Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFPR 2018 - C. Gerais. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
Sobre as funções reais identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
F – V – F – F.
V – V – F – V.
V – F – V – F.
F – V – V – F.
V – F – F – V.
A probabilidade de se vencer uma partida de certo jogo é de 10%. Quantas partidas devem ser jogadas em sequência para que a probabilidade de que haja vitória em pelo menos uma delas seja superior a 99%? Se necessário, use log(3) = 0,477.
10.
20.
22.
30.
44.
Considere o seguinte texto:
O que a ação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e do Departamento de Imprensa e Propaganda deixa claro é que o Estado Novo, a partir de 1942/3, engajou-se em um importante esforço político de fortalecimento de sua estrutura sindical corporativa. Se até os anos 40 não causara espécie ao governo o esvaziamento sindical, a partir desse momento sua estratégia e objetivos foram reordenados pela tentativa de consolidação de um verdadeiro pacto social com a classe trabalhadora. A promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho em 1º de maio de 1943, a criação e as atividades da Comissão Técnica de Orientação Sindical e os reajustes do salário mínimo (Decretos-Leis n.º 5.977 e n.º 5.978, ambos de 1943) são algumas iniciativas que atestam a importância do novo front que se abria para o regime. Dessa forma, se em seu formato político o Estado Novo não se sustentava mais – se a “democracia autoritária” era inviável dentro da nova situação internacional e nacional –, o impacto ideológico de um projeto governamental centrado na mitologia do trabalho e do trabalhador tinha desdobramentos mais complexos. (GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: FGV, 2015, p. 265.)
Levando em consideração o contexto desenvolvido no excerto, assinale a alternativa correta.
Nesse momento, o Estado Novo demonstrou interesse em construir sistemas sindicais menos autônomos, com a intenção de proteger a recém-criada Consolidação das Leis do Trabalho e evitar reformas produzidas por grupos representantes das elites urbanas e rurais.
Os problemas da conjuntura internacional do período descrito pela autora são relativos ao não reconhecimento oficial do governo fascista de Franco pelo Estado brasileiro, assim como a certa antipatia pelo modelo da Alemanha nazista, o que permitiu proteger a nacionalização de grandes indústrias de base no Brasil.
A “democracia autoritária” foi uma expressão cunhada por Gustavo Capanema em 1937 e utilizada pelo Estado Novo para definir a construção das políticas públicas que beneficiavam os trabalhadores economicamente, mas que enfraqueciam os poderes políticos dessa classe social.
Graças à utilização do imaginário do trabalhismo e à promulgação de todos os novos suportes aos trabalhadores, somadas ao ataque promovido contra certos grupos sociais, como estrangeiros, anarquistas, comunistas e mendigos, entre outros, o Estado Novo conseguiu fôlego extra e pode continuar existindo mesmo no pós-guerra.
A movimentação dos trabalhadores em 1945 foi representada por um movimento social denominado “queremismo”, que colocou a população na rua por estar insatisfeita com as políticas do Estado Novo. Os queremistas, por sua vez, foram altamente repreendidos pelo Departamento de Imprensa e Propaganda. Mesmo assim obtiveram sucesso, derrubando Vargas e dando origem a um novo partido político, o PDT.
Leia o seguinte excerto da intelectual e ativista Angela Davis:
A prova das forças acumuladas que as mulheres negras forjaram por meio de trabalho, trabalho e mais trabalho pode ser encontrada nas contribuições de muitas líderes importantes que surgiram no interior da comunidade negra. Harriet Tubman, Sojourner Truth, Ida Wells e Rosa Parks não são mulheres negras excepcionais, na medida em que são epítomes da condição da mulher negra. As mulheres negras, entretanto, pagaram um preço alto pelas forças que adquiriram e pela relativa independência de que gozavam. Embora raramente tenham sido “apenas donas de casa”, elas sempre realizaram tarefas domésticas. (DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 5253-5259 [kindle edition].)
