Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFPR 2017 - C. Gerais. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
O autor inicia o texto dizendo que o leitor de seu livro não é evidente, porque o tema por ele tratado, o futebol, é abordado de maneira incomum. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:
1. Os apaixonados pelo futebol anseiam há muito por uma abordagem sociológica do esporte. 2. Pensar o futebol do ponto de vista intelectual é algo muito comum num país em que esse esporte é o mais apreciado, e é esse tratamento que predomina hoje em jornais e revistas. 3. O livro aborda o futebol do ponto de vista cultural, intelectual, distanciando-se do tratamento do senso comum que impera em jornais e revistas. 4. Viver e pensar o futebol são coisas diferentes e independentes, mas é possível uma abordagem intelectual que agrade os dois tipos de espectador.
Assinale a alternativa correta.
Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
“Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com isso, o autor reconhece que:
1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja aquele permeado por admiração e paixão. 2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus pontos positivos e negativos. 3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver abordagens intelectualizadas do futebol, são torcedores fervorosos. 4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol na sua expressão cultural e, portanto, é o que congrega as características de leitor preferencial do livro.
Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
A respeito dos romances Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e Fogo Morto, de José Lins do Rego, assinale a alternativa correta.
Clara dos Anjos é um romance memorialístico, no qual os acontecimentos rememorados permitem compreender a origem da família da protagonista; Fogo Morto é um romance intimista que dá a conhecer a vida de um núcleo familiar aristocrático ao longo da década de 1930.
Os pontos de vista narrativos desses romances diferem um do outro, porque, em Clara dos Anjos, o narrador participa da trama como personagem, narrando acontecimentos de que participou, enquanto, em Fogo Morto, o narrador é onisciente, dedicando-se a investigar a alma dos personagens.
Nos dois romances, as mulheres pobres não recebem educação formal e são submetidas a uma rotina de violência familiar. Seu destino é o enlouquecimento, como acontece com Marta e Neném em Fogo Morto, ou a insubmissão, como acontece com Clara dos Anjos, que abandona a casa dos pais.
Nos dois romances, a cultura popular aparece representada pela música, que agrada a diferentes personagens: em Clara dos Anjos, a modinha aproxima Cassi Jones da família de Clara; em Fogo Morto, as histórias cantadas por José Passarinho ecoam o sofrimento dos personagens.
Nos dois romances, observa-se a geografia suburbana, com favelas construídas em torno da linha férrea, com aglomerados humanos miscigenados e também com o subemprego dos personagens, como o carteiro Joaquim dos Anjos e o seleiro José Amaro.
A respeito da obra teatral Os dois ou o inglês maquinista, de Martins Pena, é correto afirmar:
Por ser um texto teatral, do qual a figura do narrador é ausente, não há espaço na sua estrutura formal para descrição de ambientes ou de personagens.
As ações das personagens são mostradas ou relatadas na peça, mas seus pensamentos não, de modo que o leitor ou o espectador ignora quais terão sido suas emoções e reflexões.
As inovações técnicas apresentadas pelo inglês são bem recebidas pelos personagens brasileiros, que não emitem sinais de desconfiança, por admiração ao estrangeiro.
Por tratar de um tema tecnológico, a peça não conta com personagens femininas, já que as mulheres estavam desinteressadas do universo produtivo no século XIX.
A ação se passa num momento em que o tráfico de escravos já não era permitido, mas ainda assim sua venda ilegal é praticada e discutida na peça.
Considere o parágrafo abaixo, extraído do conto “D. Paula”, que integra a coletânea Várias Histórias, de Machado de Assis:
Já se entende que o outro Vasco, o antigo, também foi moço e amou. Amaram-se, fartaram-se um do outro, à sombra do casamento, durante alguns anos, e, como o vento que passa não guarda a palestra dos homens, não há meio de escrever aqui o que então se disse da aventura. A aventura acabou; foi uma sucessão de horas doces e amargas, de delícias, de lágrimas, de cóleras, de arroubos, drogas várias com que encheram a esta senhora a taça das paixões. D. Paula esgotou-a inteira e emborcou-a depois para não mais beber. A saciedade trouxe-lhe a abstinência, e com o tempo foi esta última fase que fez a opinião. Morreu-lhe o marido e foram vindo os anos. D. Paula era agora uma pessoa austera e pia, cheia de prestígio e consideração.
