Selecionamos as questões mais relevantes da prova de vestibular UFRGS 2018. Confira! * Obs.: a ordem e número das questões aqui não são iguais às da prova original.
No bloco superior abaixo, estão listados os títulos dos romances de Carolina Maria de Jesus e de Clarice Lispector; no inferior, trechos desses romances.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - Quarto de despejo
2 - A hora da estrela
( ) Ela me incomoda tanto que fiquei oco. Estou oco desta moça. E ela tanto mais me incomoda quanto menos reclama. [...] Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? Já sei: amando meu cão que tem mais comida do que a moça. Por que ela não reage? Cadê um pouco de fibra? Não, ela é doce e obediente.
( ) Achei um saco de fubá no lixo e trouxe para dar ao porco. Eu já estou tão habituada com as latas de lixo, que não sei passar por elas sem ver o que há dentro. [...] Ontem eu li aquela fábula da rã e a vaca. Tenho a impressão que sou rã. Queria crescer até ficar do tamanho da vaca.
( ) A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro.
( ) “Una Furtiva Lacrima” fora a única coisa belíssima na sua vida. [...] Era a primeira vez que chorava,não sabia que tinha tanta água nos olhos. [...] Não chorava por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era “assim”. Mas também creio que chorava porque, através da música, adivinhava talvez que havia outros modos de sentir.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
1 – 2 – 2 – 1.
2 – 1 – 1 – 2.
2 – 1 – 2 – 1.
1 – 2 – 1 – 2.
1 – 1 – 2 – 2.
Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações.
( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua rotina de fome e violência através da escrita.
( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto.
( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva.
( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias de hoje.
F – V – F – F.
V – F – V – V.
V – F – F – V.
V – V – V – F.
F – V – V – V.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas dos trechos abaixo, adaptados de A horada estrela, de Clarice Lispector.
Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar as palavras que vos sustentam. A história – determino com falso livre-arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, ........ . Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade. Assim é que experimentarei contra os meus hábitos uma história com começo, meio e “gran finale” seguido de silêncio e de chuva caindo. [...] ........ trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de “operário”e sim de “metalúrgico”. ........ ficava contente com a posição social dele porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos de um salário mínimo. Mas eles eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe.
Rodrigo S. M. – Olímpico de Jesus – Macabéa
Raimundo Silveira – Rodrigo S. M. – Macabéa
Clarice Lispector – Olímpico de Jesus – Macabéa
Rodrigo S. M. – Olímpico de Jesus – Carlota
Raimundo Silveira – Rodrigo S. M. – Glória
No bloco superior abaixo, estão listados os títulos de alguns contos do livro Morangos mofados, de Caio Fernando Abreu; no inferior, aspectos e/ou temas relacionados aos contos.
1 - Pela passagem de uma grande dor
2 - Além do ponto
3 - Os companheiros (Uma história embaraçada)
4 - Luz e sombra
5 - Pera, uva ou maçã?
( ) Amigos reúnem-se em ambiente sombrio, que é invadido por morcegos.
( ) Narrador apresenta uma conversa telefônica entre um amigo e uma amiga.
( ) Psicanalista narra as sessões com uma paciente, que ocorrem todas as segundas e quintas, às 17h.
( ) Narrador, caminhando na chuva, conta sua angústia e sua expectativa em direção ao encontro de outro sujeito.
4 – 1 – 5 – 2.
2 – 4 – 5 – 3.
1 – 3 – 2 – 5.
5 – 2 – 3 – 1.
3 – 1 – 5 – 2.
Leia o poema “Um dia, de repente”, escrito pela poeta porto-alegrense Lara de Lemos(1923-2010).
Um dia, de repente,
arrastam-nos à força
para um lugar incerto.
desnudam-nos impudica/
mente.
é o duro frio
do escuro catre.
somos apenas um ser vivo:
verme ou gente?
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I - O poema recupera o episódio de encarceramento, ocorrido com Lara de Lemos, durante a ditadura civil-militar no Brasil.
II - O poema é construído na primeira pessoa do plural, reforçando a solidariedade do sujeito lírico com todos que viveram a mesma situação.
III- A repetição de “Um dia, de repente” revive a arbitrariedade das prisões e da tortura.
Quais estão corretas?
Apenas I.
Apenas II.
Apenas I e III.
