Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFPR 2009. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, tem merecido atenção dos críticos literários há bem mais de um século. Identifique, entre os trechos de críticas literárias a seguir, quais se referem a essa obra.
1. Essa obra é, dos seus primeiros livros, o que mais possui o ar de modernidade a que se referiu Barreto Filho, “deslocando o interesse do acontecimento objetivo para o estudo dos caracteres”, na linha portanto do romance psicológico a que se entregaria definitivamente, rompendo com a tendência ao romanesco tão em voga. (Adaptado de: COUTINHO, Afrânio. Estudo Crítico. p. 26.)
2. Essa obra difere da maioria dos romances românticos, pois apresenta uma série de procedimentos que fogem ao padrão da prosa romântica. O protagonista não é herói nem vilão, mas um malandro simpático que leva uma vida de pessoa comum; não há idealização da mulher, da natureza ou do amor, sendo reais as situações retratadas; a linguagem se aproxima da jornalística, deixando de lado a excessiva metaforização que caracteriza a prosa romântica. (Adaptado de: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens, vol II, p. 182.)
3. [...] o distanciamento cronológico dessa obra é de poucos anos, o que autoriza classificá-la antes de novela de memórias que histórica. Donde o argumento, que o escritor ouviu de um colega do “Correio Mercantil”, de ostentar características de documento de uma fase histórica do Rio de Janeiro, porventura ainda vigente na altura em que a narrativa foi elaborada. Desse teor documental nasce o realismo que perpassa [...] toda a obra: um realismo instintivo, quase de reportagem social, a que faltam apenas arquitraves científicas para se transformar no Realismo ortodoxo da segunda metade do século XIX. (Adaptado de: MOISÉS, Massaud, A literatura brasileira através dos textos. p. 173.)
4. É supérfluo encarecer o valor documental da obra. A crítica sociológica já o fez com a devida minúcia. Essa obra nos dá, na verdade, um corte sincrônico da vida familiar brasileira nos meios urbanos em uma fase em que já se esboçava uma estrutura não mais puramente colonial, mas ainda longe do quadro industrial-burguês. E, como o autor conviveu de fato com o povo, o espelhamento foi distorcido apenas pelo ângulo da comicidade. Que é, de longa data, o viés pelo qual o artista vê o típico, e sobretudo o típico popular. (Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. p. 134.)
Referem-se à obra Memórias de um sargento de milícias os trechos:
1, 2 e 3 apenas.
2 e 4 apenas.
1 e 4 apenas.
2, 3 e 4 apenas.
1, 2, 3 e 4.
Dos trechos apresentados, os que se referem à obra Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, são o trecho 2, o 3 e o 4. Sendo assim, a resposta correta é a letra D - 2, 3 e 4.
O trecho 1 não se refere a esta obra, pois Memórias de um sargento de milícias destaca-se entre as primeiras produções românticas da literatura brasileira, apesar de fugir um pouco dos padrões por utilizar a linguagem das ruas e retratar a vida das classes média e baixa. Ao contrário do que o trecho afirma, sua linguagem era de estilo jornalístico: direto e objetivo.
Considere os seguintes fragmentos de análises de obras de autores brasileiros.
1. Visto de outro ângulo, há também nesse romance uma outra versão, realista e psicológica, dos “perfis de mulher” cultivados pelo romantismo. Não é só este, porém, na ficção de língua portuguesa, o primeiro “perfil feminino” tratado em profundidade, com uma argúcia rara, que não impede a simpatia compreensiva: é também o primeiro estudo menos incompleto de “psicologia do adolescente”. (Augusto Meyer)
2. Nesse romance o foco narrativo mostra a sua verdadeira força na medida em que é capaz de configurar o nível de consciência de um homem que, tendo conquistado a duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada toda a agressividade latente de um sistema de competição. O personagem principal cresceu e afirmou-se no clima da posse [...]. Tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance do desencontro fatal entre o universo do ter e o universo do ser, esse romance ficará na economia extrema de seus meios expressivos, como paradigma do romance psicológico e social da nossa literatura. (Alfredo Bosi)
3. Nesse romance, o autor veicula, a seu modo, por meio de seus personagens um dos mais explorados motivos da prosa literária – o triângulo amoroso. É, entretanto, pela fala do personagem-narrador que conhecemos os fatos, e é pelo filtro de sua visão que formamos o perfil psicológico de cada uma das personagens. (William Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães)
4. O seu maior romance é uma interpretação da vida e uma procura do tempo perdido. Munido de uma apurada técnica literária, ele vai iniciar a exploração da vida, olhada em resumo, do cimo desse planalto em que a velhice começa. O herói do romance nos relata de início como mandou reproduzir, peça por peça, em outro bairro, a antiga casa de Mata-cavalos, quieta, acolhedora, cheia de coisas velhas e consagradas pelo uso. (Barreto Filho)
Referem-se à obra Dom Casmurro os trechos:
2, e 4 apenas.