Sobre Várias Histórias, assinale a alternativa correta.
“D. Paula” e “Entre santos” distinguem-se tematicamente dos demais contos da coletânea por tratarem do adultério feminino, antecipando assim o tema do ciúme de maridos enganados, que apareceria no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O encantamento de um adolescente por D. Severina (no conto “Uns braços”) e a história revelada pela sobrinha à tia (em “D. Paula”) perturbam essas mulheres, por acenderem nelas, respectivamente, o desejo e a lembrança de sua realização.
Nos contos “A Cartomante” e “D. Paula”, o narrador onisciente apresenta em detalhes os acontecimentos passados, dando a conhecer os fatos e o julgamento social sobre eles, permitindo que o leitor antecipe os desdobramentos da trama.
Os personagens Evaristo (do conto “Mariana”) e D. Paula (do conto homônimo) lembram-se de episódios antigos de suas vidas afetivas. Referindo-se a esses episódios, os contos trazem digressões moralizantes a respeito das virtudes do casamento no século XIX.
Nos contos desse livro, a moral cristã do século XIX impele as mulheres a viverem “à sombra do casamento”, isto é, distantes de aventuras extraconjugais, satisfeitas com a vida de prestígio e consideração que o matrimônio lhes assegura.
Sobre o livro de poesia Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, considere as seguintes afirmativas:
1. A métrica em “I-Juca-Pirama” é variável e tem conexão com a progressão dos fatos narrados, o que permite dizer que o ritmo se ajusta às reviravoltas da narrativa. 2. “Leito de folhas verdes” e “Marabá” tematizam a miscigenação brasileira ao apresentarem dois casais inter-raciais. 3. A “Canção do Tamoyo” apresenta o relato de feitos heroicos específicos desse povo para exaltar a coragem humana. 4. O poema “Hagaar no deserto” recria um episódio bíblico e apresenta uma escrava escolhida por Deus para ser mãe de Ismael, o patriarca do povo árabe.
Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Com base na leitura integral do “Sermão de Santo Antonio aos peixes”, de Antonio Vieira, assinale a alternativa correta.
O texto se estrutura através de uma rede de analogias em que os peixes são equiparados à própria palavra de Deus.
A palavra de Deus é comparada ao sal da terra, mas nunca consegue fertilizá-la, porque falta à terra a leveza dos peixes.
Depois de ser lançado ao mar pelos homens, Santo Antonio foi reconduzido à praia pelos peixes, tornando-se exemplo da conduta cristã.
O sal da terra é a palavra de Cristo e, segundo a parábola citada no sermão, ele preferiu pregar para os peixes a pregar para os homens.
A terra, mesmo infértil, poderia ser melhor cultivada, caso houvesse pregadores que soubessem semear a boa palavra.
“E não gostavas de festa... / Ó velho, que festa grande / hoje te faria a gente”. Esses são os versos de abertura do poema “A Mesa”, parte integrante do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Neles podem ser identificados alguns elementos do poema, entre os quais o destinatário, um patriarca, a quem o eu-lírico se dirige ao longo de centenas de versos. A respeito de “A Mesa” e de sua integração com outros poemas do mesmo livro, assinale a alternativa correta.
Numa festa de aniversário, o eu-lírico reapresenta ao velho pai as pessoas da família. Tristes e nostálgicas, elas vão se dando conta de que o pai não as reconhece. É o que se observa nos versos: “Aqui sentou-se o mais velho” e “Mais adiante vês aquele / que de ti herdou a dura / vontade, o duro estoicismo”.
Na festa preparada para o pai, o eu-lírico observa a conversa barulhenta em torno da comida e, inutilmente, tenta calar seus parentes, que trazem à mesa assuntos triviais, perturbando a solenidade do reencontro. É o que se observa na repetição do verso “(não convém lembrar agora)”.