Apenas II e III.
I, II e III.
Leia a crônica Ovo frito, de Rubem Alves (1933-2014).
Gosto muito de ovo. Ovo frito. Ovo escaldado, com pão torrado. Coisa boba, o fato é que comecei a pensar sobre as razões por que gosto de ovo. Lembrei-me... Meu pai era viajante. Passava a semana fora de casa. Voltava às sextas-feiras, no trem das oito. Noite escura, o trem das oito vinha apitando na curva, resfolegando de cansado, expelindo enxames de vespas vermelhas, chamuscava uma paineira, entrava na reta, passava a dez metros da nossa casa, todos nós estávamos lá, o pai com a cabeça de fora, sorrindo, e todos corríamos para a estação. Ele vinha com fome e sujo. Água quente não havia. Mas não tinha importância. Da leitura do Evangelho havíamos aprendido de Jesus, no lava-pés, que quem está com os pés limpos tem o corpo inteiro limpo. A coisa, então, era lavar os pés. E esse era o costume geral lá em Minas. Minha mãe esquentava água no fogão de lenha, punha numa bacia e eu lavava os pés do meu pai. Depois de limpo, ele se assentava à mesa e o que tinha para comer era sempre a mesma coisa: arroz, feijão, molho de tomate e cebola, ovo frito e pão. Ele me punha assentado ao joelho e comia junto. Ah, como é gostoso comer pão ensopado no molho de tomate, pão lambuzado no amarelo mole do ovo! Era um momento de felicidade. Nunca me esqueci. Acho que quando enfio o pão no amarelo mole do ovo eu volto àquela cena da minha infância. Os poetas, somente os poetas, sabem que um ovo é muito mais que um ovo...
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre a crônica.
( ) Defende a importância de comer ovos.
( ) Relata que o trem em que o pai chegava trazia também criadores de vespas.
( ) Mostra que lavar os pés antes das refeições era um hábito importante, quase sagrado.
( ) Apresenta a memória como elemento essencial para a literatura.
V – V – F – F.
V – V – V – V.
F – F – V – V.
F – V – F – V.
F – F – V – F.
Assinale a alternativa correta sobre o romance Diário da queda, de Michel Laub.
O romance apresenta estrutura de diário com datas e locais precisos.
O narrador pertence a uma família de tradição judaica, o que marca fortemente sua relação como pai e sua concepção de mundo.
O narrador conta sua experiência de estudar em uma escola não judaica, onde conhece João, que se torna seu melhor amigo.
O acidente que acontece com João, na festa de aniversário de 13 anos do narrador, marca a vida de ambos.
A mãe do narrador é uma vaga lembrança, pois ela morreu antes dos 40 anos.
Considere as seguintes afirmações sobre o romance Diário da queda, de Michel Laub.
I - O diário escrito pelo narrador desdobra-se em três confissões geracionais: memórias do avô, do pai e do filho.
II - O título do romance permite múltiplas interpretações da palavra “queda”: o suicídio do avô, o incidente com João, o alcoolismo do narrador, a doença do pai.
III - Os acontecimentos históricos da Shoah marcam a trajetória e o relato do narrador, apontando para a complexidade da tradição judaica.
Assinale a alternativa correta sobre o romance a máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe.
Antônio Silva, aos 84 anos, narra a própria história, com precisão e linearidade.
Antônio, após a morte da esposa Laura, é internado em um lar para idosos, ao qual se adapta rapidamente.
A relação de Antônio com os filhos, Ricardo e Elisa, estreita-se depois da morte de Laura.
Um incêndio no andar de cima fecha o Lar da Feliz Idade temporariamente.
Antônio cria, com Pereira, Cristiano Silva, Anísio Franco, João Esteves e Américo Setembro, laços de amizade e companheirismo.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o romance a máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe.
( ) O pano de fundo histórico da narrativa é a ditadura salazarista, que durou quatro décadas em Portugal.
( ) O Lar da Feliz Idade presentifica o tema da velhice, em uma sociedade que busca a longevidade, mas não sabe o que fazer com os velhos.
( ) O romance dialoga com obras de autores portugueses, como Fernando Pessoa e José Saramago.
( ) Antônio Silva constrói a própria narrativa, sugerindo, por vezes, estar escrevendo um livro.
V – V – F – V.
V – F – V – F.