3 e 4 apenas.
1, 3 e 4 apenas.
A afirmativa correta para este exercício é a letra D, pois apenas as afirmativas 1, 3 e 4 referem-se à obra de Machado de Assis: Dom Casmurro.
Desta forma, a afirmativa 2 é a única que não se refere a Dom Casmurro. Vejamos o porquê:
Na afirmativa número 2, Alfredo Bosi afirma que “Nesse romance o foco narrativo mostra a sua verdadeira força na medida em que é capaz de configurar o nível de consciência de um homem que, tendo conquistado a duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada toda a agressividade latente de um sistema de competição. O personagem principal cresceu e afirmou-se no clima da posse [...]. Tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance do desencontro fatal entre o universo do ter e o universo do ser, esse romance ficará na economia extrema de seus meios expressivos, como paradigma do romance psicológico e social da nossa literatura”.
Esta afirmativa não poderia se referir a Dom Casmurro pois o romance é caracterizado exatamente por não deixar claro o nível de consciência do seu narrador, Bentinho, uma vez que desconhecemos quais das suas narrativas aconteceram verdadeiramente da forma como relata, e quais delas são devaneios e interpretações errôneas da personagem. A história narra sua vida familiar, social e amorosa, suas desventuras, sua entrada e saída do seminário, a traição que acredita ter acontecido entre sua amada e seu melhor amigo.
É um romance característicamente psicológico e aborda segundo a ótica realista a sociedade da época.
É incorreto ainda, afirmar que “o romance ficará na economia extrema de seus meios expressivos” uma vez que Dom Casmurro é dotado de diversos recursos literários recorrentes no Realismo como a ironia, a lógica e a intertextualidade por exemplo.
No ano 313 d.C., o imperador Constantino reconheceu o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, por meio do Édito de Milão. Sobre o cristianismo na Antiguidade, é INCORRETO afirmar:
Os primeiros cristãos sofreram grandes perseguições por motivos políticos.
Por serem politeístas, os romanos inicialmente resistiram em aceitar o monoteísmo cristão.
Durante a Antigüidade, ocorreram conversões ao cristianismo de muitos povos chamados “bárbaros”.
No início de sua formação, a Igreja Cristã baseou sua estrutura na organização do Império Romano, reproduzindo também sua divisão de poder.
A partir do Édito de Milão, ficou estabelecido que somente autoridades religiosas poderiam determinar os rumos da Igreja.
Sobre a sociedade do Ocidente Medieval, considere as afirmativas abaixo:
Assinale a alternativa correta.
Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
O patriarcalismo (...) caracteriza-se pela autoridade, imposta institucionalmente, do homem sobre a mulher e filhos no âmbito familiar. (CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 169. vol. II.)
Sobre esse tema, considere as seguintes afirmativas:
Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
Sobre o processo de formação dos estados-nação na Europa e o papel atribuído à escola nesse processo, considere as afirmativas abaixo:
Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras.
As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
Sobre o movimento do Contestado, ocorrido de 1912 a 1916, considere as afirmativas abaixo:
Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 5 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2, 4 e 5 são verdadeiras.
Considere o trecho abaixo, sobre a Guerra Fria:
(...) apesar da retórica apocalíptica de ambos os lados, mas sobretudo do lado americano, os governos das duas superpotências aceitaram a distribuição global de forças no fim da Segunda Guerra Mundial, que equivalia a um equilíbrio de poder desigual mas não contestado em sua essência. (HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX, 1995, p. 224.)
Sobre o tema, é correto afirmar:
Os EUA possuíam maior quantidade de países aliados, enquanto a influência da URSS era maior quanto à extensão territorial total, o que equilibrava suas forças.
Uma característica marcante da Guerra Fria é que, em termos objetivos, o perigo de ocorrer uma guerra mundial era mínimo, quase inexistente.
EUA e URSS respeitavam a orientação do Protocolo da ONU de não desenvolverem nem manterem arsenais nucleares durante a Guerra Fria.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, EUA e URSS firmaram um acordo, no sentido de não se atacarem mutuamente, nem aos aliados uns dos outros.
Durante a Guerra Fria, a propaganda foi pouco utilizada pelas duas superpotências como recurso para estabelecer limites nas ações do adversário.
Vários movimentos contrários à opressão colonial ocorreram nas Américas, sobretudo no século XIX, visando à independência em relação às metrópoles. Sobre esses movimentos, é correto afirmar:
A maioria deles fracassou, permanecendo os países submetidos às suas metrópoles, como colônias, até o século XX.
San Martín e Simón Bolívar foram líderes de movimentos de independência ocorridos na América Latina.
A Guerra dos Farrapos foi o principal movimento pela independência do Brasil em relação a Portugal.
Os movimentos de independência foram inspirados no exemplo das colônias africanas, que estavam tornando-se países independentes no século XIX.
Os movimentos de independência da América Latina foram determinantes na independência das colônias norteamericanas.