A respeito do movimento dos Direitos Civis nos EUA, considere as seguintes afirmativas:
1. A célebre Marcha sobre Washington para o Trabalho e Liberdade de 1963 foi marcada pela participação importante de mulheres negras com um discurso que privilegiava o papel dos negros em relação aos brancos. 2. A participação feminina nas marchas, boicotes e manifestações de rua que marcaram a década de 1960 nos EUA teve como demanda principal a igualdade de gênero. 3. Rosa Parks aparece no excerto acima graças a duas questões. A primeira, pelo fato de ser uma mulher comum negra, que tinha a sua dupla atribuição de trabalho. A segunda, especificamente por ocupar esse papel é que seu ato de desobediência civil foi mais impactante que o de outras lideranças. 4. A relativa independência das mulheres negras provém de problemas da condição de risco em que viviam seus companheiros homens, uma vez que era muito comum o fato de eles serem encarcerados ou sofrerem outros tipos de violência. Nesse sentido, a independência das mulheres negras nos EUA era sintoma da desigualdade entre negros e brancos.
Assinale a alternativa correta.
Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Leia o texto a seguir:
Foi a República Romana que primeiro uniu a grande propriedade agrícola com a escravidão em grupos no interior em maior escala. O advento da escravidão como um modo de produção organizado inaugurou – como na Grécia – a fase clássica que distinguia a civilização romana, o apogeu de seu poder e de sua cultura. Mas enquanto na Grécia isso havia coincidido com a estabilização da pequena agricultura e de um compacto corpo de cidadãos, em Roma foi sistematizado por uma aristocracia urbana a qual já gozava de um domínio social e econômico sobre a cidade. O resultado foi a nova instituição rural do latifundium escravo extensivo. A mão de obra para as enormes explorações que emergiam do século III a.C. em diante era abastecida pela espetacular série de campanhas que deu a Roma o poder sobre o mundo mediterrâneo. (ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 58.)
Tendo como alvo a República Romana, assinale a alternativa correta.
A desestruturação agrária em Roma, que estabeleceu sistemas de latifúndios, beneficiou os grupos empobrecidos, uma vez que estes podiam abandonar o campo e se estabelecer em cidades.
As guerras constantes ajudaram as classes dominantes da Roma republicana a desviar a atenção dos problemas fundiários derivados do latifundium nos séculos seguintes.
Foi por meio da intervenção dos irmãos Graco que o problema da reforma agrária foi resolvido no século II, pois os poderes políticos foram transplantados ao senado e, assim, Roma viu mais um século de paz.
Os tribunos da plebe tiveram um papel importante no processo da reforma agrária romana, possibilitando a transformação do modo de vida de maneira a permitir que todo pequeno agricultor transformasse sua propriedade em um Domus.
O domínio social e econômico das cidades provinha de delicada relação entre a manutenção de sistemas agrários em que a mão de obra escrava era aproveitada de forma esporádica e a utilização ocasional de grandes extensões de terra.
É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o mundo novo uma só nação com um só vínculo, que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que tem uma mesma origem, uma mesma língua, mesmos costumes e uma religião, deveria, por conseguinte, ter um só governo que confederasse os diferentes Estados que haverão de formar-se [...]. (Fonte: <http://www.iela.ufsc.br/noticia/sim%C3%B3n-bol%C3%ADvar-e-carta-da-jamaica>. Acesso em: 06 agosto 2017.)
Considerando o extrato da “Carta de Jamaica”, de Simón Bolívar, e com base nos conhecimentos sobre as independências na América espanhola, assinale a alternativa correta.
Os movimentos de independência na América espanhola foram impulsionados pela tentativa de invasão napoleônica no Haiti recém-libertado. A Carta de Jamaica foi o documento que fundamentou esses movimentos.