Por meio dos versos “Como pode nossa festa / ser de um só que não de dois? / Os dois ora estais reunidos / numa aliança bem maior / que o simples elo da terra”, o eu-lírico se dirige à mãe, convidando-a para se sentar à cabeceira da mesa, provocando uma discussão entre o pai autoritário e a mãe submissa.
Na memória do eu-lírico, o pai se refere aos filhos cinquentões como se eles fossem meninos. Embora sugira discordar do pai, o eu-lírico reconhece as contradições da condição de filho adulto nos versos “e o desejo muito simples / de pedir à mãe que cosa, / mais do que nossa camisa, nossa alma frouxa, rasgada”.
O soneto “Encontro” faz referência a um pai, mas, como o pai está morto (“Está morto, que importa? / Inda madruga / e seu rosto, nem triste nem risonho, / é o rosto antigo, o mesmo. E não enxuga / suor algum, na calma de meu sonho”), o filho só o encontra em sonho e na imaginação, diferentemente de “A mesa”.
Considere o seguinte extrato da declaração de independência haitiana:
Com base nesse fragmento e nos conhecimentos sobre o assunto, considere as seguintes afirmativas sobre a Revolução Haitiana (1791-1804) e seu significado para as independências americanas:
1. Antes de se chamar Haiti, a ilha se chamava Santo Domingo e estava sob domínio espanhol, sendo invadida pelos franceses a mando de Napoleão. 2. O Haiti foi a primeira república das Américas a se libertar da dominação europeia e abolir a escravidão. 3. A particularidade da revolução haitiana é que foi dirigida por escravos, libertos e mulatos e inspirada nos princípios que os próprios franceses teriam levantado durante sua revolução. 4. A revolução haitiana contou com o apoio de escravos e libertos da colônia espanhola de Cuba.
Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Considere o seguinte trecho do discurso de Nehru durante a conferência de Bandung em 1955:
Hoje, no mundo, devo sugerir, não somente por causa da presença desses dois colossos, mas também em função da chegada da era atômica e da bomba de hidrogênio, os próprios conceitos de guerra, de paz, de política, mudaram. Pensamos e agimos nos termos da era passada. [...] Agora não faz diferença se um país é mais poderoso do que outro no uso da bomba atômica ou da de hidrogênio. Um é mais poderoso em sua ruína do que o outro. Isso quer dizer que o ponto de saturação foi alcançado. Se um país é poderoso, o outro também é […]. Se há agressão em algum lugar do mundo, isso é o limite que resulta em guerra mundial. Não importa de onde parta a agressão. Se um comete agressão, há guerra mundial. (Tradução de trecho do discurso do Primeiro-Ministro indiano Nehru na Conferência de Bandung. Disponível em: <http://sourcebooks.fordham .edu/halsall/mod/1955nehru-bandung2.html>. Acesso: 30 de agosto de 2016.)
Na conferência realizada em Bandung, na Indonésia, de 18 a 24 de abril de 1955, os países afro-asiáticos participantes acordaram uma série de medidas políticas, econômicas e culturais. De acordo com esse trecho e com os conhecimentos sobre o período de descolonização afro-asiática, assinale a alternativa que apresenta alguns acordos resultantes desse encontro.
A conferência condenou o racismo e o colonialismo como formas de opressão que atentam contra os direitos humanos contidos na carta das Nações Unidas; defendeu a autodeterminação dos povos e uma política de não alinhamento perante a polarização que enfrentava o mundo pós-guerra.
A conferência manteve uma política de não alinhamento perante o conflito da Palestina, assim como exigiu a participação de cada nação em um dos blocos em formação durante o período como forma de sair do subdesenvolvimento e da dependência.
A conferência acordou respeitar as políticas de direitos humanos de cada país mediante um acordo de não interferência e de não alinhamento, garantindo a autodeterminação política e econômica dos blocos em formação.
Cada país participante manifestou sua orientação política em relação aos blocos em formação, exigindo o respeito a suas diferenças culturais e à preferência em relação ao modelo de desenvolvimento econômico que cada um escolheu. Tudo isso foi possível pelo acordo de não alinhamento assinado por todos.
Para a conferência, os acordos de intercâmbio econômico e cultural foram prioritários na perspectiva de sair da dependência e promover a autodeterminação política.