento mineiro, o único condenado à morte foi Tiradentes; e no movimento baiano, apenas os negros e os mulatos foram punidos com rigor, com quatro integrantes condenados à morte, executados e esquartejados, a exemplo de Tiradentes.
Assinale a alternativa que contém a seqüência correta, de cima para baixo.
V F V V F
V V F V V
F F V V F
F V F V V
V V V V V
Assinale a alternativa correta, em relação à chamada Primavera dos Povos .
A Primavera dos Povos não influenciou a formação dos movimentos sociais do Século XIX.
Foi uma revolução brasileira, mas que atingiu também outros países do Cone Sul.
Houve influência da Primavera dos Povos no Brasil através do movimento dos "Seringueiros" .
Atribuição colocada ao movimento revolucionário francês em 1848, que derrubou a monarquia de Luis Felipe e trouxe à discussão a exploração burguesa e a dominação política.
A influência da Primavera dos Povos se restringiu às preocupações francesas do período.
Entre as décadas de 1930 e 1950 é possível observar a emergência de regimes denominados populistas em diferentes países latino-americanos.
Sobre esses regimes na América Latina na primeira metade do século XX, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) paras as afirmativas falsas.
( ) Regimes populistas, de forma geral, podem ser definidos como governos fortes e centralizados sob o domínio de líderes reformistas, ao mesmo tempo autoritários e carismáticos, com grande apoio popular.
( ) Os principais representantes do populismo na America Latina são Evo Morales, na Bolívia; Hugo Chavez, na Venezuela; e Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil.
( ) Os principais representantes do populismo nesse período foram Getúlio Vargas, no Brasil; Lázaro Cárdenas, no México; e Juan Domingo Perón, na Argentina.
( ) No Brasil, por meio de forte propaganda política, promoção de grandes cerimônias públicas e da instituição de uma legislação social, Getúlio Vargas conseguiu fazer com que a maioria dos trabalhadores urbanos o identificasse como defensor das causas sociais e dos interesses nacionais.
( ) Os governos populistas da Argentina, do Brasil e do México investiram na reforma agrária em uma forte política de redistribuição de renda, iniciando um período de grande prosperidade e desenvolvimento social na América Latina.
Alguns historiadores identificam os períodos entre final do século XIX e a primeira década do século XX, como de importante crise política, econômica e social na capital do Estado de Santa Catarina. Dentre os fatos que marcaram a Capital neste período, caracterizados como de crise, podem-se citar os elencados abaixo, exceto:
A decadência do Porto e sua extinção.
Mudança nas relações de produção, com a extinção da escravidão.
A Proclamação da República Catarinense ou República Juliana como desdobramento da Revolução Farroupilha.
A disputa pelos novos cargos político administrativos que surgiram com a mudança do regime político: Monarquia para a República.
A Revolução de 1893 e a mudança do nome da cidade.
A implantação das colônias no Estado de Santa Catarina, dentre outros fatos, deu início ao processo de disputa pela terra entre colonos e populações nativas. Das leituras possíveis sobre essa história, a que se apresenta como incorreta na historiografia atual é:
Os colonos utilizavam armas de fogo para afugentar os indígenas, estes, por sua vez, também atacavam os colonos com as armas que possuíam. As disputas aumentavam em força e agressividade, marco disso foram as contratações dos serviços dos "bugreiros" para caçar e matar os indígenas nos próprios acampamentos.
Dentro de um quadro em que o nativo aparecia como selvagem, não civilizado, etc., as disputas pela terra que sustentaram o processo colonizador praticamente dizimaram as nações indígenas que viviam no interior do território catarinense.
O território que na atualidade se identifica como o Estado de Santa Catarina era coberto de floresta, com exceção do litoral e das áreas esparsas do planalto; o interior do território era ocupado quase tão somente pelas populações indígenas, até pelo menos meado do século XIX.
Por mais dura e cruel que possa parecer, a exterminação dos indígenas foi indispensável para o desenvolvimento do Estado de Santa Catarina. Sem os europeus que aqui chegaram, o Estado jamais teria adentrado no processo civilizador. Além disso, hoje há medidas compensatórias, além das demarcações de reservas para os índios, há as cotas universitárias.
Com a colonização aumentando a cada dia, mais terras eram requisitadas e mais florestas eram derrubadas com a intenção de transformá-las em propriedade agrícola, esse processo reduziu drasticamente a área da qual os indígenas dependiam para seu sustento, isso acirrou os embates. Era a luta pela sobrevivência.