Os movimentos de independência foram liderados por mestiços e escravos que ansiavam conseguir a liberdade expulsando os espanhóis. Aproveitando a ausência do rei Fernando VII, encarcerado por Napoleão, Bolívar escreveu a carta na Jamaica, chamando todas as colônias a se unirem para formar uma grande federação contra a coroa espanhola.
Simón Bolívar foi o grande artífice das independências da América espanhola. Seu carisma e poder de mando permitiram unir todos os movimentos em uma grande frente libertadora, que começou na Argentina em 1816 e chegou até a Colômbia em 1821.
O projeto de Simón Bolívar era tornar as colônias governadas pela Espanha em uma grande confederação de estados nos moldes das colônias americanas do Norte, porém as diferenças entre alguns líderes no interior do movimento anticolonial não viam com bons olhos esse projeto.
A Carta de Jamaica foi a primeira declaração de independência das colônias espanholas. Escrita no formato da declaração de independência haitiana, declarava o fim da escravidão nas colônias e a expulsão dos peninsulares das terras americanas.
Leia o texto abaixo:
[...] O quilombo aparecia onde quer que a escravidão surgisse. Não era simples manifestação tópica. Muitas vezes, surpreende pela capacidade de organização, pela resistência que oferece; destruído parcialmente dezenas de vezes e novamente aparecendo, em outros locais, plantando a sua roça, constituindo suas casas, reorganizando a sua vida social e estabelecendo novos sistemas de defesa. O quilombo não foi, portanto, apenas um fenômeno esporádico. Constituía-se em fato normal dentro da sociedade escravista. Era reação organizada de combate a uma forma de trabalho contra a qual se voltava o próprio sujeito que a sustentava. (MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala. Editora Conquista, Rio de Janeiro, 1972, p. 87.)
A respeito da história dos quilombos no Brasil, considere as seguintes afirmativas:
1. Foi uma forma de organização dos escravos libertos, que não encontraram lugar na sociedade brasileira pós-abolição. 2. O quilombo marcou sua presença durante todo o período escravista, existindo praticamente em toda a extensão do território nacional. 3. Sua estrutura social respondia a uma lógica particularmente militar, que visava desestabilizar a estrutura social dos senhores de escravos. 4. A quilombolagem se constituiu na unidade básica de resistência, fruto das contradições estruturais do sistema escravista, e sua dinâmica refletia a negação desse sistema.
Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Para muitos pesquisadores, é correto assinalar que durante a Idade Média foram os árabes, não os cristãos, os herdeiros e sucessores da ciência helênica, uma herança que fez com que toda a extensão dos seus domínios, da Espanha ao Afeganistão, o mundo muçulmano, fosse cenário de uma atividade intelectual intensa, não só em filosofia, mas também em matemática, astronomia e medicina. Nem sempre conhecida ou traduzida no Ocidente, essa produção está preservada em uma grande quantidade de manuscritos. (BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe. A civilização árabe-islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, p. 36.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre o mundo muçulmano na Idade Média, assinale a alternativa correta.
Foi justamente em função do seu caráter religioso fragmentado que o mundo muçulmano e a sua civilização distinguiram-se mais vigorosamente do Ocidente cristão, fortemente homogêneo. A existência, no seio do Império Muçulmano, de numerosas tendências religiosas teve consequências consideráveis na produção de manuscritos.
Apesar da sua hegemonia nas ciências durante o período medieval, a civilização muçulmana era, afinal, um simples conjunto díspar de empréstimos culturais, o qual não conseguia refletir o novo universalismo e a nova ordem social que se instaurou com o surgimento do Islã.
Durante esse período, cidades como Córdoba, Bagdá e Alexandria, entre outras, se tornaram centros de intercâmbio de conhecimentos. Tratava-se de um circuito cosmopolita do qual a Europa, periférica e tragada por diversas crises religiosas, não participou.
A Idade Média foi um período caraterizado pelo domínio efetivo, militar e político, dos países muçulmanos sobre os países cristãos. Um domínio caracterizado, entre outras coisas, pela presença hegemônica da língua árabe nos espaços comerciais, políticos e acadêmicos da Europa.
Existe consenso entre a maioria dos historiadores que estudam o período de que a emergência do horizonte renascentista deve muito ao trabalho dos sábios e acadêmicos muçulmanos, conhecidos pelo mundo cristão, sobretudo, através da Península Ibérica.
[...] as reuniões de Trotsky no Circo Moderno representam apenas uma das múltiplas faces da massa. Há uma foto perturbadora do 1º de Maio em Moscou, na futura Praça Vermelha, em frente ao Kremlin. Numa espécie de cruzamento cronológico, a multidão revolucionária – uma mistura de tropas, soldados a cavalo, passeatas operárias – adquire um perfil familiar, o da coreografia tradicional do socialismo real. Somente a ausência de tanques, de uma tribuna de apparatchiks [o alto escalão do PC] e de grandes retratos de Lenin e Stalin pendurados nas fachadas dos edifícios nos lembra que tudo isso ainda está por vir. O czarismo celebrou sua glória nesse mesmo lugar. A revolução apropria-se dele, muda seu significado, mas a geometria das passeatas que o permeiam revela de súbito a imagem do futuro e, ao mesmo tempo, a força de um atavismo histórico que inegavelmente insere o ano de 1917, contra a sua vontade, num longo período [...]. (LÖWY, Michel. Revoluções. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 158.)
Com relação à Revolução Russa de 1917 e seus desdobramentos políticos na construção da URSS e em outras nações, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) A recepção do acontecimento da Revolução Russa no Brasil foi amplamente favorável. Vários periódicos brasileiros de grande circulação lançaram notas em apoio à Revolução Bolchevique, criando assim uma prolífica imprensa engajada. ( ) O ano de 1917 dá início a um processo que transformou o mundo, sendo chamado por um importante analista de “utopia concreta”. Entretanto, os períodos que se seguem na construção do socialismo histórico apresentaram um universo militarizado e autoritário, que, por fim, revelou uma longa e trágica história de abusos e violências. ( ) Embora o fim da URSS tenha ocorrido após os eventos que vão de 1989, com a queda do muro de Berlim, até dezembro de 1991, com o golpe de estado que derrubou Gorbatchev, a URSS teve outro momento de grande abalo por volta de 1956, quando vieram a público os crimes de estado do período de Stalin. ( ) O período em que Stalin esteve no controle da URSS foi de abertura política, graças à intercessão de Trotsky, que estabeleceu uma rede de contatos em todo o mundo, incluindo figuras como o muralista Diego Rivera e a pintora Frida Kahlo.
F – F – V – V.
F – F – V – F.
Considere a seguinte imagem:
(Fotografia P&B. Domingo de julho de 1917. Operários em frente à Sociedade Protetora dos Operários. Acervo Casa da Memória, Curitiba.)
Sobre a questão operária e a Greve Geral de 1917, mostrada na imagem, assinale a alternativa correta.
O operariado brasileiro era composto majoritariamente por homens maiores de 21 anos, uma vez que o trabalho infantil e o feminino haviam sido abolidos após os conflitos da Revolta da Vacina.
As greves gerais no Brasil tiveram relativa aderência popular, uma vez que o povo brasileiro primava por manter a ordem e evitar o que os governantes chamavam de “excessos”.
Durante a Primeira República, a frase “a questão social é um caso de polícia” tornou-se um mote da ação do governo; afinal, ela resumia a preocupação das elites políticas com o descaso com que eram tratados os trabalhadores.
Existem diversos debates na História que discutem as tendências políticas dos participantes e, principalmente, das lideranças da greve de 1917, mas é comum defini-la como uma greve de tendências anarco-sindicais.
A participação do Partido Comunista brasileiro foi fundamental na articulação dos trabalhadores no ano de 1917. Sem essa instituição, não seria possível organizar um movimento em nível nacional.